g. 72
ANÁLISE DA PREOCUPAÇÃO EXCESSIVA
EM INDIVÍDUOS COM ALTO QI: UMA
ABORDAGEM NEUROCIENTÍFICA E
GENÔMICA
ANALYSIS OF EXCESSIVE WORRY IN INDIVIDUALS
WITH HIGH IQ: A NEUROSCIENTIFIC AND GENOMIC
APPROACH
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
Califórnia University FCE, Portugal
Flávio Henrique dos Santos Nascimento
Bacharel em medicina pela UFCG , UFPI, Brasil
Roselene Espírito Santo Wagner
Logos University International, Brasil
Carlos Ernesto dos Reis Lima
Universidade Federal Fluminense, Brasil
Andrea de Matos Melo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ, Brasil
Lincol Nunes Cruz
Investigador independente, Brasil
pág. 73
DOI: https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v8i3.11176
Análise da Preocupação Excessiva em Indivíduos com Alto QI: Uma
Abordagem Neurocientífica e Genômica
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues1
deabreu.fabiano@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-5487-5852
Pós-Phd em Neurociências - Califórnia
University FCE
Aveiro Portugal
Flávio Henrique dos Santos Nascimento
flaviodonascimento@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0007-3760-2936
Bacharel em medicina pela UFCG, com
residência médica em psiquiatria pela UFPI
Piauí Brasil
Roselene Espírito Santo Wagner
leninhaespiritosanto@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0004-0704-2534
PhD em Neurociências Logos University
International
pesquisadora na Logos University
International
Florianópolis-SC - Brasil
Carlos Ernesto dos Reis Lima
carlos.saudejoinville@gmail.com
https://orcid.org/0009-0002-2928-8418
Mestre em Saúde e Meio-Ambiente -
Universidade da Região de Joinville.
Médico - Universidade Federal Fluminense.
Santa Catarina, Brasil
Andrea de Matos Melo
andreamelo@andreamelo.com.br
https://orcid.org/0009-0007-5259-7231
Doutorado Dentística, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Brasil Rio de Janeiro
Lincol Nunes Cruz
lincoln@lincolnn.com
https://orcid.org/0009-0008-7916-4062
Escritor, empresário e especialista em
performance
Investigador independente
Rio Grande do Sul - Brasil
RESUMO
Este estudo analisa a prevalência e as causas do excesso de preocupação entre indivíduos de alto
QI. Focando em membros de sociedades e grupos dedicados a pessoas superdotadas, como o
Gifted, o estudo emprega métodos de revisão bibliográfica e enquetes aplicadas a três diferentes
grupos Gifted, com integrantes de várias nacionalidades. O objetivo é compreender em
profundidade as dinâmicas e características únicas da preocupação em pessoas com elevada
capacidade intelectual, explorando aspectos neurobiológicos e genéticos. A pesquisa visa
determinar se existe uma tendência real ao excesso de preocupação em pessoas de alto QI e
identificar as possíveis razões subjacentes a essa condição.
Palavras-chave: Alto QI, Preocupação excessiva, Sociedades de alto QI, Grupos Gifted, Revisão
bibliográfica, Enquetes, Mecanismos neurobiológicos, Genética, Dinâmicas de preocupação,
Superdotação
1
Autor principal
Correspondencia: deabreu.fabiano@hotmail.com
pág. 74
Analysis of Excessive Worry in Individuals with High IQ: A
Neuroscientific and Genomic Approach
ABSTRACT
This study examines the prevalence and causes of excessive worry among high IQ individuals.
Focusing on members of societies and groups dedicated to gifted individuals, such as Gifted
groups, the study utilizes methods of literature review and surveys applied to three different Gifted
groups with members from various nationalities. The aim is to deeply understand the dynamics
and unique characteristics of worry in people with high intellectual capacity, exploring
neurobiological and genetic aspects. The research seeks to determine if there is a real tendency
towards excessive worry among high IQ individuals and to identify the possible underlying
reasons for this condition.
Keywords: High IQ, Excessive worry, High IQ societies, Gifted groups, Literature review,
Surveys, Neurobiological mechanisms, Genetics, Dynamics of worry, Giftedness
Artículo recibido 03 abril 2024
Aceptado para publicación: 06 mayo 2024
pág. 75
INTRODUÇÃO
Indivíduos com alto QI (QI superior a 130) apresentam características singulares que os
distinguem da população em geral. Uma delas é a tendência ao pensamento profundo e à análise
complexa, que pode levar a um estado de preocupação excessiva. Este artigo visa explorar essa
relação através das neurociências e genômica, buscando compreender as raízes dessa
predisposição e seus impactos na vida das pessoas com alto QI.
Desvendando as Causas da Preocupação Excessiva em indivíduos de alto QI
A neurociência contemporânea avança na decodificação dos substratos neurais implicados na
propensão para preocupações exacerbadas observadas em indivíduos com coeficiente intelectual
superior. Em particular, a amígdala, um nódulo crucial no circuito límbico, desempenha um papel
preponderante no processamento de afetos primários, tais como o temor e a ansiedade. Pesquisas
neuroimagiológicas revelam uma correlação positiva entre a elevada quociente de inteligência
(QI) e uma intensificação da atividade amigdalar, sugerindo que tal hiperatividade pode predispor
esses indivíduos a uma maior suscetibilidade para interpretações adversas de estímulos
ambientais e a uma tendência para a ruminação de cogitações ansiosas. Este fenômeno sugere
uma interação complexa entre a capacidade cognitiva elevada e a vulnerabilidade emocional,
evidenciando uma intricada rede de reações neurobiológicas (Adolphs, R., Tranel, D., Damasio,
H., & Damasio, A. 1994).
O estudo de Freeston, Dugas e Ladouceur (1996) investiga a composição cognitiva da
preocupação, focando na predominância de pensamentos verbais sobre imagens mentais. A
pesquisa revelou que indivíduos que se preocupam excessivamente tendem a utilizar mais
pensamentos verbais do que imagens visuais quando preocupados. Além disso, comparativamente
aos preocupadores comuns, os preocupadores excessivos relataram uma maior proporção de
pensamentos em suas preocupações, sugerindo que o uso predominante de pensamentos pode
contribuir para a manutenção e intensificação da preocupação.
O estudo realizado por Freeston, Dugas e Ladouceur em 1996 investiga a natureza da
preocupação, sugerindo que ela é predominantemente um processo verbal-linguístico. Os autores
descobriram que pessoas que se preocupam de forma excessiva utilizam mais pensamentos
pág. 76
verbais em vez de imagens visuais durante a preocupação. Isso indica que a preocupação pode
estar ligada a um processamento cognitivo mais intenso, que é frequentemente observado em
indivíduos com alto QI. A pesquisa ressalta a relevância de entender os mecanismos verbais na
gênese da preocupação, o que pode auxiliar na compreensão e no tratamento de transtornos
relacionados à ansiedade.
O estudo de Stöber e Joormann (2001) analisa as interações entre preocupação, procrastinação e
perfeccionismo. Os resultados indicam que indivíduos com alto QI podem ter maior propensão à
procrastinação e perfeccionismo, ambos associados a níveis elevados de preocupação. A pesquisa
destaca que as características de perfeccionismo, especialmente a preocupação excessiva com
erros e dúvidas, estão significativamente relacionadas à procrastinação. Essa associação sugere
que o perfeccionismo pode não apenas influenciar a procrastinação diretamente, mas também
através de mecanismos de preocupação, configurando um ciclo que pode impactar negativamente
a eficiência e bem-estar de indivíduos com alto QI.
O estudo conduzido por Servaas, Riese, Ormel e Aleman em 2014 investiga os correlatos neurais
da preocupação e sua associação com o neuroticismo. A pesquisa se aprofunda no entendimento
de como indivíduos com níveis elevados de neuroticismo, uma característica muitas vezes
vinculada à alta sensibilidade a estímulos tanto internos quanto externos, processam a
preocupação em termos neurais. Isso é especialmente relevante para pessoas com alto QI, que
podem apresentar uma predisposição a uma maior neuroticidade devido à sua capacidade de
processamento profundo e sensível.
O estudo utilizou imagens por ressonância magnética funcional (fMRI) para examinar a atividade
cerebral enquanto os participantes respondiam a estímulos que induziam a preocupação. Os
resultados ajudam a esclarecer quais áreas do cérebro são mais ativas em pessoas que possuem
uma disposição elevada ao neuroticismo e como isso afeta sua tendência à preocupação.
O estudo de Servaas et al. (2014) investigou os correlatos neurais da preocupação associada ao
neuroticismo e identificou a ativação em áreas específicas do cérebro relacionadas ao
processamento emocional e autopercepção. As áreas que mostraram maior atividade durante a
preocupação em indivíduos com alto neuroticismo incluem:
pág. 77
Córtex cingulado anterior (ACC): Esta região é conhecida por seu papel na regulação
emocional e no processamento de erros. A ativação do ACC sugere que pessoas com alto
neuroticismo podem ter uma maior vigilância e resposta a percepções de ameaça ou erro.
Ínsula: A ínsula está envolvida na percepção interoceptiva e na regulação emocional. A ativação
dessa região indica uma maior conscientização e resposta às emoções e estados internos, o que é
característico em pessoas com altos níveis de preocupação e neuroticismo.
Estruturas do córtex pré-frontal: Incluindo regiões como o córtex pré-frontal dorsolateral
(DLPFC), que está associado ao controle cognitivo e à regulação emocional. A ativação nessas
áreas sugere um esforço aumentado para controlar ou regular pensamentos ansiosos.
O neuroticismo está fortemente associado à preocupação excessiva, caracterizada por
pensamentos intrusivos e ruminativos negativos. Indivíduos com alto QI podem ter um
processamento cognitivo mais profundo, o que pode levar a maior análise de situações e maior
probabilidade de identificar problemas potenciais, alimentando a preocupação.
Aprofundamento nas Dinâmicas Neurais da Preocupação em Indivíduos de Alto QI
O estudo das intersecções entre elevado coeficiente intelectual (QI) e preocupação excessiva tem
revelado uma complexa rede de correlações neurobiológicas e psicológicas. Indivíduos com alto
QI frequentemente demonstram uma atividade cerebral diferenciada que pode predispor a uma
maior incidência de ansiedade e preocupações excessivas. Esta revisão aborda as regiões cerebrais
envolvidas, com uma análise detalhada da sua funcionalidade e da inter-relação com o alto QI.
Amígdala e a Hipervigilância Emocional
A amígdala, central no processamento de emoções como medo e ansiedade, mostra uma atividade
aumentada em indivíduos com alto QI. Este aumento pode facilitar a interpretação
excessivamente negativa de estímulos ambientais, levando a uma ruminação contínua. Este
mecanismo é considerado um dos pilares da predisposição para a ansiedade em pessoas com
elevadas capacidades cognitivas, sugerindo que a habilidade de processar rapidamente e com
grande detalhe as informações ambientais pode inadvertidamente amplificar as respostas
emocionais negativas (Meeten et al., 2016).
pág. 78
Córtex Pré-frontal e Controle Cognitivo:
O córtex pré-frontal, responsável por funções executivas como planejamento e tomada de
decisões, tem um papel ambíguo em indivíduos de alto QI. Apesar de sua capacidade avançada
para o processamento e análise crítica, estudos indicam que durante episódios de preocupação,
pode ocorrer uma redução na sua atividade, o que dificulta a interrupção de pensamentos
negativos e ruminação.
A pesquisa de Smith, E. E. et al. (2016), revela que a preocupação afeta a lateralização da
atividade cerebral frontal, encontrando em indivíduos com preocupações elevadas maior
atividade frontal esquerda do que direita, diferentemente de indivíduos com ansiedade elevada,
que exibem mais atividade direita. A região frontal lateral esquerda do cérebro geralmente refere-
se ao córtex pré-frontal, particularmente ao córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC). Esta sub-
região está envolvida em várias funções executivas, incluindo planejamento, tomada de decisão,
raciocínio abstrato, atenção, memória de trabalho e regulação das emoções. A relação entre o
córtex pré-frontal lateral esquerdo e indivíduos com alto QI é complexa, envolvendo tanto
aspectos de capacidade cognitiva superior quanto desafios potenciais na gestão da ansiedade e da
emoção.
Estudos têm mostrado que indivíduos com QI elevado frequentemente demonstram uma maior
eficiência neural nesta área, o que pode estar relacionado à sua habilidade aprimorada de processar
e manipular informações complexas. Por exemplo, a atividade aumentada ou mais eficiente no
DLPFC foi associada a melhor desempenho em tarefas que requerem raciocínio lógico e
capacidade analítica, características frequentemente observadas em pessoas com alto QI. Além
disso, pesquisas indicam que o córtex pré-frontal, especialmente o DLPFC, está envolvido na
regulação da ansiedade e da ruminação, que podem ser mais prevalentes em indivíduos com alto
QI. Essas pessoas podem utilizar intensamente esta região do cérebro para controlar e moderar
suas respostas emocionais e cognitivas a estímulos estressantes ou preocupações, o que por vezes
pode contribuir para a manifestação de ansiedade elevada se a regulação não for eficaz.
pág. 79
Hipocampo, Memória e Emoção
O hipocampo, envolvido na formação de memórias e no processamento emocional, pode
contribuir para a perpetuação de memórias negativas em indivíduos com alto QI. Disfunções ou
hiperatividade nesta região podem facilitar a ruminação, a qual é frequentemente alimentada por
memórias precisas e detalhadas, característica comum em pessoas com elevada capacidade
intelectual.
O estudo de Coplan, J. et al. (2018), analisa a correlação neurometabólica entre o hipocampo e o
córtex pré-frontal dorsolateral em pacientes com TAG, associando-a tanto à sensibilidade à
ansiedade quanto à inteligência, sugerindo que preocupação e QI podem compartilhar um
substrato neurometabólico comum, embora de maneira inversa em relação à preocupação. Isso
significa que enquanto alguns aspectos da atividade neurometabólica podem ser compartilhados
entre alto QI e preocupação, eles podem operar de maneira inversa ou diferenciada dependendo
do contexto patológico, como em indivíduos com TAG. Indivíduos com alto QI podem
experimentar processos de pensamento mais profundos ou complexos, o que potencialmente
poderia levar a maior preocupação ou ruminação
Córtex Cingulado Anterior e Monitoramento de Erros:
Esta região cerebral é essencial para o monitoramento de erros e regulação da atenção. Em
indivíduos com alto QI, alterações funcionais no córtex cingulado anterior podem resultar em
uma sensibilidade aumentada a possíveis ameaças ou erros, contribuindo para a ansiedade e
preocupação crônica.
O estudo "Ativação do córtex cingulado anterior em sujeitos com alta ansiedade de traço está
relacionada à alteração no processamento de erros durante a tomada de decisão" investiga como
a ativação do córtex cingulado anterior (ACC) está relacionada ao processamento de erros em
indivíduos com alta ansiedade de traço. Os resultados indicam que, em situações de baixa
probabilidade de erro, a ativação no ACC é significativamente maior em sujeitos altamente
ansiosos, sugerindo uma maior alocação de recursos de processamento para tomada de decisões,
mesmo quando o risco de erro é menor. Este mecanismo pode contribuir para a ansiedade e
preocupação crônica observadas em pessoas com alto QI, visto que a alta sensibilidade a possíveis
pág. 80
erros ou ameaças é característica desse grupo (Paulus, M., Feinstein, J. S., Simmons, A., & Stein,
M. 2004).
Ínsula e a Percepção Interoceptiva
A ínsula, que auxilia na regulação das emoções e na percepção interoceptiva, pode ser
particularmente reativa em pessoas com alto QI, levando à amplificação das sensações corporais
que são frequentemente interpretadas negativamente, exacerbando a experiência da ansiedade
(Harrison, O., 2021).
Um estudo que explora o papel da ínsula em funções cognitivas e emocionais em um contexto
mais amplo é "Saliency, switching, attention and control: a network model of insula function" por
Menon e Uddin (2010). Este estudo propõe um modelo de rede no qual a ínsula, especialmente a
divisão anterior, desempenha um papel crítico no controle cognitivo de alto nível e nos processos
atencionais. Este modelo pode ser relevante para indivíduos de alto QI, pois sugere que a ínsula
é fundamental na mediação de interações dinâmicas entre redes cerebrais orientadas para a
atenção externa e a cognição interna ou relacionada ao self, o que poderia estar relacionado à
capacidade desses indivíduos para processar e reagir a estímulos complexos. O estudo "The
influence of high worry on static and dynamic insular functional connectivity" investiga a relação
entre a preocupação excessiva e a funcionalidade da ínsula.
O estudo descobriu que a preocupação elevada está associada a um aumento na conectividade
funcional estática entre a ínsula ventral anterior e o lobo parietal inferior, mas uma redução na
conectividade funcional dinâmica entre a ínsula posterior direita e o lobo parietal inferior em
indivíduos propensos à preocupação. Esses achados sugerem que a ínsula desempenha um papel
fundamental na modulação das sensações corporais e da experiência emocional em resposta à
preocupação, amplificando potencialmente as sensações que são frequentemente interpretadas
negativamente, o que pode exacerbar a ansiedade e a preocupação.
Genética e Predisposição à Preocupação
Serotonin transporter and BDNF polymorphisms interact to predict trait worry
(Bredemeier et al., 2014): Este estudo identifica uma interação entre polimorfismos no
transportador de serotonina (5-HTTLPR) e no fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF),
pág. 81
que influencia os níveis de preocupação. Esses resultados sugerem que certas variantes genéticas
podem predispor indivíduos, inclusive aqueles com alto QI, a uma maior propensão à preocupação
e ansiedade.
A polymorphism in mitochondrial DNA associated with IQ (Skuder et al., 1995): Este estudo
revela uma associação entre um polimorfismo no DNA mitocondrial e o QI, sugerindo que
variações genéticas podem influenciar não apenas a inteligência mas também outros traços
psicológicos associados, como a ansiedade e a preocupão.
Estratégias para Lidar com a Preocupação Excessiva
Existem diversas estratégias que podem ajudar os indivíduos com alto QI a lidar com a
preocupação excessiva, como:
Terapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ser particularmente
útil para identificar e modificar pensamentos negativos e padrões de comportamento
ansiosos.
Técnicas de relaxamento: Técnicas como meditação, yoga e respiração
profunda podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade.
Mindfulness: O mindfulness pode ajudar a aumentar a consciência do momento
presente e reduzir a ruminação de pensamentos negativos.
Exercícios físicos: A prática regular de exercícios físicos pode ajudar a melhorar
o humor e reduzir os sintomas de ansiedade.
Grupos de apoio: Grupos de apoio para indivíduos com alto QI podem oferecer
um espaço seguro para compartilhar experiências e receber apoio mútuo.
METODOLOGIA
Coleta de Dados
Para investigar as nuances emocionais associadas ao alto QI, conduziu-se uma enquete com 50
indivíduos pertencentes ao grupo Gifted, composto por pessoas membros de sociedades de alto
QI. A enquete foi projetada para avaliar a intensidade da preocupação experimentada pelos
participantes em diversas situações, classificando-a em quatro níveis: leve, moderado, alto e
extremamente alto.
pág. 82
Instrumento de Pesquisa
O instrumento utilizado na enquete foi elaborado com o objetivo de captar de maneira eficaz a
variação nos níveis de preocupação entre os participantes. A classificação em múltiplos níveis
permitiu uma análise detalhada e granular do estado emocional dos indivíduos superdotados.
Procedimento de Aplicação
A enquete foi administrada pelo WhatsApp. O design da enquete priorizou a clareza e a concisão,
visando otimizar a precisão das respostas e maximizar a taxa de participação.
Análise dos Resultados
Os dados obtidos através da enquete foram analisados para identificar padrões de preocupação
em relação aos diferentes níveis de QI. Esta análise é crucial para compreender se indivíduos com
alto QI tendem a experienciar veis mais elevados de preocupação comparativamente à
população geral.
O resultado da enquete corrobora com o estudo, tendo uma maioria com nível alto como pode
ser visto no gráfico.
pág. 83
DISCUSSÃO
Evidências demonstram que pessoas com maiores pontuações no QI verbal podem apresentar
maiores níveis de preocupação. Essa convergência de dados sugere que a preocupação excessiva
pode estar ligada à capacidade verbal aprimorada, caracterizando-se por um processamento
cognitivo verbal-linguístico intensificado.
O estudo de Stöber e Joormann (2001) explora como preocupação, procrastinação e
perfeccionismo estão interligados, especialmente em indivíduos com alto QI. Eles descobrem que
a preocupação exacerbada pode levar à procrastinação, principalmente devido ao medo de o
alcançar padrões perfeccionistas. Este padrão sugere que mesmo pessoas com alta capacidade
intelectual podem enfrentar desafios significativos em produtividade e bem-estar psicológico
devido à sua propensão a adiar tarefas e fixar-se em detalhes.
O estudo de Servaas, Riese, Ormel e Aleman (2014) explora as bases neurais da preocupação e
sua ligação com o neuroticismo, destacando como pessoas com alta sensibilidade a estímulos e
elevado neuroticismo processam preocupações no cérebro. Este aspecto é particularmente
relevante para indivíduos com alto QI, que tendem a ter uma capacidade acentuada de
processamento e podem ser mais propensos ao neuroticismo. Utilizando ressonância magnética
funcional (fMRI), a pesquisa identificou áreas cerebrais com atividade intensificada durante
estados de preocupação em pessoas altamente neuróticas, fornecendo insights sobre como o
neuroticismo influencia a preocupação.
A preocupação excessiva em indivíduos com alto QI se caracteriza por um complexo
entrelaçamento de intensos processos cognitivos e emocionais exacerbados, impactando
profundamente o cotidiano. Central a esta dinâmica está a ruminação, que aprisiona o indivíduo
em ciclos repetitivos de pensamentos negativos. A busca obsessiva pela perfeição e uma
sensibilidade aguda à crítica social intensificam a ansiedade e inibem interações sociais saudáveis.
Além disso, o futuro, que deveria ser uma fonte de esperança, torna-se um campo minado de
medos e indecisões, alimentando um estado constante de hipervigilância e uma incapacidade de
relaxar.
pág. 84
Do ponto de vista neurocientífico, estas manifestações podem ser atribuídas a uma atividade
exacerbada da amígdala, que intensifica o processamento de medo e ansiedade, e a desequilíbrios
nos sistemas neurotransmissores de dopamina e serotonina, responsáveis pela regulação do humor
e pela resposta ao estresse. A disfunção no córtex pré-frontal dorsolateral, que afeta a tomada de
decisão e a regulação da atenção, contribui para a indecisão crônica e a dificuldade de desengajar
de preocupações.
O papel da genética e dos fatores ambientais também é significativo, influenciando a
predisposição e a intensidade desses traços, enquanto intervenções como a terapia cognitivo-
comportamental e mudanças de estilo de vida oferecem caminhos potenciais para mitigar esses
efeitos. Este entendimento compreensivo requer uma abordagem multidisciplinar para tratar
eficazmente a preocupação excessiva e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
Os resultados da enquete descrita na metodologia são discutidos em relação à literatura existente
sobre as características psicológicas e emocionais associadas ao alto QI. A interpretação dos
dados busca explorar como a superdotação pode influenciar as respostas emocionais dos
indivíduos, especialmente em contextos que demandam alto desempenho cognitivo e emocional.
Considerações Finais
Os estudos indicam que pessoas com maiores pontuações no QI verbal podem ter mais
preocupações, pessoas que se preocupam de forma excessiva utilizam mais pensamentos verbais
em vez de imagens visuais durante a preocupação.
Destacamos neste estudo a interconexão entre preocupação, perfeccionismo e procrastinação em
indivíduos com alto QI. Revelando que a preocupação excessiva, associada a altos padrões
perfeccionistas, pode levar à procrastinação, afetando negativamente a produtividade e o bem-
estar.
O neuroticismo foi analisado como uma relação da preocupação excessiva em pessoas de alto QI.
Utilizando fMRI para identificar regiões cerebrais ativas em pessoas com alto neuroticismo, foi
revelado áreas-chave como o córtex cingulado anterior e a ínsula, os resultados enfatizam a
necessidade de abordagens terapêuticas direcionadas para gerenciar efetivamente a preocupação
e o neuroticismo em indivíduos suscetíveis, especialmente aqueles com alto QI.
pág. 85
Nas considerações finais do artigo, é evidente que indivíduos de alto QI podem exibir níveis
elevados de preocupação devido a características específicas de sua atividade cerebral. A
amígdala, associada ao processamento emocional, mostra atividade aumentada em pessoas com
alto QI, levando a interpretações excessivamente negativas e à ruminação. O córtex pré-frontal,
crucial para o controle cognitivo, durante momentos de preocupão, pode não conseguir
interromper pensamentos negativos eficazmente, ampliando a ruminação. Adicionalmente, a
atividade do hipocampo pode intensificar a fixação em memórias negativas, enquanto o córtex
cingulado anterior, responsável pelo monitoramento de erros, potencializa a percepção de
ameaças, aumentando a ansiedade. Por fim, a ínsula, que regula emoções e percebe estados
internos, quando hiperativa, pode exacerbar sensações corporais negativas. Essas dinâmicas
neurobiológicas explicam por que um alto QI o confere vantagens cognitivas mas também
predisposições para preocupações excessivas, destacando um vínculo intrincado entre
capacidades intelectuais avançadas e sensibilidade emocional.
Declaração de Contribuições: Rodrigues, F. A. A. foi o idealizador, dono e criador do conceito,
escreveu e revisou o manuscrito. Orientou a equipe na coleta de dados e revisou o manuscrito.
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