g. 129
A MENTE INSACIÁVEL: POR QUE
PESSOAS COM ALTO QI ANSEIAM POR
NOVIDADES?
THE INSATIABLE MIND: WHY DO PEOPLE WITH HIGH
IQS CRAVE NEWNESS?
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
Califórnia University FCE, Portugal
Elodia Avila
Universidad de São Paulo USP, Brasil
Flávio Henrique dos Santos Nascimento
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Brasil
Luiza Oliveira Zappalá
Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais , Brasil
Luiz Fellipe Gonçalves de Carvalho
Universidade de Chicago, Brasil
Vanessa Schmitz Bulcão
Investigador Independente, Brasil
Vanessa Schmitz Bulcão
Universidade da Região de Joinville, Universidade Federal Fluminense, Brasil
pág. 130
DOI: https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v8i3.11182
A Mente Insaciável: Por Que Pessoas com Alto QI Anseiam por
Novidades?
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues1
deabreu.fabiano@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-5487-5852
Pós-Phd em Neurociências - Califórnia
University FCE
Aveiro Portugal
Elodia Avila
elidiaavila@gmail.com
Formada em medicina pela USP
Especialista em Cirurgia Plástica
São Paulo - Brasil
Flávio Henrique dos Santos Nascimento
flaviodonascimento@hotmail.com
https://orcid.org/0009-0007-3760-2936
Bacharel em medicina pela Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG), com
residência médica em psiquiatria pela UFPI
Piauí Brasil
Luiza Oliveira Zappa
luizaozappala@gmail.com
https://orcid.org/0009-0008-7809-9676
Estudante na Faculdade Mineira de Direito
da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (FMD - PUC Minas)
Minas Gerais - Brasil
Luiz Fellipe Gonçalves de Carvalho
fellipecarvalho@hotmail.com
Mestre em Ciências Sociais pela
Universidade de Chicago
Distrito Federal - Brasil
Vanessa Schmitz Bulcão
psicologovanessabulcao@gmail.com
https://orcid.org/0009-0001-0737-8159
Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde
Investigador Independente
Porto- Portugal
Carlos Ernesto dos Reis Lima
carlos.saudejoinville@gmail.com
https://orcid.org/0009-0002-2928-8418
Mestre em Saúde e Meio-Ambiente -
Universidade da Região de Joinville.
Médico - Universidade Federal Fluminense.
Santa Catarina, Brasil
1
Autor principal
Correspondencia: deabreu.fabiano@hotmail.com
pág. 131
RESUMO
Este estudo visa validar a ideia de que a busca por novidades por pessoas com alto QI, ou
superdotados, transcende a personalidade ou inteligência moldada por esta. O anseio por
novidades é identificado como uma necessidade biológica, um ciclo virtuoso além da vontade. A
pesquisa destaca que os traços comportamentais e de personalidade são consequências dessa
necessidade intrínseca, cuja insatisfação pode levar a desânimo ou depressão temporária.
Palavras-chave: Alto QI, Superdotados, Necessidade Biológica, Ciclo Virtuoso, Personalidade,
Comportamento, Novidades, Depressão Momentânea, Busca pelo novo
pág. 132
The Insatiable Mind: Why Do People with High IQs Crave Newness?
ABSTRACT
This study aims to validate the idea that the pursuit of novelty by individuals with high IQ, or
gifted individuals, transcends personality or intelligence shaped by it. The longing for novelty is
identified as a biological necessity, a virtuous cycle beyond mere will. The research highlights
that behavioral and personality traits are consequences of this intrinsic need, whose dissatisfaction
can lead to temporary discouragement or depression.
Keywords: High IQ, Gifted, Biological Necessity, Virtuous Cycle, Personality, Behavior, Novelty,
Temporary Depression, Pursuit of the New
pág. 133
INTRODUÇÃO
Indivíduos com elevado Quociente de Inteligência (QI) apresentam estruturas cerebrais mais
robustas, com neurônios, glias, dendritos e axônios prolongados, resultando em conexões
sinápticas potencialmente mais fortes, influenciadas por genes que promovem a produção de
substâncias relacionadas.
Dessa perspectiva neurobiológica, compreende-se logicamente a intensa curiosidade dessas
pessoas em busca de mais informações. Os traços comportamentais observados o manifestações
de uma necessidade orgânica intrínseca. Existe uma demanda biológica para a formação de
engramas de memória, satisfazendo a exigência genética e as sínteses necessárias.
A aquisição de novas informações implica um esforço neuronal significativo, diferenciando-se
das informações previamente assimiladas. Uma analogia pertinente seria considerar um carro em
uma estrada: passar repetidamente por um trecho pode deixar uma marca de pneu menos
expressiva, enquanto frear nesse mesmo trecho resulta em uma marca intensa, assemelhando-se
ao engrama de memória.
A busca incessante pelo novo reflete, assim, a necessidade orgânica de moldar engramas de
memória, revelando um traço de personalidade curiosa que se torna um ciclo inextricável na busca
por novas experiências e aprendizados. Este entendimento, fundamentado em teorias e
publicações científicas, enriquece nossa compreensão sobre a interligação entre a biologia
cerebral e os comportamentos observados em indivíduos com alto QI.
Comprovando o conceito através de revisão bibliográfica
A procura incessante por conhecimento e experiências inéditas, é um fenômeno observado
comumente em indivíduos portadores de um Quociente de Inteligência elevado. A propensão para
a novidade, frequentemente relegada ao status de mera curiosidade, é intrinsecamente ancorada
em substratos biológicos específicos, conforme demonstrado em diversos estudos.
Estudos neuroanatômicos têm demonstrado correlações estatísticas significativas entre a
morfologia cerebral e a capacidade cognitiva, com ênfase na densidade de espinhas dendríticas
nos neurônios do córtex pré-frontal e uma maior robustez das células gliais, indicando uma
propensão neurofisiológica para o processamento cognitivo avançado (Thompson, 2005). Além
pág. 134
disso, as análises genômicas amplas sugerem que a inteligência, considerada altamente
hereditária, é influenciada por loci genéticos associados a variáveis como desenvolvimento do
sistema nervoso e estrutura sináptica (Savage et al., 2018).
A contribuição do gene CHRM2, associado ao sistema colinérgico neurotransmissor, fornece
evidências adicionais sobre a interação gene-cérebro-cognição, corroborando a tese de que a
inteligência não se manifesta unicamente como uma rie de aptidões mentais isoladas, mas como
um conglomerado de capacidades interativas e interdependentes (Dick et al., 2007).
A heritabilidade da inteligência, variando de aproximadamente 20% na infância para mais de 80%
na vida adulta, reforça a noção de que a predisposição genética desempenha um papel cada vez
mais preponderante no desenvolvimento cognitivo ao longo do ciclo de vida humano (Plomin &
Deary, 2014).
Finalmente, Goriounova e Mansvelder (2019) apresentam um panorama abrangente, destacando
genes específicos e populações celulares cerebrais associadas à inteligência, evidenciando uma
relação direta entre a funcionalidade neural e a busca intelectual incessante.
Indivíduos com elevada capacidade intelectual, quantificada através do Quociente de Inteligência
(QI), apresentam notáveis diferenças neuroanatômicas em comparação com a média
populacional, conforme elucidado por investigações contemporâneas em neuroimagem e genética
comportamental. Estruturas cerebrais robustas em indivíduos com alto QI caracterizam-se pela
ampliação de neurônios, células da glia, dendritos e axônios, culminando em conexões sinápticas
fortalecidas. Esta configuração neurofisiológica é influenciada por variantes genéticas que
modulam a produção de neurotrofinas e outros biomarcadores correlatos.
A arquitetura cerebral diferenciada proporciona uma base neurobiológica para a intensificação da
curiosidade intelectual e da procura contínua por novos conhecimentos. Esta disposição para a
novidade transcende a mera curiosidade, refletindo uma necessidade orgânica intrínseca para a
formação e consolidação de engramas de memória. A constante interação entre predisposição
genética e exigências ambientais facilita a emergência de um ciclo virtuoso de aprendizado e
aquisição de informações.
pág. 135
Concretamente, a assimilação de novos dados desencadeia um significativo esforço neuronal.
Essa demanda diferencia-se da reutilização de informações previamente internalizadas, um
processo comparável à dinâmica de tráfego rodoviário, onde repetidas passagens sobre um mesmo
trecho de estrada geram marcas menos expressivas comparativamente ao impacto de uma
frenagem abrupta, análoga à formação de engramas de memória robustos.
Portanto, a incessante busca pelo novo, inerente a indivíduos com elevado QI, reflete uma
necessidade biológica para moldar e reforçar engramas de memória. Este fenômeno, embasado
em sólidos fundamentos teóricos e evidências científicas, enriquece o entendimento da
interconexão entre a biologia cerebral e os padrões comportamentais distintos observados nesse
grupo demográfico.
A necessidade de estimulação cognitiva em indivíduos com alto QI pode ser explicada pela teoria
do enriquecimento ambiental, que postula que ambientes estimulantes são essenciais para o
desenvolvimento e manutenção de habilidades cognitivas superiores. Esta teoria é corroborada
por estudos demonstrando que o enriquecimento ambiental potencializa a neurogênese e a
plasticidade sináptica (Rampon et al., 2000).
Em síntese, a busca incessante por novidades em pessoas com alto QI pode ser interpretada como
um reflexo de uma complexa interação entre estruturas cerebrais aprimoradas, predisposições
genéticas e a necessidade intrínseca de estimulação e enriquecimento ambiental. Este
entendimento amplia nosso conhecimento sobre a inter-relação entre a biologia cerebral e os
comportamentos observados em indivíduos com alta capacidade intelectual.
O ciclo virtuoso da busca por novidades
A busca incessante por novidades, um fenômeno frequentemente observado em indivíduos com
elevadas capacidades cognitivas, constitui um ciclo virtuoso que fomenta o desenvolvimento
intelectual. Essa propensão para a novidade, alavancada por uma necessidade biológica intrínseca,
catalisa o somente a aquisição de novas informações, mas também a criação de engramas de
memória por meio de mecanismos neuronais fortalecidos e persistentes.
Do ponto de vista neurobiológico, a assimilação de novas informações implica um esforço
neuronal substancial, exigindo a ativação e a reconfiguração de redes neurais complexas. Esta
pág. 136
dinâmica é corroborada por estudos de neuroimagem funcional que demonstram a ativação de
extensas áreas cerebrais, particularmente as envolvidas na memória e no processamento de
informações, quando indivíduos são expostos a estímulos novos e desafiadores (Maguire,
Woollett, & Spiers, 2006).
Os engramas de memória, estruturas neuronais associadas à retenção de informações a longo
prazo, são reforçados e consolidados por meio deste processo de aquisição de novas informações.
A neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de modificar suas conexões em resposta a novas
experiências, desempenha um papel crucial nesse mecanismo, sustentando a formação de sinapses
mais robustas e duradouras (Kolb & Whishaw, 1998).
Além disso, a exploração de novos ambientes e situações estimula a neurogênese, especialmente
no hipocampo, uma região cerebral intrinsecamente ligada à formação de memórias e aprendizado
espacial (Kempermann, Kuhn, & Gage, 1997). Este fenômeno ressalta a relevância do estímulo
ambiental e intelectual contínuo para a manutenção e desenvolvimento das capacidades
cognitivas.
A exploração de novos horizontes intelectuais por indivíduos com elevado Quociente de
Inteligência (QI) transcende a mera característica de personalidade, evidenciando-se como uma
necessidade biológica intrínseca, essencial para o seu desenvolvimento e manifestação de
potencial. A análise de figuras emblemáticas como Albert Einstein e Marie Curie proporciona
uma visão perspicaz sobre como essa busca incessante por novidades pode moldar o curso da
história científica e impactar significativamente a sociedade.
Albert Einstein, cuja curiosidade intelectual e abordagem não convencional para a física teórica
catalisou a formulação da Teoria da Relatividade, exemplifica a influência direta da
insaciabilidade cognitiva sobre o progresso científico. A predisposição de Einstein para
questionar e redefinir os paradigmas existentes na física culminou em pensamentos que
reformularam nossa compreensão do espaço, tempo e gravidade, elementos fundamentais na
constituição do cosmos (Isaacson, 2007).
Por outro lado, Marie Curie, pioneira na investigação da radioatividade, demonstrou como uma
inquisição científica implacável pode conduzir a descobertas transformativas, abrindo caminhos
pág. 137
para novas disciplinas científicas e aplicações práticas, especialmente na medicina. As
investigações de Curie sobre o polônio e o rádio não apenas lhe renderam dois Prêmios Nobel,
mas também fundamentaram o desenvolvimento da radioterapia no tratamento do câncer (Quinn,
1995).
A demanda por estímulo intelectual em pessoas com alto QI é apoiada por pesquisas
neurocientíficas que destacam uma correlação entre a arquitetura cerebral e a busca por novas
experiências. Esta demanda é impulsionada por um ambiente neurobiológico que favorece a
neuroplasticidade, a neurogênese e a formação de engramas de memória robustos, promovendo
assim o florescimento intelectual e a capacidade de inovação (Kempermann, Kuhn, & Gage,
1997).
Formatação de engramas de memória
O processo de formação de engramas de memória, essencial no armazenamento e recuperação de
informações no cérebro humano, é um fenômeno complexo que envolve múltiplas estruturas e
mecanismos celulares e moleculares. Inicialmente, o conceito de engrama de memória refere-se
à alteração sica e química no cérebro que representa uma memória (Bruce, 2001). A formação
de engramas inicia com a fase de aquisição, onde o estímulo ambiental é processado pelas áreas
sensoriais e encaminhado para o hipocampo, uma região crucial para a memória declarativa.
Durante esta fase, ocorrem fenômenos como a potenciação de longa duração (LTP), que são
modificações sinápticas de longo prazo resultantes da atividade aumentada entre neurônios (Bliss
& Collingridge, 1993).
Subsequentemente, o estágio de consolidação envolve a estabilização da memória a curto prazo
em memória de longo prazo. Nesta etapa, ocorre a reorganização sináptica e a expressão de genes
específicos, conduzindo a alterações estruturais nas sinapses e em neurônios individuais. Este
processo é mediado por várias vias de sinalização intracelular, como as vias do AMP cíclico
(cAMP) e do cálcio/calmodulina quinase (CaMKII) (Silva, Kogan, Frankland, & Kida, 1998).
Posteriormente, na fase de reconsolidação, as memórias previamente consolidadas podem ser
novamente acessadas e modificadas. Este processo é crucial para a adaptação e atualização das
memórias em resposta a novas informações (Nader, Schafe, & LeDoux, 2000).
pág. 138
É importante notar que diferentes tipos de memória (como episódica, semântica, procedural)
envolvem distintas redes neurais. Além disso, alterações patológicas em qualquer uma dessas
fases podem resultar em transtornos de memória, como observado em condições
neurodegenerativas (Morris, 1999).
Alguns dos genes mais importantes nesse processo incluem:
CREB (cAMP response element binding protein):
Essencial para a consolidação da memória de longo prazo.
Regula a expressão de outros genes envolvidos na plasticidade sináptica.
BDNF (brain-derived neurotrophic factor):
Promove a sobrevivência e o crescimento de neurônios.
Desempenha um papel importante na plasticidade sináptica e na aprendizagem.
Arc (activity-regulated cytoskeletal protein):
Sua expressão aumenta em resposta à atividade neuronal.
Essencial para a formação de novas sinapses e para a consolidação da memória.
CaMKII (calcium/calmodulin-dependent protein kinase II):
Regula a plasticidade sináptica e a consolidação da memória.
Essencial para a aprendizagem espacial e para a memória de longo prazo.
GluN2B (subunidade NR2B do receptor de NMDA):
Essencial para a plasticidade sináptica e para a aprendizagem.
Desempenha um papel importante na memória de longo prazo.
Outros genes:
NPAS4: Regula a expressão de genes envolvidos na plasticidade sináptica.
MECP2: Essencial para a formação de novas sinapses e para a consolidação da memória.
PTEN: Regula a via PI3K/Akt, que é importante para a plasticidade sináptica e para a
aprendizagem.
A investigação sobre a formação de engramas de memória e sua relação com a transdução de
sinais no sistema nervoso, estruturas sinápticas e processos metabólicos oferece uma visão
abrangente dos mecanismos subjacentes à cognição e aprendizagem humana. Danylova (2023)
pág. 139
ilumina as contribuições de Carlsson, Greengard e Kandel, enfatizando a importância da
transdução de sinal para a regulação da plasticidade sináptica, um componente essencial na
codificação e armazenamento de memórias (Danylova, 2023).
Por sua vez, a pesquisa de Concina et al. (2023) destaca a interação entre a potenciação da
memória e a estabilização de espinhas dendríticas imaturas, demonstrando que as modificações
estruturais nas sinapses são cruciais para a formação de engramas robustos. Essas alterações
sinápticas refletem a adaptabilidade do cérebro a estímulos inovadores, levando à formação de
memórias de longa duração (Concina et al., 2023).
Além disso, Comyn et al. (2023) detalham como o PKCδ serve como um modulador do
metabolismo mitocondrial envolvido na formação de memória de longo prazo. Essa descoberta
sugere uma correlação entre a eficiência metabólica e a capacidade do cérebro de responder a
novos desafios ambientais, indicando que a busca por novas experiências pode ser um fator crucial
na otimização do metabolismo neuronal durante a aprendizagem (Comyn et al., 2023).
Finalmente, o trabalho de Poon et al. (2023) sublinha a relevância da potenciação de longo prazo
(LTP) como um mecanismo fundamental na aprendizagem e na memória. A LTP serve como um
modelo para entender como experiências e estímulos novos podem ser convertidos em alterações
persistentes na função neuronal, resultando na formação de engramas de memória (Poon et al.,
2023).
Estes estudos coletivamente iluminam a complexidade dos mecanismos envolvidos na formação
de engramas de memória e destacam a interconexão entre diferentes sistemas biológicos no
cérebro humano, ressaltando a necessidade de novas experiências para o desenvolvimento
cognitivo.
Considerações Finais
Este estudo proposita uma análise meticulosa sobre a propensão de indivíduos com elevado
Quociente de Inteligência (QI) - frequentemente classificados como superdotados - na busca por
novidades, investigando a hipótese de que tal tendência não é meramente uma derivação de
características de personalidade ou de uma inteligência conformada por estas, mas sim uma
pág. 140
necessidade biológica fundamental. Esta perspectiva sugere que o impulso para a novidade opera
como um ciclo virtuoso, que transcende a mera volição individual.
Para fundamentar esta proposição, o estudo se apoia em evidências empíricas e teóricas que
indicam que os atributos comportamentais e de personalidade desses indivíduos são, na realidade,
manifestações externas de uma demanda biológica intrínseca. Esta demanda, quando não
atendida, tem potencial para induzir estados de desânimo ou depressão temporária, sugerindo uma
ligação direta entre a insatisfação desta necessidade biológica e a saúde mental.
Abordagens neurocientíficas recentes corroboram esta visão, demonstrando que em indivíduos
com alto QI, estruturas cerebrais como o córtex pré-frontal e regiões associadas à criatividade e
resolução de problemas exibem padrões de atividade neuronal diferenciados em resposta a
estímulos novos e desafiadores (Kanai, R., & Rees, G., 2011). Estudos genéticos adicionais
apoiam a concepção de que traços de personalidade, tais como a abertura para experiências, têm
uma base biológica, possivelmente mediada por variantes genéticas que influenciam tanto a
estrutura quanto a função cerebral (Deary, I. J., Penke, L., & Johnson, W., 2010).
Assim, este estudo traz contribuições significativas para a compreensão da dinâmica entre a
neurobiologia, genética e comportamento e
m indivíduos superdotados, abrindo novas perspectivas para intervenções psicoeducacionais e
estratégias de bem-estar que reconheçam e integrem estas necessidades intrínsecas.
Declaração de contribuições: Rodrigues, F. A. A. foi o idealizador, dono e criador do conceito,
escreveu e revisou o manuscrito. Orientou a equipe na coleta de dados e revisou o manuscrito.
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