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sensibilidade exacerbada e uma dificuldade em conectar-me com meus pares. A sala de aula, apesar do
meu sucesso acadêmico, era um ambiente desagradável devido à pressão social e à falta de desafios
intelectuais. O pátio da escola, por sua vez, era um campo minado de ansiedades e inseguranças,
intensificadas pelo medo de ser chamado ao quadro negro e pelas dificuldades em interagir com os
colegas.
A virada se deu quando uma freira da escola, preocupada com meu isolamento social, chamou minha
mãe para conversar. Essa experiência, somada às repreensões dos meus pais por me esconder quando
parentes visitavam, despertou em mim a consciência da necessidade de mudança. A busca pela
extroversão, inicialmente motivada pela inquietação diante da minha introversão e pela necessidade
inata de interação social, foi fortalecida por uma estratégia que desenvolvi na infância: a crença de que
"nada nem ninguém poderia me matar". Essa convicção, que surgiu de forma intuitiva e se enraizou em
minha mente, me deu a coragem para sair da minha zona de conforto e me arriscar em novas experiências
sociais, mesmo com a insegurança que ainda senti. Aos poucos, o silêncio deu lugar à voz, a observação
à participação, a introspecção à liderança. Encontrei nas artes marciais e na comunicação online (ICQ),
posteriormente, espaços seguros para desenvolver minhas habilidades sociais e me expressar.
A extroversão emergente trouxe consigo um desenvolvimento notável na interação social, mas também
uma crescente resistência às regras e uma rebeldia contra o sistema educacional, político e social. Essa
fase foi caracterizada pela exposição de ideais de revolta contra as injustiças e incoerências percebidas
na sociedade, na política e em outras áreas incluindo simetria. A busca por validação, que acredito ser
intrínseca ao meu perfeccionismo desde a infância, impulsionou essa transição, mas também alimentou
a insegurança, o receio de não corresponder às expectativas e de ser julgado.
Ao longo dos anos, desenvolvi estratégias para lidar com a insegurança em palestras e outras situações
de exposição pública. A escolha de rostos amigáveis na plateia, a confiança no meu conhecimento e a
visualização do dever cumprido tornaram-se pilares do meu processo de enfrentamento. A preparação
meticulosa do conteúdo, embora importante, nem sempre foi uma prioridade, pois a confiança na minha
capacidade de improvisar e responder a perguntas me dava segurança.
A jornada da introversão para a extroversão, embora desafiadora, foi essencial para o meu
desenvolvimento pessoal e profissional. A superdotação profunda, com sua intensidade e complexidade,