USO DE BIOINSUMOS NO ALGODOEIRO E
SEUS EFEITOS SOBRE O BICUDO-DO-
ALGODOEIRO E NA PRODUTIVIDADE
USE OF BIOINSUMPTS IN COTTON AND ITS EFFECTS
ON COTTON BOWEL BOWL AND PRODUCTIVITY
Benedito Charlles Damasceno Neves
Universidade Federal Rural do Semiárido - Brasil
Fábio Aquino de Albuquerque
Embrapa Algodão - Brasil
Gildo Pereira de Araújo
Embrapa Algodão - Brasil
Francisco Roberto de Azevedo
Universidade Federal do Cariri - Brasil
pág. 1
DOI: https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v8i4.12129
Uso de bioinsumos no algodoeiro e seus efeitos sobre o bicudo-do-algodoeiro
e na produtividade
Benedito Charlles Damasceno Neves1
benedito.neves@alunos.ufersa.edu.br
https://orcid.org/0009-0006-3914-0758
Universidade Federal Rural do Semiárido Brasil
Fábio Aquino de Albuquerque
fabio.albuquerque@embrapa.br
https://orcid.org/0000-0002-2553-045X
Embrapa Algodão Brasil
Gildo Pereira de Araújo
gildo.araujo@embrapa.br
https://orcid.org/0009-0004-8973-0321
Embrapa Algodão Brasil
Francisco Roberto de Azevedo
roberto.azevedo@ufca.edu.br
https://orcid.org/0000-0002-6953-6175
Universidade Federal do Cariri Brasil
RESUMO
Excesso de fertilizantes nitrogenados interfere na fisiologia das plantas acumulando aminoácidos livres
e açúcares redutores, tornando-as vulneráveis ao ataque de pragas. Objetivou-se avaliar a influência da
aplicação de bioinsumos na indução de resistência do algodoeiro ao ataque do bicudo e o seu efeito na
produtividade da cultura. As pesquisas foram conduzidas na Embrapa Algodão, na Estação Experimental
em Missão Velha e, no Sítio Agroecológico, em Barbalha, no Ceará. Foi utilizada a cultivar BRS 433FL
B2RF e os tratamentos consistiram do fungo Beauveria bassiana, bactéria Azospirilium brasilense, Fert
Bokashi Premium®, Vorax® Biofertilizante, Nuvem® e a ureia como testemunha. Os tratamentos foram
aplicados via solo exceto o Nuvem® e o monitoramento do bicudo foi realizado semanalmente ao longo
da fase reprodutiva da cultura. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste Scott-Knott. Na Estação Experimental o Beauveria bassiana induz resistência ao
algodoeiro contra o bicudo devido às melhores condições de fertilidade do solo e o Fert Bokashi
Premium®. Constatou-se que a Azospirillum brasilense promove aumento da produtividade mesmo as
plantas sendo atacadas severamente. No sítio agroecológico embora com baixa fertilidade do solo, o
Vorax® induz resistência ao algodoeiro e aumenta a produtividade das plantas tratadas.
Palavras-chave: nutrição biológica, proteção de plantas, teoria da trofobiose, anthonomus grandis,
gossypium hirsutum
1
Autor Principal
Correspondencia: benedito.neves@alunos.ufersa.edu.br
pág. 2
Use of bioinsumpts in cotton and its effects on cotton bowel bowl and
productivity
ABSTRACT
Excess nitrogen fertilizers interfere with plant physiology, accumulating free amino acids and reducing
sugars, making them vulnerable to pest attack. The objective was to evaluate the influence of the
application of bioinputs in inducing cotton resistance to boll weevil attack and its effect on crop
productivity. The research was conducted at Embrapa Algodão, at the Experimental Station in Missão
Velha and at the Agroecological Site, in Barbalha, Ceará. The cultivar BRS 433FL B2RF was used and
the treatments consisted of the fungus Beauveria bassiana, the bacteria Azospirilium brasilense, Fert
Bokashi Premium®, Vorax® Biofertilizante, Nuvem® and urea as a control. The treatments were
applied via soil except Nuvem® and boll weevil monitoring was carried out weekly throughout the
crop's reproductive phase. The data were subjected to analysis of variance and the means compared
using the Scott-Knott test. At the Experimental Station, Beauveria bassiana induces resistance to the
cotton plant against the boll weevil due to better soil fertility conditions and Fert Bokashi Premium®. It
was found that Azospirillum brasilense promotes increased productivity even though the plants are
severely attacked. In the agroecological site, although with low soil fertility, Vorainduces resistance
to cotton and increases the productivity of treated plants
Keywords: biological nutrition, plant protection, trophobiosis theory, anthonomus grandis, gossypium
hirsutum
Artículo recibido: 20 de junho de 2024
Aceptado para publicación: 21 de Julio de 2024
pág. 3
INTRODUÇÃO
algodão é uma fibra natural de origem vegetal e quando comparada às fibras sintéticas e artificiais é
considerada a mais importante em nível mundial (FERREIRA et al., 2022). O fruto do algodoeiro além
de ser utilizado para produção de óleo vegetal e ração animal é essencial para a indústria têxtil (ROSSI;
SOUZA; SILVA, 2020). Nesse contexto, a cadeia produtiva do algodão vem ganhando cada vez mais
destaque no agronegócio brasileiro, tanto que na safra de 2022/2023, o Brasil registrou uma produção
de aproximadamente 3,23 milhões de toneladas de pluma, colocando o país como o terceiro maior
produtor mundial, superando os Estados Unidos e ficando atrás somente da China e Índia (ABRAPA,
2023).
Do total de fertilizantes nitrogenados que são utilizados na agricultura, cerca de 40 a 50% não são
assimilados imediatamente pelas plantas e são perdidos por lixiviação, desnitrificação, volatilização ou
sujeitos à conversão em formas indisponíveis (ROMERO-PERDOMO et al., 2017). Consequentemente,
isso acaba levando a uma utilização crescente desses fertilizantes sintéticos, o que reduz a fertilidade e
a biodiversidade do solo, contamina as águas subterrâneas e, por conseguinte, afeta a saúde humana
(KRAISER et al., 2011).
uso indiscriminado de inseticidas aumenta consideravelmente o metabolismo de vários aminoácidos e
inibe o metabolismo de alguns carboidratos nas plantas (ZHANG et al., 2022). Além disso, alguns
fertilizantes sintéticos nitrogenados, quando absorvidos pelas plantas, podem afetar a fisiologia do
vegetal, reduzindo a proteossíntese e acumulando aminoácidos livres e açúcares redutores na seiva das
plantas que são utilizáveis pelas pragas (HU et al., 2016; MARTINEZ et al., 2021).
Dentre as pragas do algodoeiro destaca-se o bicudo Anthonomus grandis Boheman (Coleoptera:
Curculionidae) como o principal inseto-praga da cultura. A maior parte dos danos causados à cultura
ocorre no meio e em porções superiores do dossel da planta e sua presença é identificada através de
pequenas perfurações nos botões florais durante a alimentação e/ou oviposição das fêmeas e pela
separação das brácteas dos botões florais, causando o amarelecimento e queda dessas estruturas, mas
ele também pode atacar maçãs novas, já que possuem superfícies tenras, o que facilita sua alimentação
(GABRIEL, 2016).
Sendo assim, o uso de bioinsumos pode contribuir para o meio ambiente, promover um menor uso de
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fertilizantes nitrogenados e inseticidas químicos sintéticos. Além disso, seu processo produtivo natural
apresenta consigo uma redução do consumo de combustíveis fósseis e de compostos químicos utilizados
no processo produtivo dos fertilizantes convencionais (GARRIDO et al., 2019).
Devido à grande importância do bicudo-do-algodoeiro à cotonicultura e buscando alternativas para uma
agricultura produtiva e sustentável, a realização desta pesquisa objetivou avaliar a influência da
aplicação de bioinsumos na indução de resistência do algodoeiro ao ataque do bicudo e o efeito na
produtividade desta cultura em condições semiáridas do Cariri cearense.
METODOLOGIA
Locais das pesquisas
As pesquisas foram realizadas em duas áreas experimentais da Embrapa Algodão: uma na Estação
experimental de Missão Velha e outra no Sítio Agroecológico em Barbalha, ambas no Estado Ceará.
Na estação experimental, em Missão Velha, localizou-se a 7°13'17" de latitude sul e 39°10'9" de
longitude oeste, a uma altitude de 348 metros em relação ao nível do mar. Foi utilizado o algodoeiro
herbáceo, G. hirsutum L. raça latifolium Hutch (cv. BRS 433FL B2RF), sob condições de sequeiro em
um solo classificado como Vertissolo de textura argilosa.
manejo da adubação foi realizado levando-se em consideração a análise de fertilidade do solo da área
(Tabela 1), sendo aplicados 180 kg/ha de fosfato monoamônio em fundação e 50 kg/ha em cobertura de
adubação nitrogenada com ureia.
Tabela 1 - Resultado da análise de fertilidade do solo da Estação experimental de Missão Velha - CE,
2022.
Profundidade
M.O
pH
K+
Ca2+
Mg2+
Na+
H+Al+
SB
CTC
Cm
g/kg
mmolc dm-3
0 – 20
10,4
5,5
2,10
17,5
6,2
0,94
24,6
26,8
51,4
plantio ocorreu no início de fevereiro e a colheita deu-se no final de julho de 2022, sendo o espaçamento
adotado entre fileiras de 0,80 m com oito plantas por metro linear. Os tratos culturais foram realizados
de acordo com as recomendações da Embrapa e utilizou-se a aplicação de inseticidas químicos para
manter as populações de outros insetos fitófagos abaixo do nível de dano econômico.
delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com seis tratamentos e seis repetições
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totalizando 36 parcelas de 30m². Os tratamentos consistiram do fungo Beauveria bassiana - Oligos
Biotec® (isolado IBCB66), a bactéria Azospirillum brasilense, o Fert Bokashi Premium®, o Vorax®
Biofertilizante, o Nuvem® (caulim), sendo a adubação nitrogenada com ureia como testemunha
referência.
No sítio agroecológico foi realizada a mesma pesquisa, localizado a 7°17’37’ de latitude sul e 39°16’11’
de longitude oeste, a uma altitude de 382 metros em relação ao nível do mar em Barbalha. Foi utilizado
o algodoeiro herbáceo, G. hirsutum L. raça latifolium Hutch, mesma cultivar de Missão Velha, sob
condições de sequeiro em um solo classificado como Neossolo Flúvico.
Não foi realizada nenhuma adubação de fundação, porém sendo feita a análise de fertilidade do solo
(Tabela 2), diante disso, as plantas se desenvolveram apenas a partir da fertilidade natural presente no
solo e com a disponibilização de nutrientes provenientes da aplicação dos tratamentos.
plantio ocorreu por volta do dia 15 de março e a colheita deu-se no final de agosto de 2022, sendo os
tratos culturais realizados de acordo com as recomendações da Embrapa Algodão e não houve aplicação
de inseticidas químicos para controlar as populações de insetos-praga. O espaçamento entre fileiras foi
de 0,80m com oito plantas por metro linear.
Utilizou-se o mesmo delineamento experimental e os mesmos tratamentos do experimento de Missão
Velha.
Tabela 2 - Resultado da análise de fertilidade do solo do Sítio Agroecológico de Barbalha - CE, 2022.
Profundidade
M.O
pH
P
K+
Ca2+
Mg2+
Na+
H+Al+
SB
CTC
cm
g/kg
mg dm-3
mmolc dm-3
0 - 20
8,3
6,5
35,0
2,2
23,2
5,2
0,1
3,3
30,7
50,3
Aplicação dos tratamentos
Inicialmente o Fert Bokashi Premium® foi ativado utilizando-se a proporção de 10% do produto
comercial, 10% de úcar mascavo e 80% de água não clorada em um recipiente. Posteriormente, a
solução foi homogeneizada, tampada e mantida por cinco dias para devida ativação. A tampa foi aberta
uma ou duas vezes ao dia para homogeneização e retirada de gases formados no processo de ativação.
Além disso, o biofertilizante armazenado foi utilizado em um período de no máximo 30 dias após a
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ativação. O Fert Bokashi Premium® foi pulverizado na dosagem de 5L/ha, iniciando 30 dias após o
plantio e repetindo a aplicação a cada 30 dias, totalizando quatro aplicações.
Vorax® Biofertilizante foi pulverizado na dosagem de 100 mL/ha a cada sete dias, iniciando 30 dias após
o plantio, totalizando 16 aplicações.
B. bassiana foi diluído em água a uma dosagem de 750g/ha para posterior aplicação da solução nas
parcelas, iniciando 30 dias após o plantio e repetindo a aplicação a cada 30 dias, totalizando quatro
aplicações.
brasilense foi aplicada na dosagem de 100 mL/ha e a aplicação foi realizada 30 dias após o plantio e
repetiu-se a aplicação a cada 30 dias, totalizando quatro aplicações.
caulim foi aplicado na dosagem de 7,5 kg/ha na superfície das folhas do algodoeiro iniciando 30 dias
após o plantio e repetindo a aplicação a cada 30 dias, totalizando quatro aplicações.
A ureia foi aplicada na dosagem de 120 kg/ha em cobertura no solo, iniciando 30 dias após o plantio e
repetindo-se essa aplicação a cada 30 dias, seguindo recomendações da Embrapa.
Os tratamentos foram aplicados com o auxílio de um pulverizador costal automático modelo PC 020,
da Vonder® que possuía um tanque com capacidade para 20L. As aplicações foram feitas via solo, exceto
para o caulim, que foi aplicado via foliar. As aplicações dos tratamentos ocorreram mensalmente,
totalizando quatro aplicações, exceto para o biofertilizante Vorax®, que foi aplicado semanalmente,
totalizando 16 aplicações.
Amostragem do bicudo-do-algodoeiro
monitoramento do bicudo foi realizado semanalmente ao longo da fase reprodutiva da cultura. Foram
amostrados cinco pontos ao longo das fileiras centrais de cada parcela e em cada ponto observou-se as
estruturas reprodutivas por planta totalizando cinco plantas por parcela.
A amostragem foi realizada caminhando-se em zig-zag e anotando-se a injúria causada pelo inseto em
uma planilha. Foi iniciada por volta dos 50 dias após a emergência das plantas e finalizada antes da
colheita. Para a coleta dos dados desprezou-se as bordaduras e consideraram-se apenas as quatro linhas
centrais de cada parcela. Após isso, foi estabelecido o critério de severidade em decorrência do
cumulativo de infestação e/ou ataque.
As amostragens foram contabilizadas de forma cumulativa somando-se as porcentagens da semana
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anterior e foi definida uma ordem crescente denominada de severidade, pois uma vez que o bicudo ataca
o botão ou maçã por meio de uma punctura de alimentação ou oviposição, ele causa um dano irreversível
aquela estrutura reprodutiva, então o efeito do tratamento foi medido ao longo do tempo.
Análise dos dados
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as suas médias agrupadas pelo teste de
Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade pelo software estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2019).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Estação Experimental, as plantas tratadas com o fungo B. bassiana foram menos infestadas pelo
bicudo quando comparado com a testemunha referência. As plantas tratadas com a ureia foram mais
infestadas seguidas pelo caulim, A. brasilense, Vorax® e Fert Bokashi Premium® que não diferiram
estatisticamente entre si (Tabela 3).
Tabela 3 - Porcentagem de severidade de Anthonomus grandis no algodoeiro na Estação Experimental
de Missão Velha - CE, 2022.
Tratamentos
Severidade (%)
Beauveria bassiana
5,71 c*
Caulim
8,00 b
Azospirillum brasilense
8,00 b
Vorax®
8,57 b
Fert Bokashi Premium®
8,57 b
Ureia
11,43 a
CV (%)
61,46
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott, ao nível de 5% de
probabilidade.
Devido ao modo de aplicação do fungo, via solo, não foi possível estabelecer a causa precisa dessa
menor infestação. Entretanto, indícios de que tenha ocorrido de certa forma, uma indução de
resistência sistêmica no algodoeiro sobre o bicudo promovido pelo fungo durante o processo de
alimentação e/ou oviposição atacando a geração seguinte ou sobre o desenvolvimento e sobrevivência
larval do bicudo nessa descendência de colonização na primeira geração. evidências de que esse
fungo pode agir de forma endofítica nas plantas, estimulando mecanismos de defesas e promovendo
uma resistência induzida (MCKINNON et al., 2017).
Nesta área foi aplicada adubação baseada na análise de solo (Tabela 1), com adubação de fundação e
outra de cobertura. Essas boas condições de fertilidade do solo foram favoráveis para o desenvolvimento
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e ação do fungo, pois uma nutrição equilibrada, fornecendo a cultura somente o necessário e da forma
mais natural possível com adubações orgânicas podem tornar as plantas menos susceptíveis aos insetos.
Diversos trabalhos científicos têm demonstrado o potencial que microrganismos endofíticos possuem
de promoverem crescimento e/ou suportarem ataques de pragas em plantas tornando-se alternativas
viáveis, baseadas em princípios ecológicos em substituição aos inseticidas químicos sintéticos
(SANTOS; VARAVALLO, 2011).
Lopez; Sword (2015) avaliando o efeito entomopatogênico de B. bassiana no crescimento do algodoeiro
G. hirsutum e sobre a lagarta Helicoverpa zea (Boddie) identificaram que o tratamento com este fungo
endofítico aumentou o crescimento do algodoeiro que aumentou a mortalidade das lagartas que as
mesmas não encontraram alimento adequado.
Foi observado também, que nos tratamentos que incidem sobre a fisiologia do algodoeiro ocorreram
maiores infestações do bicudo, destacando-se a ureia, em valores absolutos, evidenciando assim, que
ocorreu um desbalanço nutricional nas plantas de algodão adubadas de forma convencional que seguiu
a recomendação da análise de solo. Esse desbalanço ocorreu devido ao excesso de aminoácidos livres e
açúcares redutores no sistema metabólico quando se aplica nitrogênio em excesso na planta,
promovendo o aumento da infestação do inseto. Tanto o A. brasilense, Vorax® e Fert Bokashi Premium®
nas condições em que a pesquisa foi realizada propiciaram melhores condições para o estabelecimento
do bicudo-do-algodoeiro, pelo menos no que se refere à severidade de infestação. Talvez em uma
pesquisa futura aumentando o número de aplicações destes bioinsumos possa promover uma maior
proteção às plantas do algodoeiro para estas condições.
caulim não age diretamente sobre a fisiologia da planta, contudo devido a suas características físico-
químicas e ao seu modo de aplicação na planta, ele pode contribuir para o equilíbrio fisiológico das
plantas, pois suas propriedades reflexivas reduzem, na maioria das vezes, queimaduras solares (DINIS
et al., 2018). Isto se deve a menor absorção de determinadas faixas de radiação ultravioleta e
infravermelha prejudicial às plantas, aumentando a radiação foto-sinteticamente ativa (GLENN, 2016),
o que promove a diminuição da temperatura da folha com aumento simultâneo na eficiência
fotossintética, provavelmente por diminuir a fotoinibição (SHELLIE; KING, 2013). Além disso, a
principal ação básica do caulim contra insetos-praga se deve à sua interferência durante a localização da
pág. 9
planta hospedeira e no processo de aceitação pelo inseto (GUEDES; SILVA; ZANUNCIO, 2019).
Em relação à produtividade da área experimental de Missão Velha, notou-se que os tratamentos
diferiram estatisticamente entre si, mas as plantas tratadas com Fert Bokashi Premium®, A. brasilense e
B. bassiana foram as mais produtivas quando comparadas com os outros tratamentos. Já no tratamento
referência, bem como, nas plantas que foram tratadas com o Vorax® e caulim foram estatisticamente
semelhantes entre si e as menos produtivas (Tabela 4).
Tabela 4 - Produtividade do algodoeiro na Estação Experimental de Missão Velha - CE, 2022.
Tratamentos
Produtividade (toneladas de plumas/ha-1)
Fert Bokashi Premium®
2,7 a*
Azospirillum brasilense
2,6 a
Beauveria bassiana
2,6 a
Ureia
2,3 b
Vorax®
2,3 b
Caulim
2,3 b
C.V.(%)
3,3
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.
Os dados de produtividade da área experimental de Missão Velha indicam que houve um acréscimo na
produtividade média do algodoeiro quando se utilizou o biofertilizante Fert Bokashi Premium® em
relação à adubação mineral com ureia, sugerindo assim, que esse biofertilizante fornece condições
nutricionais adequadas para se obter uma produção elevada, ou seja, o uso do Fert Bokashi Premium®
ativado aumenta os teores de ferro, potássio e enxofre e contribui com o aumento da produtividade
(DORNAS et al., 2020). Observou-se também que mesmo apresentando maior infestação, as plantas
tratadas com o Fert Bokashi Premium® conseguiram compensar parte das perdas causadas pelo ataque
do bicudo, indicando assim que houve maior tolerância ao ataque desta praga.
Este biofertilizante é um adubo composto que contém microrganismos como bactérias, leveduras e
actinomicetos, entre outros. É um fermentado com organismos vivos e no seu processo ocorre a
produção de ácidos orgânicos, vitaminas, enzimas, aminoácidos e polissacarídeos que são fundamentais
para o desenvolvimento vegetal (MAGRINI et al., 2011).
Os resultados encontrados na presente pesquisa corroboram com outros experimentos em que houve um
incremento na produtividade média com a utilização deste biofertilizante como os de Ferreira et al.
pág. 10
(2012) que observaram que o uso dele proporcionou uma produtividade elevada do brócolis de cabeça
única ‘Lord Summer para a primeira colheita e para a segunda, no município de Lavras, Minas Gerais.
Observou-se também, que a aplicação de 10 t ha-1 proporcionou a maior produtividade desta cultura nas
condições em que a pesquisa foi realizada (FERREIRA; SOUZA; GOMES, 2013).
No Sítio Agroecológico foi observado que nas plantas tratadas com o Vorax® e com o caulim houve uma
menor severidade do bicudo-do-algodoeiro, diferindo estatisticamente do tratamento referência, bem
como, dos demais tratamentos. Nas plantas que receberam a aplicação da ureia, A. brasilense, Fert
Bokashi Premium® e B. bassiana foram observados os maiores níveis de severidade do inseto em relação
aos outros tratamentos (Tabela 5).
Tabela 5 - Porcentagem de severidade de Anthonomus grandis no algodoeiro no Sítio Agroecológico de
Barbalha - CE, 2022.
Tratamentos
Severidade (%)
Vorax®
5,3 c*
Caulim
5,8 c
Ureia
6,3 b
Azospirillum brasilense
7,8 a
Fert Bokashi Premium®
8,0 a
Beauveria bassiana
8,7 a
CV (%)
20,87
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de
probabilidade.
Nota-se que as plantas cultivadas com uso do Vorax® toleraram, de modo geral, melhor o ataque do
bicudo, quando comparadas com as plantas adubadas com a ureia, indicando um possível efeito tolerante
das plantas tratadas com esse bioinsumo e consequentemente promovendo maior produtividade
(SOARES et al., 2013). O mesmo foi observado nas plantas tratadas com o caulim, que devido a sua
coloração branca repele a fêmea do bicudo, evitando a oviposição nos botões florais e dificultando a
locomoção do inseto sobre a folha do algodoeiro, evitando ainda mais o ataque do bicudo (SHOWLER,
2002).
Houve preferência do bicudo em se alimentar de plantas cultivadas de forma convencional, sugerindo
que há um provável desbalanço nutricional nas plantas de algodão adubadas de tal forma. No caso das
plantas tratadas com ureia, observou-se que quando se aplicou nitrogênio ocorreu um aumento da
pág. 11
população do bicudo devido à maior quantidade de aminoácidos livres na seiva e açucares redutores.
Essas condições geralmente favorecem insetos sugadores, mas talvez isso tenha ocorrido também com
as larvas recém eclodidas do bicudo-do-algodoeiro.
Nossos resultados corroboram com diversos estudos que demonstram a preferência dos insetos por
plantas cultivadas com adubação química, como os de Roel et al. (2017), que observaram que a lagarta
Spodoptera frugiperda Smith, um inseto mastigador como o bicudo, demonstrou preferência por plantas
de milho presentes em parcelas que receberam adubação química, aumentando a incidência e permitindo
melhor condição do seu desenvolvimento larval e consequentemente, aumentando sua viabilidade como
um inseto-praga.
De forma contrária, foi observada menor incidência de ninfas da mosca-branca Bemisia tabaci biótipo
B (Gennadius) em plantas tratadas com adubação orgânica em cultivo de tomate. Devido à mosca branca
se rum inseto picador-sugador a utilização da adubação orgânica propiciou menor densidade de ninfas
do que a utilização de adubação mineral (SOARES et al., 2013).
Observou-se também, que a adubação química propiciou maior infestação e desenvolvimento de ovos e
ninfas de B. tabaci em cultivo de berinjela. De modo contrário, na adubação com a utilização de
compostos orgânicos ocorreu à diminuição da população do inseto (ISLAM et al., 2017).
Nas plantas tratadas com o B. bassiana observou-se um alto nível de severidade do fitófago, isso
provavelmente ocorreu devido ao fungo não ter encontrado boas condições de fertilidade no solo para
agir devido a uma menor quantidade de matéria orgânica e menores quantidades de macro nutrientes
(Tabela 2) quando comparado com Missão Velha (Tabela 1), que além de apresentar maiores teores
destes nutrientes foi aplicado uma adubão de fundação e de cobertura.
Em relação à produtividade média das plantas foi observado que apenas o Vorax® teve uma maior
contribuição para o incremento da produtividade do algodoeiro. as plantas tratadas com ureia, caulim,
Fert Bokashi Premium® e B. bassiana foram, em valores absolutos, menos produtivas, não diferindo
estatisticamente da testemunha referência (Tabela 6). as tratadas com A. brasilense foram menos
produtivas ainda.
1
pág. 12
Tabela 6 - Produtividade do algodoeiro no Sítio Agroecológico de Barbalha - CE, 2022.
Tratamentos
Produtividade (toneladas de plumas/ha-1)
Vorax®
0,54 a*
Ureia
0,49 b
Caulim
0,45 b
Fert Bokashi Premium®
0,43 b
Beauveria bassiana
0,36 b
Azospirillum brasilense
0,26 c
CV (%)
27,14
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-Knott, ao nível de 5%
de probabilidade.
Vale ressaltar também que houve diferenças relevantes nos valores de produtividade média por hectare
entre as áreas de Missão Velha e Barbalha. Essa diferença está diretamente relacionada à ausência da
adubação de fundação na área de Barbalha. Ou seja, as plantas de algodoeiro no experimento de
Barbalha, se desenvolveram apenas a partir da fertilidade que existia previamente no solo e com o
suporte dos nutrientes oriundos da aplicação dos tratamentos. Isso explica valores tão discrepantes de
produtividade entre as áreas avaliadas.
Os resultados indicam que um acréscimo na produtividade média quando se faz a utilização do Vorax®
em relação à adubação mineral com ureia. Assim, sugere-se que além do efeito da menor severidade do
bicudo, o Vorax® fornece ainda condições nutricionais adequadas para alcançar uma boa produtividade,
ou seja, o uso dessa adubação potencializa o crescimento das plantas e aumenta a produtividade média
por hectare (FERREIRA et al., 2018).
Esse acréscimo na produtividade deve-se a composição deste biofertilizante que possui ação
bioestimulante, sendo produzido a partir de um processo envolvendo fermentação biológica do melaço
de cana. Ele fornece às plantas ácido L-glutâmico, extrato de algas, glicina, betaína e nitrogênio de
forma balanceada, tendo uma alta estabilidade, sendo a sua composição baseada em 4% de nitrogênio
(50 g/L-1 de N), 18% de carbono orgânico total (225 g/L-1 de COT), 25% de aminoácido ácido L-
glutâmico, 1% extrato de alga e 0,5% de tensoativo (MICROQUÍMICA, 2019).
Os resultados encontrados se assemelham com de outras pesquisas indicando um incremento da
pág. 13
produtividade média com a utilização do biofertilizante, pois Silva et al. (2021) relataram incremento
no crescimento de ramos e folhas, bem como, alterações metabólicas com a aplicação deste produto,
proporcionando um aumento na produtividade média do meloeiro no município de Juazeiro da Bahia.
Observou-se também que pulverizações com ele aos 20, 50 e 80 dias após a semeadura, proporcionaram
ganhos significativos na produtividade de vagens do amendoim cultivar IAC OL3. Além disso, a
aplicação de Vorax® (3x) em sulco de plantio proporcionou aumentos significativos de 26 e 24% na
produtividade de vagens deste amendoim no município de Ribeirão Preto, São Paulo (BETIOL et al.,
2021).
CONCLUSÕES
Na Estação Experimental de Missão Velha o fungo endofítico Beauveria bassiana induz a resistência do
algodoeiro durante o processo de alimentação e/ou oviposição do bicudo-do-algodoeiro, atacando a
geração seguinte ou sobre o desenvolvimento e sobrevivência larval, sendo esta cultura menos atacada
pela praga devido às melhores condições de fertilidade do solo área estudada. Nestas condições, o
biofertilizante Fert Bokashi Premium® e a bactéria Azospirillum brasilense promovem o aumento da
produtividade do algodoeiro mesmo as plantas apresentando maior severidade de ataque desta praga,
pois o biofertilizante fornece condições nutricionais adequadas para se obter uma produção elevada e as
plantas conseguem tolerar o ataque da praga. a bactéria promove maior fixação de nitrogênio,
crescimento radicular aprimorado e resistência, resultando em um aumento geral na produtividade do
algodoeiro que plantas mais saudáveis e bem nutridas têm maior potencial para produzir colheitas
mais abundantes.
No tio Agroecológico de Barbalha, embora com baixa fertilidade do solo na área, o Vorax® induz
resistência ao algodoeiro contra o ataque do bicudo-do-algodoeiro e também aumenta a produtividade
média das plantas que proporciona maior assimilação do nitrogênio e aumento do teor de clorofila
que é uma energia extra nos momentos de necessidade e economia para os processos metabólicos do
vegetal, além de promover maior brotação das plantas tolerando o ataque da praga.
É necessário que se façam pesquisas futuras aumentando o número de aplicações destes bioinsumos no
algodoeiro que possam promover uma maior proteção às plantas tratadas frente ao ataque do bicudo-
do-algodoeiro para estas condições estudadas.
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Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa
de Iniciação Científica do primeiro autor e a Embrapa Algodão pelo apoio técnico e logístico para a
realização das pesquisas na estação experimental e no sítio agroecológico.
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