INSEGURANÇA EXCESSIVA E TDAH: A
INFLUÊNCIA DA NEUROCIÊNCIA NA
ATENÇÃO E NOS PROCESSOS COGNITIVOS
HIGH ABILITIES AND GIFTEDNESS: CORRELATION WITH
ADHD AND DOUBLE EXCEPTIONALITY
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH)
Departamento deNeurociências e Genômica - Portugal

pág. 9049
DOI: https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v9i1.16527
Insegurança Excessiva e TDAH: A Influência da Neurociência na Atenção e
nos Processos Cognitivos
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues1
contato@cpah.com.br
https://orcid.org/0000-0002-5487-5852
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH)
Departamento deNeurociências e Genômica
Brasil & Portugal
RESUMO
A insegurança excessiva pode ser confundida com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) devido às dificuldades atencionais que ambos os quadros apresentam. No entanto, enquanto o
TDAH tem uma base neurobiológica associada à disfunção dopaminérgica e noradrenérgica no córtex
pré-frontal, a insegurança está mais relacionada à hiperatividade da amígdala e ao eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal (HPA). Essa diferença impacta a forma como a atenção é regulada, interferindo na
capacidade de concentração e aprofundamento das ideias. O presente estudo discute os mecanismos
neurobiológicos subjacentes à insegurança e sua relação com os déficits atencionais, diferenciando-os
do TDAH. Além disso, são apresentadas estratégias terapêuticas que podem auxiliar na regulação
emocional e no desenvolvimento cognitivo de indivíduos inseguros.
Palavras-chave: insegurança, TDAH, neurociência, atenção, funções executivas
1 Autor Principal
Correspondencia: contato@cpah.com.br

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Excessive Insecurity and ADHD: The Influence of Neuroscience on Atenção
and our Cognitive Processes
ABSTRACT
Excessive insecurity can be mistaken for Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) due to the
attentional difficulties present in both conditions. However, while ADHD has a neurobiological basis
associated with dopaminergic and noradrenergic dysfunction in the prefrontal cortex, insecurity is more
related to amygdala hyperactivity and the hypothalamic-pituitary-adrenal (HPA) axis. This difference
impacts attention regulation, interfering with concentration and the ability to deepen ideas. This study
discusses the underlying neurobiological mechanisms of insecurity and its relationship with attentional
deficits, distinguishing them from ADHD. Furthermore, therapeutic strategies that can assist in
emotional regulation and cognitive development in insecure individuals are presented.
Keywords: insecurity, ADHD, neuroscience, attention, executive functions
Artículo recibido 05 diciembre 2024
Aceptado para publicación: 25 enero 2025

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INTRODUÇÃO
A atenção é uma função cognitiva essencial para o aprendizado e a adaptação ao ambiente, sendo
regulada por diversos sistemas cerebrais. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
é amplamente estudado na neurociência devido à sua relação com déficits na função executiva,
impulsividade e desatenção. No entanto, estados emocionais como a insegurança excessiva também
podem comprometer a atenção e ser confundidos com o TDAH.
A insegurança está associada à hiperatividade da amígdala, aumentando a percepção de ameaça e
desviando a atenção para preocupações externas. Além disso, a ativação do eixo HPA eleva os níveis
de cortisol, interferindo na função do córtex pré-frontal, fundamental para a regulação da atenção e do
controle inibitório. Assim, indivíduos inseguros podem apresentar dificuldades em manter o foco e
aprofundar ideias, não por um déficit neurobiológico como no TDAH, mas pela sobrecarga emocional
gerada pelo medo do erro e da avaliação social.
Diante disso, este estudo tem como objetivo analisar os mecanismos neurobiológicos que envolvem a
insegurança excessiva e compará-los com os do TDAH. Além disso, serão discutidas estratégias para
diferenciar esses quadros e auxiliar na melhoria da atenção em indivíduos inseguros.
A insegurança excessiva pode ser confundida com o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH)
A insegurança excessiva pode ser confundida com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH), especialmente porque ambos os estados envolvem dificuldades na regulação da atenção e no
processamento cognitivo. No entanto, enquanto o TDAH tem uma base neurobiológica caracterizada
por disfunções no córtex pré-frontal e em sistemas de neurotransmissores, a insegurança excessiva tem
uma forte ligação com circuitos emocionais e mecanismos de resposta ao estresse. A insegurança
excessiva pode ser compreendida dentro do espectro dos transtornos emocionais, especialmente aqueles
ligados à ansiedade. Estudos indicam que a insegurança pode ser um fator central em transtornos como
a ansiedade social e o transtorno de personalidade evitativa, ambos caracterizados por um medo
exacerbado de julgamento e rejeição (Neder et al., 2015). Essas condições compartilham sintomas com
o TDAH, como a dificuldade em se concentrar em situações que geram estresse, o que pode levar a
confusões no diagnóstico diferencial. Além disso, a insegurança pode desencadear um padrão de hiper-

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monitoramento do ambiente, que compromete a flexibilidade cognitiva e reduz a eficiência do
processamento de informações (Sinner, 2017).
A relação entre insegurança e dificuldades acadêmicas também merece destaque. Indivíduos inseguros
frequentemente evitam situações de exposição e avaliação, o que pode resultar em uma abordagem
superficial do conhecimento. Em um ambiente acadêmico ou profissional, esse padrão pode se
manifestar como procrastinação, receio de expressar opiniões ou resistência a desafios intelectuais
(Oliveira, Sousa & Sanches, 2017). Isso reforça a necessidade de diferenciar dificuldades cognitivas
relacionadas à desatenção genuína, como no TDAH, de dificuldades resultantes de um padrão emocional
baseado na insegurança.
Sub-regiões Cerebrais e Neurotransmissores Envolvidos na Atenção e na Insegurança
Córtex Pré-frontal e Atenção
O córtex pré-frontal (CPF) é fundamental para a regulação da atenção, tomada de decisões e controle
inibitório. No TDAH, observa-se uma disfunção nesta região, levando a dificuldades na manutenção da
atenção e impulsividade. Além disso, o CPF é influenciado por neurotransmissores como:
• Dopamina: Essencial para a motivação e o foco. Déficits dopaminérgicos no CPF estão
associados ao TDAH e à dificuldade de concentração (Oliveira et al., 2017).
• Noradrenalina: Relacionada à vigilância e resposta ao estresse. Em níveis alterados, pode
causar hiperatividade e desatenção.
Amígdala e Respostas Emocionais
A amígdala é responsável pelo processamento do medo e das respostas emocionais. Crianças
extremamente inseguras apresentam hiperatividade na amígdala, o que aumenta a percepção de ameaças
e interfere na concentração. Essa resposta emocional intensa pode competir com a atenção voltada para
tarefas acadêmicas (Sinner, 2017).
Hipocampo e Memória de Trabalho
O hipocampo, envolvido na formação da memória, interage com o CPF para regular a atenção. Em
crianças ansiosas ou inseguras, o estresse crônico pode reduzir o volume do hipocampo, prejudicando a
retenção de informações e o aprendizado (Arantes-Gonçalves & Coelho, 2015).

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O Papel da Insegurança na Regulação da Atenção
Crianças inseguras tendem a manter um foco excessivo em ameaças e na aceitação social, o que impacta
a flexibilidade cognitiva. Isso ocorre porque:
1. Hiperativação da amígdala desvia a atenção para estímulos de perigo em vez de focar na
tarefa presente.
2. A ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) aumenta os níveis de cortisol, o que
prejudica a função do córtex pré-frontal e reduz a capacidade de concentração (Neder et al.,
2015).
3. A insegurança intensifica o medo do fracasso, elevando a carga cognitiva e dificultando a
retenção de informações.
A Insegurança e a Superficialização das Ideias: Um Impacto Cognitivo
A insegurança excessiva pode comprometer a capacidade de aprofundamento das ideias, pois desvia a
atenção para preocupações externas, como o medo do erro ou da avaliação negativa. Esse fenômeno
ocorre porque a mente tende a priorizar ameaças percebidas em vez de se concentrar na análise profunda
dos conteúdos. Estudos indicam que a insegurança ativa circuitos de ansiedade na amígdala cerebral,
prejudicando o funcionamento do córtex pré-frontal, que é essencial para a sustentação do foco e do
pensamento crítico (Sinner, 2017). Quando a atenção é desviada repetidamente para pensamentos
negativos ou autorreferenciais, há um impacto direto na retenção e na organização das informações,
levando a uma compreensão mais superficial dos temas estudados (Arantes-Gonçalves & Coelho, 2015).
Esse padrão de superficialização se manifesta de diversas formas. Indivíduos inseguros frequentemente
sentem uma necessidade de concluir rapidamente tarefas cognitivas, sem aprofundamento, para
minimizar o desconforto emocional gerado pela dúvida. Além disso, a ruminação – processo no qual a
pessoa revisita continuamente os mesmos pensamentos negativos – contribui para o esgotamento dos
recursos atencionais, tornando mais difícil sustentar a análise de um tema por longos períodos (Neder et
al., 2015). Outro fator relevante é o perfeccionismo, que pode levar à paralisia cognitiva. Pessoas
excessivamente preocupadas em evitar erros tendem a se autocensurar antes de concluir um raciocínio
complexo, resultando em respostas genéricas ou evasivas.

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Neurobiologicamente, essa relação pode ser explicada pelo impacto da hiperativação da amígdala e do
eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), que regula a liberação de cortisol. Em estados de insegurança
prolongada, os níveis elevados de cortisol afetam negativamente a plasticidade sináptica no hipocampo,
reduzindo a capacidade de aprendizado e memória de trabalho (Sinner, 2017). Paralelamente, a
desregulação da dopamina e da noradrenalina no córtex pré-frontal pode comprometer a sustentação da
atenção, intensificando a tendência de dispersão mental e a dificuldade em manter um pensamento
estruturado (Oliveira, Sousa & Sanches, 2017).
Essa dinâmica diferencia-se do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), embora
ambos os quadros envolvam dificuldades atencionais. Enquanto no TDAH a desatenção é mais
generalizada e impulsiva, na insegurança excessiva ela ocorre principalmente devido ao foco excessivo
em ameaças internas e externas. Pessoas com TDAH podem apresentar hiperfoco em determinados
interesses, mas têm dificuldades em organizar o pensamento, enquanto a insegurança leva a uma evasão
de conteúdos complexos devido ao receio de falhar (Neder et al., 2015).
Para minimizar os impactos da insegurança na cognição, estratégias como a autorregulação emocional,
mindfulness e técnicas de reestruturação cognitiva podem ser eficazes. A prática da autocompaixão, por
exemplo, reduz o medo de errar e melhora a disposição para explorar conceitos com mais profundidade.
Além disso, a fragmentação de tarefas em pequenos blocos pode ajudar a manter o foco, evitando a
sobrecarga cognitiva e permitindo um aprendizado mais significativo (Sinner, 2017).
Exemplos e Aplicação Prática
Para ilustrar os conceitos abordados, considere o seguinte exemplo: um estudante universitário que,
apesar de demonstrar grande interesse em suas disciplinas, evita participar de debates e questionar
professores por medo de errar. Esse comportamento pode ser confundido com falta de atenção, mas, na
realidade, decorre de um processo interno de insegurança que o leva a monitorar excessivamente o
próprio desempenho. Essa autoconsciência exagerada faz com que ele perca detalhes das explicações e
tenha dificuldade em aprofundar seu aprendizado.
Outro exemplo seria o de um profissional que evita assumir tarefas desafiadoras por receio de não
atender às expectativas. Em vez de se concentrar na execução do trabalho, sua atenção é desviada para
possíveis consequências negativas, prejudicando sua eficiência e criatividade. Esse padrão reforça a

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ideia de que a insegurança não apenas afeta a atenção, mas também pode restringir oportunidades de
crescimento pessoal e profissional (Sinner, 2017).
Exploração de Estratégias de Intervenção
Diante dos desafios que a insegurança impõe à atenção e ao processamento cognitivo, algumas
estratégias podem ser eficazes para mitigar seus efeitos. O Treinamento de Atenção Plena tem se
mostrado uma ferramenta útil para reduzir a hiperatividade da amígdala e melhorar a conexão entre o
córtex pré-frontal e áreas relacionadas à regulação emocional (Sinner, 2017). A prática de meios que
trabalham a atenção e relaxamento, assim como desvio de pensamento, pode ajudar indivíduos inseguros
a desenvolver maior tolerância ao desconforto emocional e a redirecionar sua atenção para tarefas
acadêmicas e profissionais de forma mais eficiente.
Abordagens da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem ser empregadas para modificar
padrões de pensamento disfuncionais. Técnicas de reestruturação cognitiva permitem que o indivíduo
desafie crenças negativas sobre sua própria capacidade e substitua a autocensura por uma abordagem
mais flexível ao aprendizado e ao desempenho (Oliveira et al., 2017). Já exercícios de exposição gradual
a situações que geram insegurança são úteis para treinar a autorregulação emocional e aumentar a
resiliência frente a desafios cognitivos.
Tabla 1. Diferenciando TDAH e Insegurança Excessiva
Característica TDAH Insegurança Excessiva
Causa principal Disfunção dopaminérgica no
córtex pré-frontal, mas também
envolvimento de fatores
genéticos, estruturais e de
neurodesenvolvimento.
Neuroimagem mostra alterações
no corpo caloso, núcleos da base
e cerebelo.
Hiperativação da amígdala, com
influência complexa do cortisol.
A insegurança crônica pode
levar à disfunção do eixo HPA.
Experiências de vida, traumas e
estilo de apego são fatores
determinantes.

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Manifestações Desatenção, impulsividade,
hiperatividade, dificuldades na
regulação emocional e funções
executivas prejudicadas.
Preocupação excessiva com
avaliação social, baixa
autoestima, perfeccionismo,
dificuldade em tomar decisões e
ruminação.
Impacto na atenção Dificuldade em manter a
atenção, desatenção generalizada
e distração por estímulos
irrelevantes.
Atenção seletiva voltada para
perigos e rejeição social,
podendo gerar ruminação e
pensamentos negativos.
Neurotransmissores envolvidos Principalmente dopamina e
noradrenalina, mas a serotonina
também desempenha um papel.
Cortisol e serotonina, com
influência adicional de
dopamina, GABA e glutamato.
Embora ambas as condições afetem a atenção, suas bases neurobiológicas são distintas:
A insegurança excessiva pode imitar os sintomas do TDAH ao desviar a atenção para ameaças
percebidas. No entanto, enquanto o TDAH é um transtorno neurobiológico com base na disfunção
dopaminérgica, a insegurança está mais relacionada ao sistema emocional, ao eixo HHA e à amígdala.
Estratégias de regulação emocional e terapia cognitivo-comportamental podem ajudar a diferenciar e
tratar esses desafios.
Considerações adicionais
• TDAH e insegurança excessiva podem coexistir, e um pode amplificar os sintomas do outro.
• A insegurança excessiva não é um transtorno formal, mas um conjunto de traços e padrões
cognitivos que podem impactar significativamente o bem-estar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A insegurança excessiva e o TDAH compartilham sintomas atencionais, mas possuem origens
neurobiológicas distintas. Enquanto o TDAH resulta de um déficit na regulação da dopamina e

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noradrenalina no córtex pré-frontal, a insegurança está relacionada à hiperatividade da amígdala e ao
aumento da resposta ao estresse pelo eixo HPA. Essa diferenciação é essencial para evitar diagnósticos
equivocados e desenvolver intervenções mais eficazes para cada quadro.
A adoção de estratégias como autorregulação emocional, atenção plena e terapia cognitivo-
comportamental pode ajudar indivíduos inseguros a melhorar o controle atencional e reduzir a
sobrecarga emocional. Além disso, a identificação precoce dos fatores que geram insegurança pode ser
um fator chave para prevenir impactos negativos na cognição e no aprendizado. Pesquisas futuras podem
aprofundar a relação entre insegurança, estresse e funções executivas, fornecendo novas abordagens
terapêuticas para esses desafios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arantes-Gonçalves, F., & Coelho, R. (2015). Psicanálise, neurociências e investigação quantitativa.
Revista de Psicanálise e Neurociências, 12, 1-15.
Neder, P. R. B., Ferreira, E. A. P., & Carneiro, J. (2015). Relação entre ansiedade, depressão e adesão
ao tratamento em pacientes com lúpus. Revista Brasileira de Psicologia da Saúde, 29, 45-60.
Oliveira, D. C., Sousa, P. G., & Sanches, A. C. (2017). Evidências sobre a eficácia e segurança no
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Jornal de Neurociências Aplicadas, 11, 59-75.
Sinner, R. V. (2017). Quem está no comando? Neurociência, ressonância e desafios para a teologia.
Revista de Neuroteologia e Ciências Cognitivas, 49(3), 611-630.