O estilo musical de pessoas inteligentes

 

 

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues[1]

[email protected]

 

Roselene Espírito Santo Wagner[2]

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RESUMO

A palavra “música” possuí origem na expressão grega musiké téchne, que significa a arte das musas. Porém, segundo alguns pesquisadores, há 4.000 anos atrás os egípcios já compunham música, utilizando instrumentos como harpas, instrumentos de percussão, flautas e, claro, o canto incluído nas cerimônias religiosas onde, além da música, era composto todo um cenário tornando-se um espetáculo mais forte. Presente na vida do ser humano desde a pré-história, até mesmo antes da formação da linguagem e do aparecimento da agricultura. Elemento da cultura, sendo de uma presença historicamente universal. Sendo apreciada por diversos e irrelevante para uma minoria da população, independente de gênero, etnia e classe social, a música recebe o interesse do público. Capaz de unir ou dividir grupos. O objetivo deste estudo foi avaliar mediante a entrevistas com pessoas de alto QI sobre o gosto musical em diferentes ocasiões e a razão para a personalidade definir o gosto musical, incluindo, personalidade de pessoas que não apresentam alto QI. Por meio de revisão de literatura por meio de bases de dados como: PubMed, Scielo. Concluindo que a música instrumental clássica, é a mais adequado para se manter o foco como por exemplo leitura que é algo que requer mais atenção.

 

Palavras-chave: música; cérebro; estilo musical; pessoas inteligentes

The musical style of smart people

 

ABSTRACT

The word “music” has its origin in the Greek expression musiké téchne, which means the art of muses. However, according to some researchers, 4,000 years ago the Egyptians already made music, at that time, using tools such as harps, percussion instruments, flutes and, of course, singing for religious ceremonies that included, in addition to music, colors and thus becoming something more and more present and strong. Present in human life, since prehistory, even before the formation of language and agriculture. Element of culture, with a historically universal presence. Being appreciated by several and irrelevant to the minority of the population, regardless of gender, ethnicity and social class, music receives the interest of the public. Able to join or split groups. The aim of this study was to evaluate, through interviews with people of high IQ about musical taste on different occasions and the reason for the personality to define musical taste, including the personality of people who do not have high IQ. Through literature review through databases such as: PubMed, Scielo. In conclusion, classical instrumental music is the most suitable for maintaining focus, such as reading, which is something that requires more attention.

 

Keywords: music; brain; musical style; smart people

 

 

Artículo recibido:  02 enero 2022

Aceptado para publicación: 28 enero 2022

Correspondencia: [email protected]

Conflictos de Interés: Ninguna que declarar


1 INTRODUÇÃO

É um elemento da cultura, sendo de uma presença historicamente universal. Sendo apreciada por diversos e irrelevante para a minoria da população, independente de gênero, etnia e classe social, a música recebe o interesse do público. Capaz de unir ou dividir grupos. (FERNANDEZ, 2018)

Demonstra se presente na vida das pessoas de distintas maneiras, ao ouvir no carro, assistindo a filmes ou propagandas de televisão, indo a concertos, shows, festivais, festas de rua e ao estudo um instrumento musical ou canto, junto à linguagem, é um dos traços exclusivos dos seres humanos. Mesmo com a existência do canto dos pássaros e dos sons para comunicação entre primatas e baleias, por exemplo, nenhuma outra espécie apresenta sons organizados para entretenimento como os seres humanos. (FERNANDEZ, 2018)

A palavra “música” possuí origem na expressão grega musiké téchne, que significa a arte das musas. Porém segundo alguns pesquisadores, há 4.000 anos atrás os egípcios já realizavam musica, nessa época, através de ferramentas como harpas, instrumentos de percussão, flautas e, claro, o canto para cerimônias religiosas que incluíram além da música, cores e assim tornando-se cada vez algo mais presente e forte. (FERNANDEZ, 2018)

1.1 Origem da música

Na Ásia em 3.000 a.C. as culturas da Índia e China começaram a de desenvolverem, sendo expressadas a todo o mundo. Em relação aos chineses, o instrumento mais comum utilizado por eles era a cítara, de cordas que no futuro deu origem ao que conhecemos hoje como guitarra e violão. (BROWN, 2017)

Os gregos começaram a aperfeiçoar a música, o que influenciou na criação de alguns gêneros musicais que ouvimos até os dias de hoje, como por exemplo: ópera, a música instrumental e a música erudita. Tais musicas estava presente nas danças, peças, cultos gregos e cantos. (BROWN, 2017)

1.2 Diferentes períodos da música

A música é presente da vida do ser humano, desde a pré-história, até mesmo antes da formação da linguagem e agricultura. Apensar de não ser definida como algo primordial na vida do homem, não se pode negar sua importancia para nossas vidas. (BROWN, 2017)

A evolução humana, artística e musical foi dividida em períodos. Sendo assim, alguns dos principais momentos dessa evolução são classificadas em:

Durante a idade Média, a Igreja já ditava as regras culturais, até mesmo em relação a música. Neste período a música monofônica (única linha melódica) era frequentemente ouvida durante as peças. O canto gregoriano era considerado o mais comum da época. O trítono (intervalo de quarta aumentada) era conhecido como som do diabo, sendo proibido de ser tocado em todas as peças. Nos dias a banda inglesa Black Sabbath lançou a música Black Sabbath”, que utiliza-se muitos trítonos em sua composição. (BROWN, 2017)

No século XIV, na música renascentista, os artistas queriam tornar a música algo mais universal e distanciando-se das músicas da igreja, surgindo neste período músicas denominadas como profanas. (BROWN, 2017)

A Música Barroca nasceu no século XVII, evoluindo em sua complexidade sendo mais elaborada e dramática, nascendo assim a ópera musical. (BROWN, 2017) Em um outro período muito rico para a música, surgiu a música clássica, com as composições de Haydn, Mozart e Beethoven dentre outros. Assim, surgindo se as orquestras e produções instrumentais. (BROWN, 2017)

Sendo assim no século XX, com os avanços na tecnologia, apareceram diversas tendências e técnicas musicais, desde o impressionismo à música eletrônica. Regionalmente as culturas começaram a desenvolver seus próprios estilos musicais, havendo uma mistura da comunicação e constantes migrações. A tecnologia também possibilitou trazer uma liberdade para que os músicos e artistas pudessem desconstruir rótulos e desenvolver estilos próprios e novos. (BROWN, 2017)

Nos dias atuais a música é a arte mais consumida em todo o mundo, sendo reconhecida por sua diversidade, havendo uma quebra de rótulos e formações de culturas. (Giroux, 2020)

Está ligada às mais diferentes especificidades e costumes, sendo assim, cada vez mais vem sendo utilizada como componente e fator de influência nos mais diversos setores, principalmente, pela mídia. (GIROUX, 2020)

1.3 Influência da música no cérebro

A música é composta por três componentes: Harmonia, Melodia e Ritmo. Harmonia é o conjunto de notas musicais (acordes). As melodias são notas tocadas separadamente (piano, sax, voz) e por fim, o ritmo é a noção métrica-temporal da música (batida, como bateria). (KOELSCH, 2014)

Em relação ao processamento musical ele é envolvido por percepção musical, reconhecimento e emoção. O córtex cerebral auditivo primário e o giro temporal superior são responsáveis por trazer a percepção musical. O córtex primário é sensível à percepção do tom, a associação auditiva está relacionada ao processo de melodia e não lineares como harmonia. (KOELSCH, 2014)

O ritmo está relacionado ao cerebelo, gânglios basais e lobos temporais superiores. Em relação ao reconhecimento memorial musical e a emoções ligadas a música, estão envolvidas as partes do cérebro como: orbito-frontal e o sistema límbico. Sendo assim, a música consegue ativar diversas áreas cerebrais e isso pode se tornar um problema para algumas pessoas. (PAUWELS, 2014)

Em relação aos efeitos da música clássica no cérebro, um estudo de 1993 do pesquisador Rauscher denominou o “Efeito Mozart” após seu experimento em ratos, que foram expostos à sonata na vida uterina ou quando recém-nascidos, demonstraram um maior desempenho quando se orientaram em um labirinto em T, diferentemente do grupo controle. (PAUWELS, 2014)

A música demonstra um alto potencial terapêutico, porém ainda não é conhecido totalmente pela carência de estudos. Contudo, alguns estudos demonstraram os efeitos da musica em pacientes com doenças cognitivas como Parkinson, demência senil e hiperatividade. (PAUWELS, 2014)

Em um estudo foi comprovado que a música foi capaz de promover a liberação de dopamina em pacientes com epilepsia do lobo temporal, tal fato pode se comportar como um anticonvulsivante. (LEE, 2016)

A musicoterapia também já foi utilizada para tratamentos de Alzheimer, porém é relatado que as músicas consideradas não familiares acabavam agravando o caso clínico do individuo, entretanto as músicas consideradas familiares ajudavam a amenizar os efeitos da doença. (LEE, 2016)

Sendo presente em nosso cotidiano influenciando em nosso comportamento, em loja, elevador, festa ou em qualquer lugar, participando da construção de novas memórias. Os estudos já comprovam o poder que a música trás em quem ouve e quem pratica. (LEE, 2016)

2. QUOCIENTE DE INTELIGÊNCIA (Q.I.)

Refere-se a uma medida que identifica a capacidade cognitiva de um indivíduo, a partir de testes desenvolvida em 1905. (HU, 2020)

O nível de Q.I. de um indivíduo é determinado a partir de testes com questões aleatórias desde questões matemáticas, raciocínio lógico até itens de vocabulário. De acordo com o número de pontuação, sendo assim pode ser determinado subcategorias de inteligência. Sendo assim; (HU, 2020)

Q.I. acima de 130: superdotação;

120 129: inteligência superior;

110 119: inteligência acima da média;

90 109: inteligência média;

80 — 89: embotamento ligeiro;

66 79: limítrofe;

51 — 65: debilidade ligeira;

36 — 50: debilidade moderada;

20 — 35: debilidade severa;

QI abaixo de 20: debilidade profunda.

 

Indivíduos que possuem níveis de Q.I. normal são de 99,5% das pessoas e apenas 0,5% possuem algum tipo de limitação mental ou são reconhecidos como “gênios. (HU, 2020)

2.1 Tipos de inteligência

A maioria dos indivíduos, possuí um alto nível de inteligência em determinada área, como por exemplo você pode ser muito melhor em humanas do que em exatas ou o contrário não determina que você seja mais ou menos inteligente do que os demais indivíduos. Sendo classificados em sete tipos de inteligência. (NIGHTINGALE, 2018)

Linguística; geralmente exercem atividades na área de humanas. Tais indivíduos tem uma maior facilidade em reunir palavras e desenvolver ideias.   Na maioria das vezes são jornalistas, publicitários e escritores. (NIGHTINGALE, 2018)

Lógica; são pessoas com ótima disciplina, organização, boa memória, possuem uma inteligência lógica. Podem atuar em relacionadas á números, raciocínio lógico e senso analítico. Sendo ligada ao lado direito do cérebro. (NIGHTINGALE, 2018)

Motora; ampla consciência corporal. Indivíduos que exerçam habilidades físicas, como de esportistas, dançarinos, bailarinos, entre outros. Ativado pelo cerebelo, responsável pelos movimentos involuntários. (NIGHTINGALE, 2018)

Espacial: são pessoas criativas e possuem grande imaginação, habilidosas com desenhos. Capacidade visual e concepção imagética. São envolvidos em geral com arquitetura, o design e a escultura. (NIGHTINGALE, 2018)

Interpessoal: formadores de opinião, possuí capacidade de reunir e estabelecer relacionamentos sociais. Dentre as profissões são em sua maioria: Líderes, executivos, empresários, vendedores e demais profissionais que lidam diretamente com pessoas. (NIGHTINGALE, 2018)

Intrapessoal: são sensíveis, discretos e compreensíveis, relacionadas as emoções e comportamentos. Possuem inteligência emocional e autoconhecimento. São excelentes psicólogos, filósofos e escritores. (NIGHTINGALE, 2018)

Inteligência musical é uma habilidade de pessoas que possuem uma capacidade auditiva e sensibilidade para identificar variações de ritmos, notas e harmonias. Geralmente são compositores, cantores, instrumentistas, diretores musicais de teatro, cinema e televisão. (NIGHTINGALE, 2018)

Cada um dos tipos de inteligência possui suas características, não sendo uma melhor do que a outra, são apenas diferentes. (NIGHTINGALE, 2018)

Sendo assim, levando em consideração que pessoas inteligentes, com comprovações avaliadas em teste de QI, possuem personalidades com algumas variáveis similares, é cabível de atenção e definição sobre o fato que a escolha musical também tenha similaridade.

O objetivo deste estudo é avaliar mediante a entrevistas com pessoas de alto QI sobre o gosto musical em diferentes ocasiões e a razão para a personalidade definir o gosto musical, incluindo, personalidade de pessoas que não apresentam alto QI.

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva e de abordagem qualitativa. A amostra foi constituída por conveniência.

O critério de inclusão foi, indivíduos que confirmassem alto QI mediante a testes. Sendo realizadas questões sobre o estilo musical de cada indivíduo.

4. RESULTADOS

A amostra populacional foi constituída por 50 voluntários, dentre elas alguns membos da Mensa.

Na figura 1, estão os dados do questionário sobre o estilo musical preferido por está população amostral. Demonstrando que a maioria tem por preferencia o estilo de rock, seguido pelo Heavy Metal.

 

Figura 1 – Estilo musical preferido

 

Fonte: Elaborado pelos autores

Quando perguntado aos entrevistados sobre qual o estilo preferido para se concentrar durante o momento de estudo, a maioria respondeu música, instrumental.

 

Figura 2 – Estilo musical preferível para estudar

Fonte: Elaborado pelos autores

5.DISCUSSÃO

Em um estudo realizado com 467 estudantes por Racevska em 2019, foi relatado que a inteligência é um preditor significativo da preferência pela música instrumental, mas não da vocal-instrumental, isso porque aqueles indivíduos com melhores pontuações nos exames de QI apresentaram escutar tal estilo musical. (RAČEVSKA, 2019)

Outro estudo, demonstrou que a música instrumental clássica, é a mais adequado para se manter o foco como por exemplo leitura que é algo que requer mais atenção.  (TIEPPO, 2016)

Segundo Silva et al foi relatado que o estilo de música preferível para escutar durante a prática de exercício físico, malhar ou correr que são atividades enérgicas é o gênero de eletrónica. Também foram questionados quanto as músicas não ouvir durante tal prática seria o funk seguido do forró e gospel.

6.CONCLUSÃO

Após entrevista com 50 participantes, foi possível confirmar que a maioria dos indivíduos com QI alto preferem o rock como estilo musical e para se concentrar nos estudos a música clássica ou instrumental.

Com base neste estudo sugere-se outras pesquisas, com uma populacional amostral maior e grupo controle com uma população de baixo QI.

7.REFERENCIAS

BROWN S. A Joint Prosodic Origin of Language and Music. Frontiers in psychology, v.8, 2017 https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.01894

FERNANDEZ S. Music and Brain Development. Pediatric annals, v. 47, n.8, págs. 306–308, 2018 https://doi.org/10.3928/19382359-20180710-01

GIROUX, S. V., CAPAROS, S., GOSSELIN, N., RUTEMBESA, E., BLANCHETTE, I. Impact of Music on Working Memory in Rwanda. Frontiers in psychology, v. 11, n. 774, 2020 https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.00774

HU, L., HAO, Y., LIU, S., KANG, H., QIN, L., ZENG, Z., ABDELRAHIM, M., TAN, Y. Intelligence quotient level and treatment of obsessive-compulsive disorders: Meta-analyses. Medical hypotheses, 2020. https://doi.org/10.1016/j.mehy.2020.109995

KOELSCH S.  Brain correlates of music-evoked emotions. Nature reviews. Neuroscience, v. 15, n. 3, págs. 170–180, 2014 https://doi.org/10.1038/nrn3666

LEE J. H. The Effects of Music on Pain: A Meta-Analysis. Journal of music therapy, v.53, n. 4, págs. 430–477, 2016 https://doi.org/10.1093/jmt/thw012

NIGHTINGALE, S., SPIBY, H., SHEEN, K., SLADE, P. The impact of emotional intelligence in health care professionals on caring behaviour towards patients in clinical and long-term care settings: Findings from an integrative review. International journal of nursing studies, v. 80, págs. 106–117, 2018 https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2018.01.006

PAUWELS, E. K., VOLTERRANI, D., MARIANI, G., KOSTKIEWICS, M. (2014). Mozart, music and medicine. Medical principles and practice: international journal of the Kuwait University, Health Science Centre, v. 23 n. 5, págs. 403–412. https://doi.org/10.1159/000364873

RAČEVSKA, E., TADINAC, M. Inteligência, preferências musicais e usos da música da perspectiva da psicologia evolucionista. Evolutionary Behavioral Sciences, v. 13, n. 2, págs. 101-110, 2019 https://doi.org/10.1037/ebs0000124

SILVA, R. J. GRESS, F. A. G. A. Influência da música e ritmos musicais nos exercícios fisícos resistidos Revista Acta Brasileira do Movimento Humano, vol. 2, n.4, p.46-59, 2012

TIEPPO, G. M. DE S.; REIS, G. G.; PICCHIAI, D. (2016) Mozart, Rock e a Ativação da Criatividade. Revista de Administração Contemporânea, v. 20, n. 3, p. 261-282, 11. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2016140048



[1] PhD, neurocientista, neuropsicólogo, mestre em psicanálise, especialização em propriedades elétricas dos neurônios, pós-graduação em antropologia, jornalista, especialização em inteligência artificial e especialista em nutrição clínica.

CPAH- Centro de Pesquisas e Análises Heráclito - Brasil

Aveiro, Castelo de Paiva - PORTUGAL

 

[2] Psicóloga Clínica CRP 12/20078 SC Mestre em Psicanálise, Neuropsicóloga, Psicanalista Clínica- Reg. 70.11k- (Sociedade Brasileira de Psicanálise). Extensão em Psiquiatria para Dependência Química. Perita Judicial em Psicologia Psicóloga Bariátrica Psicóloga Hospitalar Psicóloga do Desenvolvimento Vital Formação em Neurociências e Comportamento Formação em Perícia em Serviço Social e Psicologia.