FOCO COGNITIVO DURANTE INTOXICAÇÃO
ALCOÓLICA: HIPÓTESE PRE-FRONTAL PARA
ATENUAÇÃO DE TONTURA E NÁUSEA
COGNITIVE FOCUS DURING ALCOHOL INTOXICATION:
PRE-FRONTAL HYPOTHESIS FOR ATTENUATION OF
DULLNESS AND NAUSEA
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito - Brasil

pág. 6180
DOI: https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v9i4.19239
Foco cognitivo durante intoxicação alcoólica: hipótese pré-frontal para
atenuação de tontura e náusea
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues1
contato@cpah.com.br
https://orcid.org/0000-0002-5487-5852
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito
Brasil e Portugal
RESUMO
Estados de decisão e atenção focada recrutam circuitos pré-frontais capazes de modular a saliência
interoceptiva e o tônus autonômico; a hipótese testável é que esse engajamento cortical atenua tontura e
náusea durante intoxicação alcoólica aguda, com alcoolemia controlada. Evidências translacionais
posicionam DLPFC e dmPFC como reguladores descendentes do comportamento sob álcool, enquanto
estados de hiperfoco reduzem o processamento de estímulos irrelevantes durante tarefas exigentes,
oferecendo uma via para diminuição de desconforto interoceptivo durante ação dirigida a metas
(ASHINOFF; ABU-AKEL, 2021; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). A associação entre maior QI
psicométrico e menor percepção subjetiva de embriaguez não possui confirmação direta; análises
exploratórias tratarão QI como moderador, à luz de sínteses que descrevem heterogeneidade
socioemocional em amostras de altas habilidades e vantagem pequena em medidas de inteligência
emocional baseada em habilidade (OGURLU, 2021; TASCA et al., 2024; WORRELL et al., 2019;
RINN, 2024).
Palavras-chave: córtex pré-frontal, controle inibitório, atenção focada, hiperfoco, intoxicação alcoólica
1 Autor Principal
Correspondencia: contato@cpah.com.br

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Cognitive focus during alcohol intoxication: pre-frontal hypothesis for
attenuation of dullness and nausea
ABSTRACT
Goal-directed decision states recruit prefrontal control networks that can down-weight interoceptive
salience and autonomic output; our testable hypothesis is that such cortical engagement lessens dizziness
and nausea during acute alcohol intoxication at matched BrAC. Translational findings place DLPFC and
dmPFC as top-down regulators of alcohol-related behavior, and hyperfocus states suppress processing
of task-irrelevant signals, providing a plausible route for symptom attenuation during action selection
(ASHINOFF; ABU-AKEL, 2021; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). A direct link between higher
psychometric IQ and reduced subjective drunkenness is not established; IQ will be modeled as an
exploratory moderator in light of reviews noting heterogeneous socio-emotional profiles in gifted
samples and a small advantage on ability-based emotional intelligence (OGURLU, 2021; TASCA et al.,
2024; WORRELL et al., 2019; RINN, 2024).
Keywords: prefrontal cortex, inhibitory control, focused attention, hyperfocus, alcohol intoxication
Artículo recibido 20 julio 2025
Aceptado para publicación: 20 agosto 2025

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INTRODUÇÃO
A percepção subjetiva de tontura e náusea durante a intoxicação alcoólica resulta da integração entre
sinais vestibulares, viscerais e aferências somáticas, submetida à modulação por circuitos corticais de
controle. O córtex pré-frontal, com destaque para porções dorsolateral e medial, coordena seleção de
ações e inibição comportamental por projeções descendentes a alvos do tronco encefálico que organizam
respostas autonômicas e defensivas, configurando via de modulação top-down da saliência interoceptiva
durante estados de decisão dirigida a metas (KLENOWSKI, 2018; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019).
Achados em humanos e em modelos animais conectam esse eixo cortical a padrões de consumo e
desempenho sob álcool. Em humanos, interferência focal no DLPFC por estimulação magnética
transcraniana contínua em theta-burst reduz controle inibitório e eleva ingestão em contexto laboratorial,
sustentando papel causal do pré-frontal na regulação do comportamento frente ao álcool (McNEILL et
al., 2018). Em roedores, registros e manipulações mostram que assinaturas córtico-tronco precedem a
transição para beber compulsivo e a governam de modo bidirecional, conectando dinâmica pré-frontal
à gestão de estados aversivos e escolhas sob intoxicação (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022;
LINSENBARDT; LAPISH, 2015).
Em nível celular, exposição alcoólica tipo binge na adolescência reduz a corrente Ih em neurônios
piramidais do pré-frontal e diminui a excitabilidade intrínseca, com prejuízo de memória de trabalho.
Essa assinatura elétrica descreve mecanismo plausível de mudança de estado de rede com potencial para
alterar a priorização de sinais vestibulares e viscerais quando o indivíduo executa tarefa direcionada
(SALLING et al., 2018).
O componente atencional adiciona um segundo eixo à hipótese. Sob alta concentração, mecanismos de
controle elevam o limiar para estímulos irrelevantes e sustentam o foco, reduzindo intrusão de sinais
periféricos que competem com a meta imediata, o que sustenta a previsão de menor tontura e náusea
durante tarefas de decisão em alcoolemia estável (WALLE; RIDDERINKHOF, 2019; ASHINOFF;
ABU-AKEL, 2021).
A proposição de que indivíduos com QI mais alto, aferido por instrumentos psicométricos padronizados
por profissionais habilitados, apresentem menor percepção de embriaguez ou maior capacidade de
“manipular” tontura e náusea carece de confirmação específica. Sínteses recentes sobre altas habilidades

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descrevem heterogeneidade socioemocional e vantagem discreta em medidas de inteligência emocional
baseada em habilidade, sem equivalência demonstrada para sensibilidade aguda ao álcool, motivo pelo
qual o QI será tratado como moderador exploratório e as interpretações permanecerão condicionadas à
evidência empírica (OGURLU, 2021; RINN, 2024; TASCA et al., 2024).
METODOS
Desenho
Ensaio experimental cruzado, intra-sujeitos, com duas condições sob alcoolemia equivalente: repouso
sentado e decisão orientada a metas. A ordem foi contrabalançada por bloco. O uso de desenho intra-
sujeitos visa reduzir variabilidade interindividual na sensibilidade ao álcool e isolar o efeito do
engajamento pré-frontal sobre sintomas subjetivos e marcadores fisiológicos na mesma alcoolemia, em
consonância com evidências de controle descendente pré-frontal sobre ingestão e regulação
comportamental em humanos e roedores (McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019; TIMME et
al., 2022).
Participantes
Adultos de 21 a 35 anos, destros, com consumo social de álcool e sem queixas vestibulares ativas.
Critérios de exclusão: uso atual de fármacos psicoativos, histórico de síncope recorrente, diagnóstico de
transtornos por uso de substâncias, gestação, contraindicações a estimulação magnética transcraniana
para a subamostra de neuromodulação.
Módulo complementar planejado: membros do Gifted Debate Project com identificação
psicométrica formal de altas habilidades, avaliada por profissional habilitado. A inclusão desse módulo
ocorrerá somente após aprovação ética específica e consentimento informado, com verificação
documental e anonimização dos registros.
Intervenções e tarefas
Após fase basal sem álcool, os participantes recebem bebida alcoólica padronizada até atingir
concentração alvo de álcool no ar expirado entre 0,06 e 0,08 por cento. A alcoolemia é mantida na janela
por reforços de pequeno volume. Cada condição tem duração de 12 minutos. Na condição de decisão,
são aplicadas tarefas Stop-Signal e Go/No-Go calibradas por participante para manter acurácia em torno
de 70 a 80 por cento, com o objetivo de recrutar controle inibitório dorsolateral pré-frontal de modo

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sustentado, em linha com a literatura de controle executivo e ingestão alcoólica (McNEILL et al., 2018;
WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). Na condição de repouso, os participantes permanecem sentados,
com fixação visual, sem estímulo auditivo.
Monitorização alcoólica
A alcoolemia é estimada por etilômetro validado a cada quatro minutos, com registro contínuo do tempo
desde a última dose e da massa corporal. Ensaios fora da janela alvo são repetidos após estabilização.
Essa padronização minimiza confundimento por diferenças de dose, permitindo atribuir variações
sintomáticas ao estado de engajamento cognitivo, e não ao nível de álcool, em alinhamento com o
racional de testes causais de circuitos de controle (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022).
Desfechos
Primários: intensidade de tontura e de náusea em escalas visuais analógicas de 0 a 100, obtidas no
minuto 0, 6 e 12 de cada bloco e imediatamente após o término.
Secundários: variabilidade da frequência cardíaca, condutância eletrodérmica, tremor postural e
oscilação do centro de pressão em plataforma de força, além de desempenho nas tarefas (tempo de
reação, taxa de acerto, tempo de parada estimado). O conjunto de desfechos testa se o estado de decisão
orientada a metas reduz sintomas subjetivos sob alcoolemia constante, coerente com mecanismos de
ajuste top-down da saliência interoceptiva por redes pré-frontais (KLENOWSKI, 2018; WALLE;
RIDDERINKHOF, 2019).
Subamostra de neuromodulação
Em sessão separada, um subconjunto de participantes recebe estimulação magnética transcraniana em
protocolo contínuo de theta-burst sobre DLPFC direito, com bobina em posição F4 no sistema 10–20,
antes da ingestão alcoólica. Objetivo: testar a participação causal do córtex pré-frontal na modulação de
sintomas sob alcoolemia equivalente, com base em achados de piora do controle e aumento de ingestão
após interferência no DLPFC em humanos (McNEILL et al., 2018).
Procedimentos e segurança
Triagem médica breve, teste de gravidez quando aplicável, jejum mínimo de duas horas antes da sessão.
Transporte é disponibilizado ao término. Ocorrências adversas são registradas por formulário
padronizado e avaliadas por profissional de saúde. A condução de veículos após participação é proibida.

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Cálculo amostral
Planeja-se detectar diferença média pareada de 8 pontos na escala de náusea entre condições, desvio-
padrão intra-sujeito de 20 pontos, correlação entre medidas de 0,5, alfa de 0,05 bicaudal e poder de 0,8,
resultando em amostra mínima de 52 participantes concluídos. Com margem de 15 por cento para
perdas, a meta é 60. O efeito mínimo detectável foi informado por magnitudes observadas em
intervenções que alteram controle inibitório sob álcool em humanos e por mudanças de estado de rede
com manipulações pré-frontais em modelos animais, que justificam expectativa de diferenças modestas
e consistentes (McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019; SALLING et al., 2018).
Plano estatístico
As análises primárias utilizam modelos lineares mistos com intercepto aleatório por participante, fator
fixo condição e fator fixo tempo dentro do bloco. A alcoolemia medida a cada ponto entra como
covariável contínua. Efeitos são apresentados como estimativas pontuais com intervalos de 95 por cento
e valores de p ajustados por Holm para comparações múltiplas. Para desfechos de desempenho, modelos
análogos estimam diferenças de tempo de reação e taxa de acerto. Para a subamostra de
neuromodulação, inclui-se fator sessão (sham, ativa) e suas interações com condição. Premissas de
normalidade são avaliadas por resíduos; quando necessário, aplicam-se transformações logarítmicas.
Relatórios incluem tamanhos de efeito padronizados.
Reprodutibilidade e transparência
O protocolo e o plano analítico serão pré-registrados em repositório com registro temporal, com
disponibilização de scripts e dicionário de variáveis. Dados anonimizados serão compartilhados após
publicação. Essa prática segue recomendações para inferência causal em redes de controle cognitivo e
consumo de álcool descritas em humanos e roedores (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022).
Ética
Nenhum procedimento será iniciado sem aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa. A condução
obedecerá à Declaração de Helsinque e à Resolução CNS 466/12, com salvaguardas específicas para
estudos com álcool e consentimento livre e esclarecido.

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Desenvolvimento
A hipótese central apoia-se na regulação descendente exercida pelo córtex pré-frontal sobre sinais
interoceptivos e eixos autonômicos durante estados de decisão orientada a metas. Em humanos,
interferência focal no DLPFC por estimulação magnética contínua em theta-burst reduz o controle
inibitório e eleva a ingestão alcoólica em contexto laboratorial, estabelecendo vínculo causal entre a
integridade funcional pré-frontal e a gestão do comportamento sob álcool. Em roedores, padrões córtico-
tronco encefálico predizem a transição para beber compulsivo e, quando manipulados, governam esse
comportamento de modo bidirecional. Esse conjunto converge para um mecanismo no qual circuitos
pré-frontais ajustam o ganho aplicado a sinais aversivos e ameaçadores, inclusive os relacionados à
instabilidade vestibular e ao desconforto visceral durante a intoxicação. Em nível celular, exposição
alcoólica tipo binge reduz a corrente Ih e a excitabilidade de neurônios piramidais no pré-frontal, com
prejuízo de memória de trabalho, indicando mudança de estado de rede compatível com variações na
priorização de sinais internos durante tarefas exigentes. A literatura de controle cognitivo descreve
modelos em dois estágios nos quais seleção e implementação de controle modulam a passagem de
estímulos irrelevantes, sustentando o foco quando a tarefa demanda persistência. A integração desses
elementos sustenta a previsão de que o engajamento decisório atuará como modulador da percepção de
tontura e náusea sob alcoolemia estável (McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019; TIMME et
al., 2022; SALLING et al., 2018; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019).
Com esse arcabouço, três padrões de resultado são informativos. Primeiro, redução consistente de
náusea e tontura durante tarefas de decisão, relativamente ao repouso, sob a mesma alcoolemia; esse
padrão sustentaria a hipótese de regulação descendente, pois alinharia menor sintomatologia ao estado
de controle elevado, como observado quando a integridade do DLPFC favorece desempenho e inibição
de respostas mal adaptativas (McNEILL et al., 2018; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). Segundo,
ausência de diferença entre condições; esse desfecho sugeriria que o desconforto subjetivo em
intoxicação, nas intensidades testadas, não depende de variações de controle pré-frontal induzidas por
tarefas de decisão, hipótese a ser cotejada com possíveis efeitos de teto ou piso de sintomas,
homogeneização da alcoolemia e dominância de sinais periféricos resistentes à modulação cortical.
Terceiro, aumento de sintomas durante a tarefa; esse padrão indicaria que a carga de controle ou a

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estimulação sensorial das tarefas amplificou o desconforto, possivelmente por competir com
mecanismos vestibulares compensatórios; caso venha acompanhado de queda de desempenho, a
interpretação tenderá para sobrecarga executiva em contexto de intoxicação, em concordância com
relatos de deterioração de controle quando o pré-frontal é perturbado (McNEILL et al., 2018; TIMME
et al., 2022).
A análise de moderadores incluirá a aptidão cognitiva aferida por instrumentos psicométricos validados
e aplicados por profissionais habilitados. A literatura disponível não confirma de modo direto que
escores mais altos de QI se associem a menor percepção de embriaguez ou a melhor “manipulação” de
tontura e náusea; por isso, o QI será tratado como moderador exploratório em modelos com interação
entre condição experimental e escore padronizado, com relato transparente caso não haja sinal estatístico
consistente.
Para robustez, estão previstas quatro frentes integradas: controle da alcoolemia momento a momento
como covariável para separar flutuações de dose de variações sintomáticas; checagens de sensibilidade
excluindo blocos com desempenho atípico para assegurar que a interpretação não dependa de falha de
engajamento; replicação interna em subamostra com neuromodulação prévia do DLPFC direito por
theta-burst contínuo, com expectativa de retorno dos sintomas ao patamar do repouso quando a
eficiência de controle inibitório for reduzida; convergência entre medidas subjetivas e objetivas,
incluindo variabilidade da frequência cardíaca, condutância eletrodérmica e oscilação do centro de
pressão, priorizando inferências que preservem o mesmo sinal em múltiplos domínios. As três primeiras
frentes derivam de evidências causais e correlacionais sobre circuitos pré-frontais e beber compulsivo
em humanos e modelos animais; a quarta segue boa prática de triangulação fisiológica quando desfechos
subjetivos estão em foco (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022; McNEILL et al., 2018;
SALLING et al., 2018).
A discussão subsequente vinculará o padrão observado ao mecanismo. Se a redução de sintomas sob
decisão se confirmar, a interpretação principal atribuirá o efeito à regulação top-down exercida por
DLPFC e dmPFC sobre núcleos do tronco que integram sinais vestibulares e viscerais, em consonância
com literatura que posiciona o pré-frontal como coordenador do controle comportamental sob álcool.
Se não houver diferença, a conclusão considerará que a dose utilizada e o conjunto de tarefas

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selecionadas não produziram variação suficiente no estado de rede para afetar a percepção de mal-estar.
Em caso de aumento de sintomas, o argumento examinará a hipótese de sobrecarga executiva sob
intoxicação, compatível com relatos de deterioração do controle quando o pré-frontal é perturbado
(KLENOWSKI, 2018; McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019).
RESULTADOS
A coleta encontra-se em curso. Não há estimativas inferenciais ou valores descritivos a reportar.
Mantém-se o compromisso de divulgar, na versão final, todas as análises pré-especificadas, com
arquivos de código e dicionário de variáveis em repositório público registrado previamente.
A apresentação seguirá a ordem definida no plano estatístico. Primeiro, características da amostra, com
distribuição de idade, sexo, consumo habitual de álcool e triagem vestibular. Em seguida, conferências
de manipulação: trajetória da alcoolemia por condição e tempo, desempenho nas tarefas de decisão com
métricas de acurácia e tempo de reação, e taxa de exclusão de blocos. Na sequência, modelos lineares
mistos para náusea e tontura com fator condição e covariável de alcoolemia pontual, acompanhados de
estimativas pontuais, intervalos de 95 por cento e ajuste por comparações múltiplas. Depois, resultados
para marcadores fisiológicos e estabilidade postural, mantendo a mesma estrutura de reporte. Por fim,
análises de moderação por QI, tratadas como exploratórias e claramente identificadas como tal.
A subamostra de neuromodulação terá seção própria. O efeito de sessão sobre a diferença entre
condições será apresentado com a interação sessão por condição e os respectivos intervalos de 95 por
cento. Qualquer ocorrência adversa será listada em apêndice, com descrição clínica e desfecho.

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Figuras e tabelas previstas serão geradas somente após bloqueio da base e verificação dupla:
Figura 1, trajetórias de náusea e tontura por condição; Figura 2, alcoolemia por tempo; Figura 3,
estabilidade postural; Figura 4, estimativas da interação na subamostra de neuromodulação. Tabela 1,
características da amostra; Tabela 2, modelos para desfechos primários; Tabela 3, marcadores
fisiológicos; Tabela 4, moderação por QI.
Qualquer desvio do plano será documentado com data, justificativa e impacto esperado sobre a
inferência. O módulo complementar do Gifted Debate Project somente será incorporado após aprovação
ética específica e consentimento, com reporte separado e integração posterior em metamodelo caso os
critérios a priori sejam atendidos.
DISCUSSÃO
O enquadramento teórico aponta para um papel organizador do córtex pré-frontal na modulação de sinais
interoceptivos sob intoxicação alcoólica, com DLPFC e dmPFC coordenando controle inibitório e
seleção de ações por vias descendentes para alvos troncoencefálicos. Evidências humanas com
interferência focal por estimulação magnética contínua em theta-burst vinculam redução de controle e
aumento de ingestão à manipulação do DLPFC, o que sustenta causalidade cortical sobre o
comportamento em contexto alcoólico. Registros e intervenções em roedores mostram que assinaturas
córtico–tronco predizem e governam a transição para beber compulsivo de modo bidirecional, sugerindo
um canal de ajuste do ganho aplicado a sinais aversivos e respostas autonômicas durante ação dirigida
a metas. Em paralelo, alterações celulares no pré-frontal induzidas por álcool tipo binge, incluindo
redução de Ih e queda de excitabilidade de neurônios piramidais, descrevem um mecanismo plausível
de mudança de estado de rede com consequências para priorização de sinais vestibulares e viscerais sob
demanda executiva. Esse conjunto dá suporte à hipótese de que estados de decisão e foco atencional
rebaixem a saliência de desconforto interoceptivo durante intoxicação controlada.
Do ponto de vista neuroquímico, a literatura translacional sobre mPFC em busca e manutenção do
consumo de álcool descreve ajustes em transmissão glutamatérgica e GABAérgica, com impacto sobre
balanço excitação–inibição e sobre a capacidade de controle executiva, além de interações com circuitos
dopaminérgicos que modulam avaliação de custo e benefício. Essa arquitetura favorece interpretações
nas quais o engajamento pré-frontal durante tomada de decisão altera tanto o estado autonômico quanto

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a leitura da própria sensação corporal, com redução da intrusão de sinais periféricos não relacionados à
meta imediata. Modelos de controle em dois estágios ajudam a formalizar esse raciocínio, pois a fase de
seleção e a fase de implementação elevam limiares para estímulos irrelevantes e mantêm o foco quando
a exigência é alta.
A relação entre aptidão cognitiva psicométrica e sensibilidade subjetiva à embriaguez permanece aberta.
Revisões recentes sobre altas habilidades apontam heterogeneidade socioemocional e vantagem discreta
em medidas de inteligência emocional baseada em habilidade, quadro que não equivale a menor
percepção de tontura ou náusea em intoxicação aguda. A opção metodológica de tratar o QI como
moderador exploratório evita extrapolações e deixa a interpretação condicionada à evidência empírica
futura.
Implicações experimentais seguem três linhas. Primeira, uso de medidas vestibulares instrumentais,
como oscilação do centro de pressão e testes oculomotores, para cotejar autorrelato com marcadores
objetivos. Segunda, manipulações do estado de rede por neuromodulação não invasiva em DLPFC
direito, com avaliação do deslocamento das diferenças entre decisão e repouso, estratégia alinhada a
achados causais em humanos. Terceira, mapeamento funcional por neuroimagem para rastrear
comunicação entre pré-frontal e alvos subcorticais durante a tarefa, distinguindo modulação do
desconforto de simples supressão atencional de sinais periféricos. A soma desses elementos possibilita
separar efeitos de foco de efeitos de dose, além de ampliar validade inferencial do protocolo.
Aplicações práticas exigem cautela. A hipótese descreve um mecanismo de atenuação perceptiva sob
engajamento executivo e alcoolemia controlada, não um benefício comportamental generalizável a
contextos operacionais de risco. Segurança e uso responsável de álcool permanecem como premissas
normativas. O valor do presente programa reside em esclarecer vínculos entre controle executivo,
estados autonômicos e experiência subjetiva, com potencial para orientar intervenções cognitivas ou
neuromodulatórias em cenários clínicos específicos.
CONCLUSÃO
O estudo propõe uma hipótese verificável: durante intoxicação alcoólica em alcoolemia equivalente, o
estado de decisão orientada a metas reduz a intensidade subjetiva de tontura e náusea em relação ao
repouso, por recrutamento de circuitos pré-frontais com modulação descendente de sinais

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interoceptivos. A arquitetura implicada envolve DLPFC, dmPFC e ACC projetando-se a alvos
troncoencefálicos que integram respostas autonômicas e vestibulares, com ajustes glutamatérgicos e
GABAérgicos e participação moduladora dopaminérgica e noradrenérgica em estados de controle. As
previsões a serem testadas são claras: sob a mesma alcoolemia, haverá queda nas escalas de náusea e
tonturadurante a decisão, acompanhada por maior variabilidade da frequência cardíaca, menor
condutância eletrodérmica e menor oscilação do centro de pressão. A interferência pré-frontal por
estimulação magnética theta-burst à direita deverá atenuar esse benefício, reduzindo a diferença entre
decisão e repouso. O QI psicométrico será tratado como moderador exploratório; não se assume efeito
principal a priori sobre a percepção de embriaguez. Os critérios de corroboração são a presença do
padrão descrito com estabilidade após ajuste pela alcoolemia pontuale convergência entre autorrelatos
e marcadores fisiológicos. O conjunto é refutado se não houver diferença entre condições em múltiplos
desfechos, ou se a neuromodulação pré-frontal não deslocar as diferenças esperadas. Resultados
alternativos com aumento de sintomas e queda de desempenho serão interpretados como sobrecarga
executiva sob álcool. Confirmada a hipótese, o trabalho delimita um mecanismo cortical de atenuação
perceptiva em intoxicação aguda, útil para orientar intervenções cognitivas ou neuromodulatórias em
contextos controlados. Não se infere qualquer recomendação operacional fora de ambiente clínico ou
experimental.
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