FOCO COGNITIVO DURANTE INTOXICAÇÃO
ALCO
ÓLICA: HIPÓTESE PRE-FRONTAL PARA
ATENUAÇÃO
DE TONTURA E NÁUSEA
COGNITIVE FOCUS DURING ALCOHOL INTOXICATION:

PRE-FRONTAL HYPOTHESIS FOR ATTENUATION OF

DULLNESS AND NAUSEA

Fabiano
de Abreu Agrela Rodrigues
Centro
de Pesquisa e Análises Heráclito - Brasil
pág. 6180
DOI:
https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v9i4.19239
Foco
cognitivo durante intoxicação alcoólica: hipótese pré-frontal para
atenuação
de tontura e náusea
Fabiano
de Abreu Agrela Rodrigues1
contato@cpah.com.br

https://orcid.org/0000
-0002-5487-5852
Centro
de Pesquisa e Análises Heráclito
Brasil
e Portugal
RESUMO

Estados
de decisão e atenção focada recrutam circuitos pré-frontais capazes de modular a saliência
interoceptiva
e o tônus autonômico; a hipótese testável é que esse engajamento cortical atenua tontura e
n
áusea durante intoxicação alcoólica aguda, com alcoolemia controlada. Evidências translacionais
posicionam
DLPFC e dmPFC como reguladores descendentes do comportamento sob álcool, enquanto
estados
de hiperfoco reduzem o processamento de estímulos irrelevantes durante tarefas exigentes,
oferecendo
uma via para diminuição de desconforto interoceptivo durante ação dirigida a metas
(ASHINOFF;
ABU-AKEL, 2021; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). A associação entre maior QI
psicom
étrico e menor percepção subjetiva de embriaguez não possui confirmação direta; análises
explorat
órias tratarão QI como moderador, à luz de sínteses que descrevem heterogeneidade
socioemocional
em amostras de altas habilidades e vantagem pequena em medidas de inteligência
emocional
baseada em habilidade (OGURLU, 2021; TASCA et al., 2024; WORRELL et al., 2019;
RINN,
2024).
Palavras
-chave: córtex pré-frontal, controle inibitório, atenção focada, hiperfoco, intoxicação alcoólica
1
Autor Principal
Correspondencia:
contato@cpah.com.br
pág. 6181
Cognitive focus during alcohol intoxication: pre-frontal hypothesis for

attenuation of dullness and nausea

ABSTRACT

Goal
-directed decision states recruit prefrontal control networks that can down-weight interoceptive
salience
and autonomic output; our testable hypothesis is that such cortical engagement lessens dizziness
and
nausea during acute alcohol intoxication at matched BrAC. Translational findings place DLPFC and
dmPFC
as top-down regulators of alcohol-related behavior, and hyperfocus states suppress processing
of
task-irrelevant signals, providing a plausible route for symptom attenuation during action selection
(ASHINOFF;
ABU-AKEL, 2021; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). A direct link between higher
psychometric
IQ and reduced subjective drunkenness is not established; IQ will be modeled as an
exploratory
moderator in light of reviews noting heterogeneous socio-emotional profiles in gifted
samples
and a small advantage on ability-based emotional intelligence (OGURLU, 2021; TASCA et al.,
2024;
WORRELL et al., 2019; RINN, 2024).
Keywords
: prefrontal cortex, inhibitory control, focused attention, hyperfocus, alcohol intoxication
Artículo
recibido 20 julio 2025
Aceptado
para publicación: 20 agosto 2025
pág. 6182
INTRODU
ÇÃO
A
percepção subjetiva de tontura e náusea durante a intoxicação alcoólica resulta da integração entre
sinais
vestibulares, viscerais e aferências somáticas, submetida à modulação por circuitos corticais de
controle.
O córtex pré-frontal, com destaque para porções dorsolateral e medial, coordena seleção de
ações
e inibição comportamental por projeções descendentes a alvos do tronco encefálico que organizam
respostas
autonômicas e defensivas, configurando via de modulação top-down da saliência interoceptiva
durante
estados de decisão dirigida a metas (KLENOWSKI, 2018; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019).
Achados
em humanos e em modelos animais conectam esse eixo cortical a padrões de consumo e
desempenho
sob álcool. Em humanos, interferência focal no DLPFC por estimulação magnética
transcraniana
contínua em theta-burst reduz controle inibitório e eleva ingestão em contexto laboratorial,
sustentando
papel causal do pré-frontal na regulação do comportamento frente ao álcool (McNEILL et
al.,
2018). Em roedores, registros e manipulações mostram que assinaturas córtico-tronco precedem a
transição
para beber compulsivo e a governam de modo bidirecional, conectando dinâmica pré-frontal
à
gestão de estados aversivos e escolhas sob intoxicação (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022;
LINSENBARDT; LAPISH, 2015).

Em
nível celular, exposição alcoólica tipo binge na adolescência reduz a corrente Ih em neurônios
piramidais
do pré-frontal e diminui a excitabilidade intrínseca, com prejuízo de memória de trabalho.
Essa
assinatura elétrica descreve mecanismo plausível de mudança de estado de rede com potencial para
alterar
a priorização de sinais vestibulares e viscerais quando o indivíduo executa tarefa direcionada
(SALLING
et al., 2018).
O
componente atencional adiciona um segundo eixo à hipótese. Sob alta concentração, mecanismos de
controle
elevam o limiar para estímulos irrelevantes e sustentam o foco, reduzindo intrusão de sinais
perif
éricos que competem com a meta imediata, o que sustenta a previsão de menor tontura e náusea
durante
tarefas de decisão em alcoolemia estável (WALLE; RIDDERINKHOF, 2019; ASHINOFF;
ABU
-AKEL, 2021).
A
proposição de que indivíduos com QI mais alto, aferido por instrumentos psicométricos padronizados
por
profissionais habilitados, apresentem menor percepção de embriaguez ou maior capacidade de
manipular tontura e náusea carece de confirmação específica. Sínteses recentes sobre altas habilidades
pág. 6183
descrevem
heterogeneidade socioemocional e vantagem discreta em medidas de inteligência emocional
baseada
em habilidade, sem equivalência demonstrada para sensibilidade aguda ao álcool, motivo pelo
qual
o QI será tratado como moderador exploratório e as interpretações permanecerão condicionadas à
evid
ência empírica (OGURLU, 2021; RINN, 2024; TASCA et al., 2024).
M
ETODOS
Desenho

Ensaio
experimental cruzado, intra-sujeitos, com duas condições sob alcoolemia equivalente: repouso
sentado
e decisão orientada a metas. A ordem foi contrabalançada por bloco. O uso de desenho intra-
sujeitos
visa reduzir variabilidade interindividual na sensibilidade ao álcool e isolar o efeito do
engajamento
pré-frontal sobre sintomas subjetivos e marcadores fisiológicos na mesma alcoolemia, em
conson
ância com evidências de controle descendente pré-frontal sobre ingestão e regulação
comportamental
em humanos e roedores (McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019; TIMME et
al.,
2022).
Participantes

Adultos
de 21 a 35 anos, destros, com consumo social de álcool e sem queixas vestibulares ativas.
Crit
érios de exclusão: uso atual de fármacos psicoativos, histórico de síncope recorrente, diagnóstico de
transtornos
por uso de substâncias, gestação, contraindicações a estimulação magnética transcraniana
para a subamostra de neuromodula
ção.
M
ódulo complementar planejado: membros do Gifted Debate Project com identificação
psicom
étrica formal de altas habilidades, avaliada por profissional habilitado. A inclusão desse módulo
ocorrer
á somente após aprovação ética específica e consentimento informado, com verificação
documental
e anonimização dos registros.
Interven
ções e tarefas
Ap
ós fase basal sem álcool, os participantes recebem bebida alcoólica padronizada até atingir
concentração
alvo de álcool no ar expirado entre 0,06 e 0,08 por cento. A alcoolemia é mantida na janela
por
reforços de pequeno volume. Cada condição tem duração de 12 minutos. Na condição de decisão,
s
ão aplicadas tarefas Stop-Signal e Go/No-Go calibradas por participante para manter acurácia em torno
de
70 a 80 por cento, com o objetivo de recrutar controle inibitório dorsolateral pré-frontal de modo
pág. 6184
sustentado,
em linha com a literatura de controle executivo e ingestão alcoólica (McNEILL et al., 2018;
WALLE;
RIDDERINKHOF, 2019). Na condição de repouso, os participantes permanecem sentados,
com
fixação visual, sem estímulo auditivo.
Monitoriza
ção alcoólica
A
alcoolemia é estimada por etilômetro validado a cada quatro minutos, com registro contínuo do tempo
desde
a última dose e da massa corporal. Ensaios fora da janela alvo são repetidos após estabilização.
Essa
padronização minimiza confundimento por diferenças de dose, permitindo atribuir variações
sintom
áticas ao estado de engajamento cognitivo, e não ao nível de álcool, em alinhamento com o
racional
de testes causais de circuitos de controle (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022).
Desfechos

Prim
ários: intensidade de tontura e de náusea em escalas visuais analógicas de 0 a 100, obtidas no
minuto
0, 6 e 12 de cada bloco e imediatamente após o término.
Secundá
rios: variabilidade da frequência cardíaca, condutância eletrodérmica, tremor postural e
oscilação
do centro de pressão em plataforma de força, além de desempenho nas tarefas (tempo de
reação,
taxa de acerto, tempo de parada estimado). O conjunto de desfechos testa se o estado de decisão
orientada
a metas reduz sintomas subjetivos sob alcoolemia constante, coerente com mecanismos de
ajuste
top-down da saliência interoceptiva por redes pré-frontais (KLENOWSKI, 2018; WALLE;
RIDDERINKHOF,
2019).
Subamostra de neuromodula
ção
Em
sessão separada, um subconjunto de participantes recebe estimulação magnética transcraniana em
protocolo
contínuo de theta-burst sobre DLPFC direito, com bobina em posição F4 no sistema 1020,
antes
da ingestão alcoólica. Objetivo: testar a participação causal do córtex pré-frontal na modulação de
sintomas
sob alcoolemia equivalente, com base em achados de piora do controle e aumento de ingestão
ap
ós interferência no DLPFC em humanos (McNEILL et al., 2018).
Procedimentos
e segurança
Triagem
médica breve, teste de gravidez quando aplicável, jejum nimo de duas horas antes da sessão.
Transporte
é disponibilizado ao término. Ocorrências adversas são registradas por formulário
padronizado
e avaliadas por profissional de saúde. A condução de veículos após participação é proibida.
pág. 6185
lculo amostral
Planeja
-se detectar diferença média pareada de 8 pontos na escala de náusea entre condições, desvio-
padrão
intra-sujeito de 20 pontos, correlação entre medidas de 0,5, alfa de 0,05 bicaudal e poder de 0,8,
resultando
em amostra mínima de 52 participantes concluídos. Com margem de 15 por cento para
perdas,
a meta é 60. O efeito mínimo detectável foi informado por magnitudes observadas em
intervenções
que alteram controle inibitório sob álcool em humanos e por mudanças de estado de rede
com
manipulações pré-frontais em modelos animais, que justificam expectativa de diferenças modestas
e
consistentes (McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019; SALLING et al., 2018).
Plano estat
ístico
As
análises primárias utilizam modelos lineares mistos com intercepto aleatório por participante, fator
fixo
condição e fator fixo tempo dentro do bloco. A alcoolemia medida a cada ponto entra como
covari
ável contínua. Efeitos são apresentados como estimativas pontuais com intervalos de 95 por cento
e
valores de p ajustados por Holm para comparações múltiplas. Para desfechos de desempenho, modelos
an
álogos estimam diferenças de tempo de reação e taxa de acerto. Para a subamostra de
neuromodulação,
inclui-se fator sessão (sham, ativa) e suas interações com condição. Premissas de
normalidade
são avaliadas por resíduos; quando necessário, aplicam-se transformações logarítmicas.
Relat
órios incluem tamanhos de efeito padronizados.
Reprodutibilidade
e transparência
O
protocolo e o plano analítico serão pré-registrados em repositório com registro temporal, com
disponibilizaçã
o de scripts e dicionário de variáveis. Dados anonimizados serão compartilhados após
publica
ção. Essa prática segue recomendações para inferência causal em redes de controle cognitivo e
consumo
de álcool descritas em humanos e roedores (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022).
É
tica
Nenhum
procedimento será iniciado sem aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa. A condução
obedecer
á à Declaração de Helsinque e à Resolução CNS 466/12, com salvaguardas específicas para
estudos
com álcool e consentimento livre e esclarecido.
pág. 6186
Desenvolvimento

A hip
ótese central apoia-se na regulação descendente exercida pelo córtex pré-frontal sobre sinais
interoceptivos
e eixos autonômicos durante estados de decisão orientada a metas. Em humanos,
interfer
ência focal no DLPFC por estimulação magnética contínua em theta-burst reduz o controle
inibit
ório e eleva a ingestão alcoólica em contexto laboratorial, estabelecendo vínculo causal entre a
integridade
funcional pré-frontal e a gestão do comportamento sob álcool. Em roedores, padrões córtico-
tronco
encefálico predizem a transição para beber compulsivo e, quando manipulados, governam esse
comportamento
de modo bidirecional. Esse conjunto converge para um mecanismo no qual circuitos
pr
é-frontais ajustam o ganho aplicado a sinais aversivos e ameaçadores, inclusive os relacionados à
instabilidade
vestibular e ao desconforto visceral durante a intoxicação. Em nível celular, exposição
alco
ólica tipo binge reduz a corrente Ih e a excitabilidade de neurônios piramidais no pré-frontal, com
preju
ízo de memória de trabalho, indicando mudança de estado de rede compatível com variações na
priorização
de sinais internos durante tarefas exigentes. A literatura de controle cognitivo descreve
modelos
em dois estágios nos quais seleção e implementação de controle modulam a passagem de
est
ímulos irrelevantes, sustentando o foco quando a tarefa demanda persistência. A integração desses
elementos
sustenta a previsão de que o engajamento decisório atuará como modulador da percepção de
tontura
e náusea sob alcoolemia estável (McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019; TIMME et
al., 2022; SALLING et al., 2018; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019).

Com
esse arcabouço, três padrões de resultado são informativos. Primeiro, redução consistente de
n
áusea e tontura durante tarefas de decisão, relativamente ao repouso, sob a mesma alcoolemia; esse
padrão
sustentaria a hipótese de regulação descendente, pois alinharia menor sintomatologia ao estado
de
controle elevado, como observado quando a integridade do DLPFC favorece desempenho e inibição
de
respostas mal adaptativas (McNEILL et al., 2018; WALLE; RIDDERINKHOF, 2019). Segundo,
aus
ência de diferença entre condições; esse desfecho sugeriria que o desconforto subjetivo em
intoxicação,
nas intensidades testadas, não depende de variações de controle pré-frontal induzidas por
tarefas
de decisão, hipótese a ser cotejada com possíveis efeitos de teto ou piso de sintomas,
homogeneizaçã
o da alcoolemia e dominância de sinais periféricos resistentes à modulação cortical.
Terceiro,
aumento de sintomas durante a tarefa; esse padrão indicaria que a carga de controle ou a
pág. 6187
estimulação
sensorial das tarefas amplificou o desconforto, possivelmente por competir com
mecanismos
vestibulares compensatórios; caso venha acompanhado de queda de desempenho, a
interpretaçã
o tenderá para sobrecarga executiva em contexto de intoxicação, em concordância com
relatos
de deterioração de controle quando o pré-frontal é perturbado (McNEILL et al., 2018; TIMME
et al., 2022).

A
análise de moderadores incluirá a aptidão cognitiva aferida por instrumentos psicométricos validados
e
aplicados por profissionais habilitados. A literatura disponível não confirma de modo direto que
escores
mais altos de QI se associem a menor percepção de embriaguez ou a melhor manipulação” de
tontura
e náusea; por isso, o QI será tratado como moderador exploratório em modelos com interação
entre
condição experimental e escore padronizado, com relato transparente caso não haja sinal estatístico
consistente.

Para robustez, est
ão previstas quatro frentes integradas: controle da alcoolemia momento a momento
como
covariável para separar flutuações de dose de variações sintomáticas; checagens de sensibilidade
excluindo
blocos com desempenho atípico para assegurar que a interpretação não dependa de falha de
engajamento;
replicação interna em subamostra com neuromodulação prévia do DLPFC direito por
theta
-burst contínuo, com expectativa de retorno dos sintomas ao patamar do repouso quando a
efici
ência de controle inibitório for reduzida; convergência entre medidas subjetivas e objetivas,
incluindo
variabilidade da frequência cardíaca, condutância eletrodérmica e oscilação do centro de
pressão,
priorizando inferências que preservem o mesmo sinal em múltiplos domínios. As três primeiras
frentes
derivam de evidências causais e correlacionais sobre circuitos pré-frontais e beber compulsivo
em
humanos e modelos animais; a quarta segue boa prática de triangulação fisiológica quando desfechos
subjetivos
estão em foco (SICILIANO et al., 2019; TIMME et al., 2022; McNEILL et al., 2018;
SALLING
et al., 2018).
A
discussão subsequente vinculará o padrão observado ao mecanismo. Se a redução de sintomas sob
decisão
se confirmar, a interpretação principal atribuirá o efeito à regulação top-down exercida por
DLPFC
e dmPFC sobre núcleos do tronco que integram sinais vestibulares e viscerais, em consonância
com
literatura que posiciona o pré-frontal como coordenador do controle comportamental sob álcool.
Se
não houver diferença, a conclusão considerará que a dose utilizada e o conjunto de tarefas
pág. 6188
selecionadas
não produziram variação suficiente no estado de rede para afetar a percepção de mal-estar.
Em
caso de aumento de sintomas, o argumento examinará a hipótese de sobrecarga executiva sob
intoxicaçã
o, compatível com relatos de deterioração do controle quando o pré-frontal é perturbado
(KLENOWSKI,
2018; McNEILL et al., 2018; SICILIANO et al., 2019).
RESULTADOS

A
coleta encontra-se em curso. o há estimativas inferenciais ou valores descritivos a reportar.
Mant
ém-se o compromisso de divulgar, na versão final, todas as análises pré-especificadas, com
arquivos
de código e dicionário de variáveis em repositório público registrado previamente.
A
apresentação seguirá a ordem definida no plano estatístico. Primeiro, características da amostra, com
distribuição
de idade, sexo, consumo habitual de álcool e triagem vestibular. Em seguida, conferências
de
manipulação: trajetória da alcoolemia por condição e tempo, desempenho nas tarefas de decisão com
m
étricas de acurácia e tempo de reação, e taxa de exclusão de blocos. Na sequência, modelos lineares
mistos para n
áusea e tontura com fator condição e covariável de alcoolemia pontual, acompanhados de
estimativas
pontuais, intervalos de 95 por cento e ajuste por comparações múltiplas. Depois, resultados
para
marcadores fisiológicos e estabilidade postural, mantendo a mesma estrutura de reporte. Por fim,
an
álises de moderação por QI, tratadas como exploratórias e claramente identificadas como tal.
A subamostra de neuromodula
ção terá seção própria. O efeito de sessão sobre a diferença entre
condi
ções será apresentado com a interação sessão por condição e os respectivos intervalos de 95 por
cento.
Qualquer ocorrência adversa será listada em apêndice, com descrição clínica e desfecho.
pág. 6189
Figuras
e tabelas previstas serão geradas somente após bloqueio da base e verificação dupla:
Figura 1, trajet
órias de náusea e tontura por condição; Figura 2, alcoolemia por tempo; Figura 3,
estabilidade
postural; Figura 4, estimativas da interação na subamostra de neuromodulação. Tabela 1,
caracter
ísticas da amostra; Tabela 2, modelos para desfechos primários; Tabela 3, marcadores
fisiológicos; Tabela 4, modera
ção por QI.
Qualquer
desvio do plano será documentado com data, justificativa e impacto esperado sobre a
infer
ência. O módulo complementar do Gifted Debate Project somente será incorporado após aprovação
é
tica específica e consentimento, com reporte separado e integração posterior em metamodelo caso os
crit
érios a priori sejam atendidos.
DISCUSS
ÃO
O
enquadramento teórico aponta para um papel organizador do córtex pré-frontal na modulação de sinais
interoceptivos
sob intoxicação alcoólica, com DLPFC e dmPFC coordenando controle inibitório e
sele
ção de ações por vias descendentes para alvos troncoencefálicos. Evidências humanas com
interfer
ência focal por estimulação magnética contínua em theta-burst vinculam redução de controle e
aumento
de ingestão à manipulação do DLPFC, o que sustenta causalidade cortical sobre o
comportamento
em contexto alcoólico. Registros e intervenções em roedores mostram que assinaturas
c
órticotronco predizem e governam a transição para beber compulsivo de modo bidirecional, sugerindo
um
canal de ajuste do ganho aplicado a sinais aversivos e respostas autonômicas durante ação dirigida
a
metas. Em paralelo, alterações celulares no pré-frontal induzidas por álcool tipo binge, incluindo
redução
de Ih e queda de excitabilidade de neurônios piramidais, descrevem um mecanismo plausível
de
mudança de estado de rede com consequências para priorização de sinais vestibulares e viscerais sob
demanda
executiva. Esse conjunto dá suporte à hipótese de que estados de decisão e foco atencional
rebaixem
a saliência de desconforto interoceptivo durante intoxicação controlada.
Do
ponto de vista neuroquímico, a literatura translacional sobre mPFC em busca e manutenção do
consumo
de álcool descreve ajustes em transmissão glutamatérgica e GABAérgica, com impacto sobre
balan
ço excitaçãoinibição e sobre a capacidade de controle executiva, além de interações com circuitos
dopamin
érgicos que modulam avaliação de custo e benefício. Essa arquitetura favorece interpretações
nas
quais o engajamento pré-frontal durante tomada de decisão altera tanto o estado autonômico quanto
pág. 6190
a
leitura da própria sensação corporal, com redução da intrusão de sinais periféricos o relacionados à
meta
imediata. Modelos de controle em dois estágios ajudam a formalizar esse raciocínio, pois a fase de
seleção
e a fase de implementação elevam limiares para estímulos irrelevantes e mantêm o foco quando
a
exigência é alta.
A
relação entre aptidão cognitiva psicométrica e sensibilidade subjetiva à embriaguez permanece aberta.
Revisões
recentes sobre altas habilidades apontam heterogeneidade socioemocional e vantagem discreta
em
medidas de inteligência emocional baseada em habilidade, quadro que não equivale a menor
percepção
de tontura ou náusea em intoxicação aguda. A opção metodológica de tratar o QI como
moderador
exploratório evita extrapolações e deixa a interpretação condicionada à evidência empírica
futura.

Implica
ções experimentais seguem três linhas. Primeira, uso de medidas vestibulares instrumentais,
como
oscilação do centro de pressão e testes oculomotores, para cotejar autorrelato com marcadores
objetivos.
Segunda, manipulações do estado de rede por neuromodulação não invasiva em DLPFC
direito,
com avaliação do deslocamento das diferenças entre decisão e repouso, estratégia alinhada a
achados
causais em humanos. Terceira, mapeamento funcional por neuroimagem para rastrear
comunicação
entre pré-frontal e alvos subcorticais durante a tarefa, distinguindo modulação do
desconforto
de simples supressão atencional de sinais periféricos. A soma desses elementos possibilita
separar
efeitos de foco de efeitos de dose, além de ampliar validade inferencial do protocolo.
Aplica
ções práticas exigem cautela. A hipótese descreve um mecanismo de atenuação perceptiva sob
engajamento
executivo e alcoolemia controlada, não um benefício comportamental generalizável a
contextos
operacionais de risco. Segurança e uso responsável de álcool permanecem como premissas
normativas.
O valor do presente programa reside em esclarecer vínculos entre controle executivo,
estados
autonômicos e experiência subjetiva, com potencial para orientar intervenções cognitivas ou
neuromodulat
órias em cenários clínicos específicos.
CONCLUS
ÃO
O
estudo propõe uma hipótese verificável: durante intoxicação alcoólica em alcoolemia equivalente, o
estado
de decisão orientada a metas reduz a intensidade subjetiva de tontura e náusea em relação ao
repouso,
por recrutamento de circuitos pré-frontais com modulação descendente de sinais
pág. 6191
interoceptivos.
A arquitetura implicada envolve DLPFC, dmPFC e ACC projetando-se a alvos
troncoencef
álicos que integram respostas autonômicas e vestibulares, com ajustes glutamatérgicos e
GABA
érgicos e participação moduladora dopaminérgica e noradrenérgica em estados de controle. As
previsões
a serem testadas são claras: sob a mesma alcoolemia, haverá queda nas escalas de náusea e
tonturadurante
a decisão, acompanhada por maior variabilidade da frequência cardíaca, menor
condut
ância eletrodérmica e menor oscilação do centro de pressão. A interferência pré-frontal por
estimula
ção magnética theta-burst à direita deverá atenuar esse benefício, reduzindo a diferença entre
decisão
e repouso. O QI psicométrico será tratado como moderador exploratório; não se assume efeito
principal
a priori sobre a percepção de embriaguez. Os critérios de corroboração são a presença do
padrão
descrito com estabilidade após ajuste pela alcoolemia pontuale convergência entre autorrelatos
e
marcadores fisiológicos. O conjunto é refutado se não houver diferença entre condições em múltiplos
desfechos,
ou se a neuromodulação pré-frontal não deslocar as diferenças esperadas. Resultados
alternativos
com aumento de sintomas e queda de desempenho serão interpretados como sobrecarga
executiva
sob álcool. Confirmada a hipótese, o trabalho delimita um mecanismo cortical de atenuação
perceptiva
em intoxicação aguda, útil para orientar intervenções cognitivas ou neuromodulatórias em
contextos
controlados. Não se infere qualquer recomendação operacional fora de ambiente clínico ou
experimental.

REFERÊ
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