Neuroanatomia
em pacientes com transtorno depressivo persistente e as altera��es das c�lulas
imunes
Prof. Dr. Fabiano
de Abreu Agrela Rodrigues[1]
RESUMO
Esse trabalho analisou estudos que combinaram
m�todos de neuroimagem estrutural e funcional em pacientes deprimidos em
compara��o com controles. Tamb�m procurei simplificar o Transtorno Depressivo
Persistente (TDP) devido a din�mica atual de leitura, j� que o intuito �
alertar para o transtorno em si. O estudo aprovado pelo comit� de �tica local
da Dresden University of Technology, sobre o TDP levar �s altera��es nas
c�lulas imunes motivou-me a um aprofundamento sobre o transtorno, e as
respectivas �reas do c�rebro que sofrem altera��es anat�micas. Assim como os
neurotransmissores envolvidos.
Palavras-chave: TDP,
HPA, transtorno depressivo, estudo da depress�o, neuroanatomia da depress�o
Neuroanatomy in patients with persistent
depressive disorder and immune cell changes
ABSTRACT
This work analyzed
studies that combined structural and functional neuroimaging methods in
depressed patients compared to controls. I also tried to simplify Persistent
Depressive Disorder (PDD) due to the current dynamics of reading, since the
intention is to alert to the disorder itself. The study approved by the Dresden
University of Technology's local ethics committee on TDP leading to changes in
immune cells motivated me to delve deeper into the disorder, and the respective
areas of the brain that undergo anatomical changes. As well as the
neurotransmitters involved.
Keywords: PDD, HPA, depressive disorder, study of depression,
neuroanatomy of depression
Art�culo
recibido:� 03 marzo 2022
Aceptado para
publicaci�n: 20 marzo 2022
Correspondencia:
[email protected]
Conflictos de
Inter�s: Ninguna que declarar
INTRODU��O
Deve-se identificar adequadamente e de forma
oportuna a depress�o para melhor compreender, prevenir e tratar casos como o
exemplo do Transtorno Depressivo Persistente (TDP). Estudos de neuroimagem
revelaram anormalidades generalizadas na estrutura e fun��o cerebral em
pacientes com depress�o, revelando a necessidade de explorar anormalidades na
estrutura e fun��o do c�rebro e n�veis alterados de metab�licos para definir
melhores aplica��es diagn�sticas e terap�uticas. Muitos estudos concluem a
rela��o da conectividade de rede de modo padr�o aprimorada associada �
integridade estrutural cerebral reduzida.
O estudo aprovado pelo comit� de �tica local
da Dresden University of Technology descobriu que os transtornos depressivos
podem levar a altera��es nas c�lulas imunes, o que chama a aten��o para uma
melhor preven��o, diagn�sticos e tratamentos. Este estudo n�o s� visa analisar
as anormalidades fisiol�gicas mais consistentes e salientes na hiperatividade
do eixo hipot�lamo-hip�fise-adrenal (HPA) e inflama��o cr�nica de baixo grau
associada a n�veis elevados de cortisol e citocinas pr�-inflamat�rias, respectivamente,
como buscar compreender as nuances deste transtorno de forma resumida.
Transtorno Depressivo
Persistente (TDP)
Tamb�m conhecido como Distimia, o Transtorno
Depressivo Persistente (TDP) � um dist�rbio mental que afeta pessoas de todas
as idades e desencadeia depress�o em idosos. O quadro tem em seu diagn�stico a
persist�ncia dos sintomas depressivos por mais de dois anos. O TDP � uma
depress�o leve ou moderada que n�o desaparece. Uma pessoa com TDP tem um humor
triste, sombrio ou deprimido e dois ou mais outros sintomas de depress�o. Sua
diferen�a para a depress�o � que o TDP � menos grave do que o transtorno
depressivo maior (TDM), mas pode desencade�-lo.
S�o sintomas depressivos que persistem por
≥ 2 anos sem remiss�o em adultos e pelo menos um ano em crian�as e
adolescentes, uma categoria que consolida os transtornos anteriormente
denominados transtornos maiores cr�nico e transtorno dist�mico. Os sintomas
come�am durante a adolesc�ncia e podem persistir durante at� d�cadas. Uma
depress�o que oscila, acima e abaixo do linear de uma depress�o maior.
O comportamento � de pessoas habitualmente
melanc�licas, pessimistas, passivos, sem senso de humor, introvertidos,
let�rgicos, hipercr�ticos de si mesmos, dos outros e queixosos. Com maiores
chances de apresentarem transtornos de ansiedade, uso abusivo de subst�ncias ou
transtornos de personalidade dram�tica como histri�nico, borderline, entre
outras.
Diferentemente da depress�o maior, no TDP,
alguns sintomas s�o caracterizados por comportamentos extremos. Para o
diagn�stico, os pacientes devem ter tido humor deprimido na maior parte do dia
por um n�mero maior de dias do que os dias sem sintomas durante ≥ 2 anos,
e ≥ 2 dos seguintes:
�
Baixo apetite ou comer em
excesso;
�
Sentimento de desesperan�a,
inutilidade e/ou isolamento;
�
Ins�nia, agita��o ou
hipersonia;
�
Problemas no relacionamento;
�
Problemas para dormir ou
dormir demais;
�
Baixa energia, fadiga ou
hiperatividade;
�
Baixa autoestima;
�
Ang�stia sem causa aparente;
�
Falta de concentra��o ou
dificuldade em tomar decis�es;
�
Sentimentos de desespero;
Um estudo realizado pela
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, relatou um
aumento de problemas emocionais que podem levar ao transtorno depressivo
persistente. Os fatores psicossociais s�o considerados como um dos principais
determinantes para esse quadro e � comum o n�o reconhecimento do problema por
parte do paciente, confundindo se s�o pensamentos negativos ou apenas
moment�neos. Pessoas mais predispostas aos transtornos de humor est�o, geralmente,
no grupo de risco para o TDP, mais comuns em pessoas psicologicamente mais
vulner�veis. As mulheres apresentam maior risco de preju�zos emocionais.
O tratamento para TDP pode
variar de acordo com o perfil do paciente e o n�vel de gravidade do quadro e incluem:
�
medicamentos para controle da
depress�o e da ansiedade;
�
psicoterapias combinadas com
medicamentos e estimula��es cerebrais;
�
psicoeduca��o baseada em
orienta��es psicol�gicas e atividades alternativas;
�
terapia
cognitivo-comportamental combinada com rem�dios psiqui�tricos;
�
acompanhamento
neuropsiqui�trico;
�
Inibidores seletivos da
recapta��o da serotonina (ISRSs);
�
Inibidores da recapta��o de
serotonina-norepinefrina (SNRIs);
O paciente pode precisar tomar medica��o por
um m�s ou mais antes de sentir a diferen�a
O TDP pode estar relacionado aos baixos
n�veis de serotonina, desencadeado por eventos traum�ticos ou sequ�ncia de
eventos impactantes negativamente. A maioria das pessoas com TDP tamb�m tem um
epis�dio de depress�o maior pelo menos uma vez em algum momento, que �s vezes �
chamado de �depress�o dupla�.
Para prevenir e/ou torn�-la
menos grave:
�
Coma uma dieta bem equilibrada
de alimentos nutritivos;
�
Exercite-se v�rias vezes por
semana;
�
Limite o �lcool e evite drogas
recreativas;
�
Tomar os medicamentos
prescritos corretamente e discutir quaisquer poss�veis efeitos colaterais com o
profissional da sa�de;
�
Fique atento a quaisquer
altera��es no TDP e converse com seu m�dico sobre elas;
�
Fa�a algo de bom para outra
pessoa;
�
Controle a ansiedade e o
estresse;
�
Fa�a um tratamento precoce, ao
primeiro sinal de um problema;
�
Tenha momentos de lazer;
�
Conviva com quem tenha
atitudes positivas;
�
Pinte ou experimente algumas
artes e of�cios;
�
Passe um tempo fora, viaje;
�
Passe tempo com amigos,
pessoalmente ou ao telefone;
�
Caminhe com amigos ou
familiares, fa�a atividades que relaxe;
Fatores
de risco
Certos fatores podem aumentar
o risco de desenvolver ou desencadear transtorno depressivo persistente,
incluindo:
�
Ter um parente de primeiro
grau com transtorno depressivo maior ou outros transtornos depressivos;
�
Eventos de vida traum�ticos ou
estressantes, como a perda de um ente querido ou problemas financeiros;
�
Tra�os de personalidade que
incluem negatividade, como baixa autoestima e ser muito dependente, autocr�tico
ou pessimista;
�
Hist�ria de outros transtornos
de sa�de mental, como um transtorno de personalidade;
Personalidades
de risco
Em
princ�pio, a personalidade geralmente dura a vida toda, enquanto os humores v�m
e v�o. Mas a distimia tem que durar mais do que qualquer outro transtorno
psiqui�trico no manual. Isso pode dificultar a distin��o de um transtorno de
personalidade � especialmente o grupo que inclui personalidade esquiva,
dependente e obsessivo-compulsiva, com seus sintomas de timidez, preocupa��o
excessiva, desamparo e retraimento social.
Alguns
preferem falar de um transtorno de personalidade depressiva. Esse diagn�stico
foi retirado do manual oficial em 1980, mas foi reintroduzido como um poss�vel
t�pico de investiga��o. Os sintomas propostos incluem uma forte tend�ncia a
criticar a si mesmo e aos outros, pessimismo, culpa, melancolia e melancolia.
Anedonia e sintomas f�sicos n�o fazem parte da defini��o, mas esse transtorno
de personalidade tem muito em comum com a distimia.
O
humor e a personalidade s�o o clima emocional e o clima emocional dos
indiv�duos, de modo que os sintomas dos transtornos de humor e personalidade se
sobrep�em naturalmente. Os esquemas de pensamento que os terapeutas cognitivos
encontram nas ra�zes da depress�o maior e da distimia � certas cren�as sobre o
eu, o mundo e o futuro � tamb�m s�o a base da personalidade depressiva.
Dist�rbios de humor podem ter efeitos no estado emocional e na vida social de
uma pessoa que se assemelham a um transtorno de personalidade. E as pessoas s�o
mais facilmente desmoralizadas e se recuperam mais lentamente de qualquer
estresse ou infort�nio se forem pessimistas e autocr�ticas por natureza � ou
emocionalmente inst�veis, impulsivas e hipersens�veis � perda. (Harvard
Newsletter)
Transtornos depressivos podem
levar a altera��es nas c�lulas imunes
Pessoas que sofreram de transtorno depressivo
persistente (TDP), a ter o diagn�stico marcado pela persist�ncia dos sintomas
depressivos por mais de dois anos, apresentam aumento da deformabilidade
celular em mon�citos e neutr�filos (grupo de c�lulas do sistema imunol�gico que
tem a fun��o de defender o organismo de corpos estranhos, como v�rus e
bact�rias), j� os eritr�citos (gl�bulos vermelhos ou hem�cias ) e os linf�citos
(gl�bulos brancos) foram mais deform�veis no transtorno depressivo persistente
presente. Associando assim o TDP ao aumento da deformabilidade das c�lulas
sangu�neas.
A hiperatividade do HPA e a inflama��o
cr�nica de baixo grau representam marcos do modelo fisiopatol�gico, os
resultados apontam ainda para uma imunidade persistentemente ativada nos
transtornos depressivos. Em combina��o com o metabolismo lip�dico alterado e a
montagem da membrana da c�lula sangu�nea, � muito prov�vel que ocorram
altera��es funcionais celulares mediados por adapta��es do citoesqueleto.
Altera��es funcionais celulares podem ser detectadas doen�a-espec�ficas por
medidas morforreol�gicas, potencialmente levando a um marcador de
co-diagn�stico.
A deformabilidade das c�lulas foi alterada de
maneira espec�fica da doen�a. Os resultados sugerem que dist�rbios depressivos
est�o associados a um aumento geral na deformabilidade das c�lulas sangu�neas,
enquanto para o tamanho das c�lulas nenhuma diferen�a foi observada. As
diferen�as mais consistentes foram encontradas em linf�citos, mon�citos e
neutr�filos, destacando o impacto dos transtornos depressivos nas propriedades
mec�nicas das c�lulas imunes prim�rias. A corre��o para testes m�ltiplos
destaca diferen�as na deformabilidade celular na fra��o de c�lulas
granulo-mon�citos e neutr�filos em indiv�duos com TDP ao longo da vida em
compara��o com controles saud�veis para ser mais pronunciada.
O aumento dos n�veis de glicocorticoides e
catecolaminas resulta em aumento da contagem de gl�bulos brancos, � medida que
as c�lulas se desmarginam das paredes dos vasos. Curiosamente, essas
observa��es foram recentemente associadas ao amolecimento celular. Neste
estudo, n�veis elevados de gl�bulos brancos circulantes em indiv�duos que
sofrem de transtornos depressivos n�o podem ser confirmados, presumivelmente
devido ao menor tamanho da amostra e ao menor poder resultante para detectar as
diferen�as relativamente pequenas na contagem de c�lulas imunes. Por outro
lado, foi encontrado aumento da deformabilidade eritrocit�ria em indiv�duos com
TDP. O controle r�gido da deformabilidade eritrocit�ria homeost�tica �
discut�vel de grande import�ncia para fornecer passagem atrav�s de capilares
estreitos e suprimento de oxig�nio tecidual, cr�tico para v�rios �rg�os,
incluindo o sistema nervoso central.
O eixo HPA responde a estressores agudos,
incluindo estresse e ansiedade excessiva, liberando uma s�rie de horm�nios e
neuroester�ides que permitem que o indiv�duo reaja com uma resposta fisiol�gica
apropriada. Quando o estresse agudo ocorre, o hipot�lamo libera o fator de
libera��o de corticotrofina (CRF), na hip�fise anterior, liberando
corticotrofina ou ACTH, que atua nas gl�ndulas suprarrenais e provoca a
libera��o de cortisol. O cortisol age nos receptores glicocorticoides (GC) do
hipocampo e do hipot�lamo para suprimir a atividade do eixo HPA regulado por um
circuito de feedback negativo, evitando uma ativa��o cr�nica e prejudicial do
eixo HPA. Os receptores GABA localizados no hipot�lamo exercem um efeito
inibit�rio que desliga a atividade do eixo HPA impedindo a libera��o de CRF. O
neuroester�ide alopregnanolona (3α,5α-THP), o metab�lico da
progesterona, atua como um modelador alost�rico (agonista inverso em uma prote�na
alvo) positivo dos receptores GABA. A liga��o do alopregnanolona, a receptores
GABA aumenta a liga��o deste a receptores e atua no silenciamento do eixo HPA.
Transtornos psiqui�tricos entre eles o TDP e
TDM tem sido relacionado a disfun��o no eixo HPA podem ser causados por fatores
gen�ticos ou epigen�ticos que afetam a fun��o do receptor de glicocorticoide ou
de GABA. A atividade do eixo HPA em deprimido est� aumentada ou desregulada.
Os
efeitos anti-inflamat�rios e imunossupressores dos glicocorticoides s�o evidentes
em doses farmacol�gicas, ao passo que, fisiologicamente, esses horm�nios
possuem importante papel regulat�rio no sistema imunol�gico. V�rios estudos t�m
demonstrado que a fun��o do RG se encontra prejudicada na depress�o resultando
em reduzido feedback negativo mediado por RG no eixo HPA e produ��o e secre��o
aumentadas de CRH em v�rias regi�es cerebrais possivelmente envolvidas na
etiologia da depress�o. O conceito da sinaliza��o deficiente pelo RG � um
mecanismo-chave na patog�nese da depress�o. Os dados indicam que os
antidepressivos t�m efeitos diretos no RG, conduzindo � fun��o intensificada e
� express�o aumentada do RG. O mecanismo de altera��o desses receptores envolve
tamb�m componentes n�o esteroides, tais como citocinas e neurotransmissores.
(VILELA et all, 2014)
As principais anormalidades do eixo HPA na
depress�o maior, por exemplo, incluem aumento da secre��o e reatividade do
cortisol, n�veis basais elevados de CRH no l�quido cefalorraquidiano, bem como
aumento dos volumes e da atividade da hip�fise e da gl�ndula adrenal.
resist�ncia aos glicocorticoides onde os n�veis elevados de cortisol s�o
resistentes � regula��o por feedback pelo eixo HPA que est� relacionado a uma
disfun��o dos receptores de glicocorticoides. A resist�ncia aos glicocorticoides
se desenvolva como consequ�ncia da inflama��o subcl�nica. A inflama��o
subcl�nica aparece tamb�m em pacientes com hist�ria de trauma na inf�ncia o que
leva a crer na associa��o entre estresse precoce e inflama��o em todo tipo de
depress�o. H� uma associa��o entre a microbiota intestinal e o eixo HPA na
depress�o, e as evid�ncias dispon�veis s�o baseadas em estudos em modelos
animais. V�rios estressores podem afetar a abund�ncia de Lactobacilli , Bacteroides
e Clostridium em modelos animais, bem como a integridade intestinal.
Probi�ticos � base de Lactobacillus e Bifidobacteriumf oram
encontrados para restaurar a disfun��o do eixo HPA induzida pelo estresse
ajudam a melhorar a aprendizagem, a mem�ria, bem como os sintomas de depress�o
e ansiedade.
Neuroanatomia do TDP
Ativa��o significativamente reduzida no
c�rtex pr�-frontal dorsolateral, hiperatividade na am�gdala, cingulado anterior
e �nsula. Achados sugerem envolvimento do c�rtex pr�-frontal, cingulado
anterior, am�gdala e �nsula nos circuitos
neurais subjacentes � TDP.
Figura
2- Cr�ditos da imagem em:
https://www.researchgate.net/figure/Dysthymic-patients-showed-significantly-more-right-amygdala-top-left-right-thalamic_fig1_24262516
H� a hip�tese de que a redu��o da
neurotransmiss�o no sistema mesol�mbico de dopamina (DA) pode sustentar alguns
dos sintomas de condi��es depressivas. A DA mesol�mbica desempenha um papel
crucial no controle de incentivo, motiva��o e recompensa. H� tamb�m uma
atividade reduzida da DA no sistema l�mbico, revertida pelo tratamento
antidepressivo cr�nico.
A interrup��o dos neurotransmissores
serotonina, epinefrina, norepinefrina e glutamato desempenha um papel no TDP.
Os neurotransmissores serotonina, dopamina e norepinefrina viajam atrav�s da
massa cinzenta. Quando reduz a quantidade de massa cinzenta, atrapalha a
passagem sesses neurotransmissores, levando os sintomas do dist�rbio.
A hip�tese que sobrevive at� hoje � a da
�depress�o monoamina�, ou seja, a depress�o como transtorno � causada pela
defici�ncia de uma monoamina, seja serotonina (5-hidroxitriptamina � 5-HT)
(ansiedade de intensidade leve a moderada) ou do tipo noradren�rgico (colora��o
apatab�lica, express�o end�gena). H� estudos que destacam as altera��es nas
concentra��es de serotonina e metab�litos de norepinefrina (noradrenalina �
NA), diminui��o de seus valores, mostrando que as respostas neuroend�crinas �
estimula��o de receptores serotonin�rgicos e noradren�rgicos n�o foram bem
sucedidas, com recorr�ncia de sintomas depressivos.
Estudos post-mortem realizados em pacientes
com TDM mostraram tanto um baixo n�mero de c�lulas gliais quanto uma altera��o
de sua morfologia, que � encontrada principalmente no CPF em compara��o com
outras regi�es do c�rebro. A exposi��o ao estresse, segundo estudos recentes,
induz patologias nas c�lulas gliais, fato demonstrado pela diminui��o de sua
densidade no hipocampo e diminui��o da densidade de astr�citos no CPF em
estudos realizados em animais expostos ao estresse cr�nico. Os resultados
sugerem que a fun��o glial � deficiente ou mesmo comprometida no CPF e
representa o substrato anat�mico dos sintomas depressivos. Estamos falando aqui
de uma comunica��o intercelular juncional que envolve uma lacuna entre as
se��es, uma lacuna percept�vel nos astr�citos e que, por sua vez, leva a
altera��es na fun��o neural no CPF.
Na depress�o, encontramos hiperatividade em
�reas l�mbicas, sabidamente associadas ao processamento de emo��es. Eles s�o
inibidos pelas �reas pr�-frontais caso se tornem inadequados. Um circuito bem
estabelecido que inclui o CPF lateral, CPF medial, OFC, ACC, hipocampo, t�lamo
e am�gdala. O modelo c�rtico-estriatal destaca que as estruturas subcorticais
s�o importantes no processamento da informa��o. Existem al�as
cortical-estriado-pallado-tal�micas sobrepostas localizadas em paralelo, e
qualquer disfun��o estriatal causa sintomas de retardo psicomotor. O tempo de
rea��o � dependente do n�vel de oxigena��o do sangue, que por sua vez regula a
concentra��o, estabilidade e seletividade da aten��o (dependente do n�vel de
oxigena��o do sangue � BOLD). Uma atividade aumentada � encontrada nas �reas
expostas acima quando o sujeito realiza a��es direcionadas a um objetivo, o que
envolve tanto a emotividade quanto a cogni��o no n�vel de tomada de decis�o.
Encontramos um comprometimento do BOLD, bem como uma hipoatividade nas �reas
corticais descritas em pessoas clinicamente deprimidas, em compara��o com os
grupos de controle. O PFC tem um efeito regulador inibit�rio significativo nas
estruturas l�mbicas. Quando o CPF est� comprometido na depress�o, o equil�brio
entre as estruturas do neurocircuito � perturbado devido � diminui��o da
atividade no CPF. Essa disfun��o produz sintomas cl�nicos em termos de
comportamento e intelecto, sendo a neurofisiopatologia baseada em dist�rbios
neuroend�crinos, dist�rbios de neurotransmissores, dist�rbios do sistema
aut�nomo e disfun��es imunol�gicas, todos caracter�sticos do TDM. Os
antidepressivos aumentam as concentra��es de neurotransmissores monoamin�rgicos
e podem reverter altera��es estruturais levando a modula��es ben�ficas no
neurocircuito l�mbico do PFC interrompido.
Ter pais diagnosticados com depress�o aumenta
tr�s vezes o risco de a prole desenvolver um epis�dio depressivo. Pesquisas
afirmam que a hist�ria familiar n�o est� exclusivamente relacionada aos
sintomas, mas at� mesmo associada a altera��es estruturais neuroanat�micas
� sabido que traumas na inf�ncia levam a
altera��es na estrutura cerebral, apresentando um c�rtex insular diminu�do,
regi�o do c�rebro respons�vel pelas emo��es. N�o somente essa regi�o, como
tamb�m o hipocampo, am�gdala e c�rtex pr�-frontal medial s�o alterados.
A am�gdala e o hipocampo regulam o sistema
HPA e a resposta ao estresse de uma maneira coordenada, tanto com a
hiperatividade da am�gdala, relacionada a mem�rias inconscientes estabelecidas
por mecanismos de condicionamento pela ansiedade quanto com a diminui��o de
atividade do hipocampo, o qual participa no armazenamento de mem�rias
conscientes durante uma situa��o de aprendizado traum�tico. O complexo cerebral
receptor do GABA apresenta densidade diminu�da dos receptores benzodiazep�nicos
e n�o-benzodiazep�nicos nas c�lulas do sangue perif�rico. Pelo menos dois
receptores cr�ticos, especialmente serotonina 1A, receptor do fator de
libera��o do corticotrofina e alguns subtipos de receptores do GABA parecem ser
respons�veis por alguns dos circuitos da ansiedade.
Na depress�o, a hiperatividade da am�gdala
pode faz�-la liberar quantidades excessivas de horm�nio do estresse, que
aumenta a ansiedade resultando numa maior libera��o de mais horm�nios
resultando num aumento da am�gdala, tal como o hipocampo, esta altera��o no
tamanho pode ser invertida, tende a decrescer, especialmente em mulheres, com a
cronicidade.
CONCLUS�O
No campo da neuroci�ncia tem vindo a ser
questionadas as altera��es que os transtornos depressivos podem causar nas
c�lulas imunes. Um tema pertinente nos dias de hoje, em que quadros depressivos
est�o muito presentes.
Os estudos mais recentes neste campo t�m
demonstrado que as pessoas que sofreram de transtorno depressivo (TDP), a ter o
diagn�stico marcado pela persist�ncia dos sintomas depressivos por mais de dois
anos, apresentam aumento da deformabilidade celular em mon�citos e neutr�filos
(grupo de c�lulas do sistema imunol�gico que tem a fun��o de defender o organismo
de corpos estranhos, como v�rus e bact�rias).
� ainda importante mencionar que os
eritr�citos (gl�bulos vermelhos ou hem�cias) e os linf�citos (gl�bulos brancos)
foram mais deform�veis no transtorno depressivo persistente presente, desta
forma pode fazer-se a associa��o entre o TDP ao aumento da deformabilidade das
c�lulas sangu�neas.
As minhas pesquisas neste campo t�m por ponto
de apoio inicial este estudo que foi aprovado pelo comit� de �tica local da
Dresden University of Technology. Desta forma, apoiado pelo Hospital
Universit�rio Martin Dockweiler com quem celebrei recentemente parceria, espero
obter mais detalhes num estudo que leva a cabo que tem como tema as
anormalidades fisiol�gicas mais consistentes e salientes na hiperatividade do
eixo hipot�lamo-hip�fise-adrenal (HPA) e inflama��o cr�nica de baixo grau
associada a n�veis elevados de cortisol e citocinas pr�-inflamat�rias,
respectivamente.
Neuroanatomicamente, os dados sustentam a
no��o de que o TDM/TDP envolvem altera��es patol�gicas de estruturas l�mbicas e
corticais, e que geralmente s�o mais aparentes em pacientes com formas mais
graves ou persistentes da doen�a.
As principais regi�es l�mbicas subcorticais
do c�rebro implicadas na depress�o s�o a am�gdala, o hipocampo e o t�lamo
dorsomedial. Anormalidades estruturais e funcionais nessas �reas foram
encontradas na depress�o. Volumes hipocampais diminu�dos foram observados em
indiv�duos com depress�o.
N�veis alterados de metab�licos s�o
encontrados em pacientes com depress�o, demonstrando o envolvimento de
metab�litos de sinaliza��o celular, componentes da membrana celular,
neurotransmissores, mediadores inflamat�rios e imunol�gicos, ativadores e
precursores de horm�nios e controladores do sono. A investiga��o de mol�culas
por meio da an�lise metabol�mica poderia auxiliar na descoberta de
biomarcadores potencialmente relacionados � predisposi��o, desenvolvimento e
progn�stico dos transtornos de depress�o e outras doen�as mentais.
Para quem faz uso de medicamentos, deve-se
ter cuidado com a suplementa��o podendo aumentar o n�vel de subst�ncias que j�
s�o controladas via medica��o.� O TDP
pode estar relacionado aos baixos n�veis de serotonina, desencadeado por
eventos traum�ticos ou sequ�ncia de eventos impactantes negativamente. A
maioria das pessoas com TDP tamb�m tem um epis�dio de depress�o maior pelo
menos uma vez em algum momento, que �s vezes � chamado de �depress�o dupla�.
Traumas na inf�ncia levam a altera��es na estrutura cerebral, apresentando um
c�rtex insular diminu�do, regi�o do c�rebro respons�vel pelas emo��es. N�o
somente essa regi�o, como tamb�m o hipocampo, am�gdala e c�rtex pr�-frontal
medial s�o alterados.
Tamb�m � analisado altera��es na microbiota
intestinal, h� uma associa��o entre a microbiota intestinal e o eixo HPA na depress�o
onde estressores podem afetar a abund�ncia de Lactobacilli , Bacteroides
e Clostridium, bem como a integridade intestinal. Probi�ticos � base de
Lactobacillus e Bifidobacterium ajudam restaurar a disfun��o do eixo HPA
induzida pelo estresse e a melhorar a aprendizagem, a mem�ria, bem como os
sintomas de depress�o e ansiedade.
TDP tem sido relacionado a disfun��o no eixo
HPA que podem ser causados por fatores gen�ticos ou epigen�ticos; afetam a
fun��o do receptor de glicocorticoide ou de GABA. A atividade do eixo HPA em
deprimido est� aumentada ou desregulada.
A hiperatividade do eixo HPA, a inflama��o
cr�nica de baixo grau e a composi��o lip�dica perturbada combinadas, resultando
em aumento da deformabilidade das c�lulas sangu�neas, potencialmente levam �
integridade geral reduzida e � funcionalidade alterada das c�lulas sangu�neas.
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[1] PhD em neuroci�ncias,
mestre em psicologia, licenciado em biologia e hist�ria; tamb�m tecn�logo em
antropologia com v�rias forma��es nacionais e internacionais em neuroci�ncias.
� diretor do Centro de Pesquisas e An�lises Her�clito (CPAH), Cientista no Hospital
Universit�rio Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ci�ncias e Tecnologia
da Logos University International, Membro ativo da Redilat - La Red de
Investigadores Latino-americanos, do comit� cient�fico da Ci�ncia Latina, da
Society for Neuroscience, maior sociedade de neuroci�ncias do mundo nos Estados
Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bol�via, Escuela
Europea de Neg�cios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na
Universidad Santander de M�xico.