O dia dele. O sil�ncio. Qual seria o poder que emana dos diversos sentidos do silncio para quem o experimentou? Desvende-se

 

Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues

PhD em Neuroci�ncias , Mestre em Psicologia e Bi�logo

 

Cibele Torres de Oliveira

Psic�loga

 

Angelica de Sousa

Psic�loga

 

Adriana Soares Lopes

Psic�loga

 

Roselene Esp�rito Santo Wagner

Psic�loga

Centro de Pesquisas e An�lises Her�clito CPAH

 

 

RESUMO

O sil�ncio e seu potencial para uma homeostase, que proporciona bem-estar e sa�de t�m sido objeto de estudo de v�rias �reas que englobam as ci�ncias da sa�de e sociais. Neuroci�ncia, Antropologia, Psicologia, Psican�lise. Estes campos de estudo nortearam o presente artigo, realizado atrav�s de uma revis�o bibliogr�fica abrangente. O sil�ncio perpassa por diversos sentidos, entre os quais: omiss�o, opress�o, sabedoria, neutralidade, esvaziamento ou ainda, um encontro consigo mesmo. Quando h� um encontro, pode-se extrair de si informa��es valiosas. Uma constante busca por equil�brio, que carrega consigo a capacidade do sujeito de ser protagonista da sua sa�de, em seus diversos vieses: f�sica, mental e espiritualmente.

 

Palavras-Chave: sil�ncio; sa�de; tratamento

 

 

 

His day. The silence. What would be the power that emanates from the different senses of silence for those who have experienced it? Unravel

 

ABSTRACT

Silence and its potential for homeostasis, which provides well-being and health, have been the object of study of several areas that encompass the health and social sciences. Neuroscience, Anthropology, Psychology, Psychoanalysis. These fields of study guided the present article, carried out through a comprehensive bibliographical review. Silence goes through several meanings, among which: omission, oppression, wisdom, neutrality, emptiness or even an encounter with oneself. When there is an encounter, valuable information can be extracted from oneself. A constant search for balance, which carries with it the ability of the subject to be the protagonist of his health in its various aspects: physically, mentally and spiritually.

 

Keywords: silence; health; treatment

 

 

 

Art�culo recibido:20 marzo 2022

Aceptado para publicaci�n: 15 abril 2022

Correspondencia: [email protected]

Conflictos de Inter�s: Ninguna que declarar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODU��O

As pessoas querem falar. Muitas querem tagarelar. A maioria quer ser ouvida, compreendida em suas vit�rias, dores, ang�stias, feridas. Ficam tentando controlar tudo, numa v� tentativa de achar, assim, de repente, um sentido para suas vidas. Sem saberem que provavelmente, a paz que sempre quiseram talvez esteja no sil�ncio que n�o conhecem, nunca experimentaram, nunca fizeram.

O que � poss�vel ouvir e apreender atrav�s do sil�ncio? O que a neuroci�ncia, a antropologia, a psicologia e a psican�lise revelam-nos sobre os benef�cios curativos do vazio das palavras, do vazio dos pensamentos? Do al�vio de esvaziar-se de um som escandaloso de uma mente hiperativa, agitada? Do poder de um sono reparador, de interromper por alguns instantes uma rotina cansativa, ao silenciar uma boca cheia de palavras?

Porque tantos t�m medo de ouvir, no sil�ncio, um tom ensurdecedor e simplesmente n�o conseguem lidar com ele? Ver o que o sil�ncio pode proporcionar? Que medo � esse do sil�ncio? Ser� que Ele, ao Imperar, pode revelar uma caracter�stica inconsciente? Uma caracter�stica que voc� n�o quer saber?

E diante do sil�ncio, interrompem-no, como quem tivesse receio de ficar perplexo ou sem palavras. Parafraseando Freud, esconder-se � um privil�gio, mas n�o ser encontrado � uma cat�strofe.

Como podemos nos comunicar e nos beneficiar atrav�s do sil�ncio? Porque os autistas e os artistas, na contram�o, muitas vezes preferem o sil�ncio ao barulho, que lhes incomodam demasiadamente?

Eles certamente t�m outra forma de perceber o mundo. As respostas para todas essas indaga��es s�o objeto de pesquisa do presente artigo. Embasadas t�cnica e cientificamente, atrav�s de revis�o bibliogr�fica, feita de forma atenta e concentrada, mas nem sempre silenciosamente.

Apresentar-se-� informa��es surpreendentes, que ir�o ajudar o leitor a dominar a sua mente, antes que suas emo��es o fa�am perecer, como Narciso, ao olhar uma imagem vazia de significado.

Essa jornada rumo ao sil�ncio come�a com uma simples indaga��o: O que seria o sil�ncio?

Recorreu-se ao dicion�rio e as seguintes respostas foram enunciadas: estado de quem se cala ou se abst�m de fala. Priva��o, volunt�ria ou n�o, de falar, publicar, escrever, pronunciar quaisquer palavras ou sons, incluindo priva��o de manifestar os pr�prios pensamentos.

Portanto, pela prpria defini��o, pode-se inferir que o sil�ncio no � simplesmente o oposto de uma evid�ncia sonora, mas um estado profundo que � inerente ao esvaziar-se, incluindo o pr�prio pensamento.

O N�O-DITO EMBASADO PELA PSICAN�ISE, GESTALT E ANTROPOLOGIA

Barthes (2003) deixa impl�cito que o sujeito deseja o neutro, logo, postularia esse neutro. O autor pressup�e que o sujeito, a princ�pio, teria uma tend�ncia a negar o neutro. Este, sob sua �tica, diria sobre a suspens�o de qualquer paradigma, (qualquer imposi��o arrogante de sentido, ainda que atrelada a uma edifica��o subjetiva). O neutro seria, em primeira inst�ncia, o desejo, por�m n�o se exclui a presen�a de um sujeito. Conclui-se que um sujeito, sempre desejante do neutro, poderia ao n�o o alcan�ar.

Pollac (1989) disserta sobre mem�ria, esquecimento e sil�ncio, elucidando sobre a expresso mem�rias subterr�neas�, ao analisar a marginaliza��o das minorias, a exclus�o de culturas minorit�rias e dominadas. O que certamente n�o foi sem conseq��ncias para a forma��o de mem�rias individuais e coletivas destes povos colonizados e oprimidos. Faz-nos ainda refletir sobre como o que � relatado na hist�ria (mem�ria nacional) contrap�e-se ao real, que seria, pois, a �mem�ria subterr�nea.

Enterrar o sofrimento, em n�veis coletivos ou individuais (traumas), n�o o faz desaparecer da hist�ria. O autor reflete ainda, sobre sobreviventes do campo de concentra��o e sobre a hist�ria da minoria judia:

A significa��o do sil�ncio sobre o passado, n�o remete for�osamente oposi��o entre Estado dominador e sociedade civil. Encontramos com mais freq��ncia esse problema nas rela��es entre grupos minorit�rios e sociedade englobante. O exemplo seguinte, completamente diferente, � o dos sobreviventes dos campos de concentra��o que, ap�s serem libertados, retornaram � Alemanha ou � �ustria. Seu sil�ncio sobre o passado est� ligado em primeiro lugar � necessidade de encontrar um modus vivendi com aqueles que, de perto ou de longe, ao menos sob a forma de consentimento t�cito, assistiram � sua deporta��o. N�o provocar o sentimento de culpa da maioria torna-se ent�o um reflexo de prote��o da minoria judia. Contudo, essa atitude � ainda refor�ada pelo sentimento de culpa que as pr�prias v�timas podem ter, oculto no fundo desi mesmas. (POLLAC, 1989)

Interessante observar que a an�lise antropol�gica feita por Pollac (1989), permite uma reflex�o aprofundada sobre o sil�ncio, que pode significar uma prote��o consciente ou inconsciente, diante de um comportamento opressor dominante; perpassando tamb�m sobre um sentimento de culpa que v�timas de opress�o e preconceitos podem carregar, um sentimento oculto.

O oculto, o n�o dito, como � de conhecimento entre os psicanalistas, diz sobre quest�es inconscientes, que geralmente se referem a desejos ou traumas reprimidos.

Seria a culpa inconsciente, que resulta em um sil�ncio angustiante, o resultado de uma manipula��o individual ou em massa diante de uma rela��o de poder impl�cita?

Seria, sob outro ponto de vista, a culpa da v�tima resultante de um sil�ncio (grifo nosso) de quem, no fundo, queria falar ou acreditava que era preciso se posicionar, ainda que isso a colocasse em uma situa��o de vulnerabilidade ou risco? Ser� que a v�tima, inconscientemente, significa o seu sil�ncio como �covardia?

Independentemente dos questionamentos ou respostas poss�veis, uma via de acesso deve se tornar prioridade: a ressignifica��o das mem�rias, dos traumas e dos sofrimentos, de modo que, um sil�ncio autodestrutivo ou autossabotador seja interrompido para bem-estar.

O autor (1989) discorre sobre �uma zona de sombra�, que existe na lembran�a como sil�ncios, n�o ditos� (p.08). Em continuidade, o autor n�o poderia deixar de mencionar a ang�stia como resultante da falta de lugar para a escuta e ressalta o poder do discurso interior. Um discurso que perpassa pelo �compromisso com o n�o dito� (p.6), no que tange ao que o sujeito confessa ou n�o a si mesmo e ao exterior.

O autor cita minorias como homossexuais e profissionais do sexo, exemplificando-os como v�timas de uma forma de classifica��o social ou � condi��o de "sub-homens". Todo esse sofrimento necessitaria de uma ancoragem de uma mem�ria mais geral, a da humanidade, uma mem�ria que n�o encontraria um porta-voz ou enquadramento adequado.

O estudo acima data de 1989 e considera-se que em pouco mais de tr�s d�cadas obteve-se avan�os no que tange � luta pela voz dos oprimidos, que, sendo estes, porta-vozes de sua pr�pria hist�ria, ocupam, hoje, espa�os sociais antes impens�veis, em um movimento de autovaloriza��o e ressignifica��o. Sem enquadramento. Vozes que �s vezes ecoam t�o alto quanto o sofrimento. Vozes barulhentas, impositivas, causando perplexidade e propagando discurso de �dio. Usando de extremismos, que deixam claro que preferiam manter oculto tudo o que n�o pertence ao seu seleto mundo, t�o pequeno, superficial, cruel, inflex�vel. Extremistas ensurdecidos com vozes barulhentas que amea�am o poder que lhes sempre pertenceu, estruturado hist�rica e culturalmente.

Sem hipocrisia, faz-se necess�rio assumir que ainda enfrentamos preconceito no que tange �s minorias e aos oprimidos, fruto de uma sociedade nada emp�tica, e em termos freudianos, uma sociedade perversa.

Al�m do que fora exposto acima, n�o se pode esquecer que h� algo da ordem do indiz�vel, que a linguagem n�o consegue exprimir. A Psican�lise nos aponta a arte como possibilidade.

Prop�e-se, no presente artigo, algo ainda mais profundo e subjetivo. O tratamento para a ang�stia no encontraria espao na arte de se esvaziar-se em sil�ncio? (express�o e grifo nosso), sem precisar dizer sequer uma palavra?

O barulho �s vezes � necess�rio para que se consiga ser visto ou compreendido, j� que pela via da diplomacia, a justi�a social n�o conseguiu ser atingida. Ent�o, o grito poderia ser entendido como uma alternativa menos danosa que a for�a f�sica para quem n�o quer aceitar o diferente. Outrossim, a sociedade teria que respeitar a recente for�a do oprimido ou ent�o engolir "goela abaixo". Este barulho, provavelmente necess�rio, antecederia ao sil�ncio, reparador?

Esvaziar-se do que j� se foi, para construir-se silenciosamente, no momento presente?

Ainda em rela��o ao sofrimento X sil�ncio, far-se-� um paralelo sobre as fun��es ou os sentidos do sil�ncio numa sess�o de an�lise, bem como ele � sentido, pelo analisante.

Nasio (2020) e colaboradores pontuam que o sil�ncio est� sempre presente numa sess�o de an�lise, sendo seus efeitos t�o decisivos quanto os de uma palavra pronunciada. O autor enumera sil�ncios, destacando-os: sil�ncio do paciente ou do analista; sil�ncio cr�nico ou ef�mero; sil�ncio de resist�ncia ou de abertura do inconsciente.

O autor pondera que dentre todas as manifesta��es humanas, o sil�ncio continua sendo aquela que, de maneira muito pura, melhor exprime a estrutura densa e compacta, sem ru�do nem palavra, de nosso inconsciente pr�prio.

O fato de o inconsciente ser estruturado atrav�s de uma linguagem, n�o significa, em absoluto, a necessidade de voc�bulos, ainda conforme o autor e colaboradores.

Prop�e-se, portanto, que a estrutura��o do inconsciente pode ser feita atrav�s de qualquer linguagem, sendo o sil�ncio uma delas. O sil�ncio de uma tomada de consci�ncia, de um saber indiz�vel, de uma ressignifica��o, ou ainda, uma desist�ncia. Tentar-se-� escrever de uma forma pedag�gica, para melhor compreens�o dos leitores.

Diante de uma situa��o real, inesperada, surpreendente; positiva ou negativamente, o sujeito poder� exprimir sua rea��o atrav�s de um sil�ncio de perplexidade. Um sil�ncio onde n�o cabe pensamento. Um sil�ncio de pausa diante do inimagin�vel.

Quando, em uma sess�o de an�lise, o sujeito compreende uma situa��o sob novo olhar, ou seja, ressignifica essa situa��o, relacionada a um evento subjetivo, pode compreender melhor a si pr�prio. Provavelmente, mais maduro, pronto para deixar o inconsciente � mostra, pode-se apresentar um sil�ncio terap�utico. E o sujeito, finalmente liberto do sintoma, n�o precisa de express�o, nem da fala, nem do corpo, nem da mente, que tamb�m falam e por vezes mentem.

O sil�ncio do analista prop�e o protagonismo do sujeito em seu processo terap�utico, geralmente representando um corte a uma fala importante sobre seu sintoma. Um sil�ncio que respeita o tempo do sujeito, que prop�e a an�lise de seu discurso, sem, todavia, for��-lo ou induzi-lo a quaisquer a��es, respostas. Afinal, para a psican�lise, o tempo � lgico e no cronolgico. H� uma �tica, sem falsos moralismos, no que tange ao desejo do sujeito.

O sil�ncio pode ou n�o proporcionar um movimento ao sujeito. Permitir com que ele saia desse lugar de sofrimento. Um movimento que prop�e ao sujeito uma re (a��o), convidando-lhe a fazer algo diante Disso (agora conhecido por ele), que se refere aos seus medos e desejos, mesmo que socialmente sejam encarados como sombrios ou obscuros. E nessa tomada de decis�o, sem necessidade de aprova��o, a culpa cede seu lugar � responsabiliza��o, o que � liberta (dor). � disso que se trata o sil�ncio numa sess�o analtica.

O sil�ncio da resist�ncia, seja em uma sess�o de an�lise ou na vida, geralmente relaciona-se sobre um sintoma recalcado, sofrido, o receio de um olhar do outro, julgador, malicioso, mal compreendido. Um olhar que impede a vis�o, o autoconhecimento, o reconhecimento ou a autoaceita��o.

O sil�ncio de uma desist�ncia pode ser visto em muitos lares, quando algu�m desiste realmente de uma rela��o. Quando no h� mais desejo de lutar, quando o amor acabou, quando n�o h� mais o que falar. Nesses contextos, o sil�ncio tamb�m representa o fim. E possivelmente o fim de um sintoma, de um sofrimento. O sil�ncio como terapia, ao ofertar uma pausa; para recome�ar, em um novo momento, um novo ciclo.

A Psicologia tamb�m aborda o vi�s terap�utico do sil�ncio, citado, no presente estudo, atrav�s da abordagem conhecida como Gestalt terapia, cuja cria��o remete a Perls; Lore ( 2001).

Conforme os autores citados, a psicoterapia, � luz da abordagem gest�ltica, buscar� processos que transportam o Ser � aproxima��o com conte�dos ps�quicos, por meio de sentidos como cores, cheiros, sons, sabores; levando-o a conhecer-se, em sua dimens�o total, como pessoa.

A abordagem gest�ltica traz como possibilidade a experi�ncia do sil�ncio como awareness (tomada de consci�ncia). Essa experi�ncia pode trazer � luz desejos ou medos que n�o se conseguiu expressar vocalmente. O evocativo �o que�, uma das formas de intera��o nessa abordagem terap�utica, conduziria � real descri��o dos fen�menos e de seus significados.

Jo enunciado por que� poder-se-ia desencadear uma s�rie de respostas �autocausadoras�, n�o resultando em conhecimentos que possam auxiliar no entendimento da estrutura do evento (Polster e Polster, 2001; Cardella, 2002).

O terapeuta convidaria o cliente a experenciar-se, trazendo not�cias de seus processos corporais, tornando-se, ent�o, presente, de forma espont�nea.

Para a Gestalt terapia o corpo em sil�ncio � um corpo que fala de in�meras formas, cabendo ao psicoterapeuta, embasado tecnicamente, compreender o di�logo trazido pelo corpo, transmitindo, ao ouvinte, a ess�ncia desse di�logo. (Hall e Lindzey, 1984, Ribeiro, 1985)

Dessa forma, pode-se compreender que cabe ao cliente, no processo terap�utico, buscar compreender e interpretar o seu sil�ncio, refletindo, em quais momentos, o sil�ncio das palavras e a voz que emana dos �rg�os dos sentidos � de fato teraputico.

O SILNCIO EM SUAS ESTRUTURAS E FUN��ES NEUROBIOLGICAS

As informa��es a serem descritas constam no site stringfixer (sendo apurada sua confiabilidade, obtendo resultados positivos; 70%), por�m o autor do site n�o divulgou seu nome, nem data da publica��o do artigo.

A escolha do site para abordar o tema rede de modo padr�o, recentemente divulgado na neuroci�ncia (2001), se deu pela amplitude e variedade de informa��es sobre o tema e pela escassez de estudos sobre a tem�tica, sobretudo na l�ngua portuguesa. A relev�ncia do assunto se d� pela sua rela��o com a atividade cerebral e o sil�ncio.

Conforme informa��es adquiridas na neuroci�ncia, a rede de modo padr�o (DMN) ou rede frontoparietal, anatomicamente medial, � uma rede cerebral em grande escala, composta, entre outras estruturas, pelo c�rtex pr� frontal medial, c�rtex cingulado posterior e giro cingular.

� mais conhecido por estar ativo quando uma pessoa n�o est� focada no mundo exterior ou o c�rebro estando em repouso durante a vig�lia, como em sonhos acordados ou divaga��es da mente. A DMN tamb�m estaria ativa quando o indiv�duo est� pensando em terceiros, em si mesmo, no passado ou no futuro.

Conhecimentos advindos da d�cada de 70 prop�em que o fluxo sangu�neo na parte frontal do c�rebro tende a ser maior com a pessoa em repouso.

Na d�cada de 1990, com o advento da tomografia por emiss�o de p�sitrons (PET), o site afirma que pesquisadores come�aram a avaliar que quando uma pessoa est� envolvida em tarefas de percep��o, linguagem e aten��o, as mesmas �reas cerebrais tornam-se menos ativas em compara��o com o repouso passivo. Considerando-as como �reas em desativa��o. (grifo nosso).

O artigo discorre sobre fun��es relacionadas ao modo de rede padr�o:

Mem�rias de si e dos outros, teoria da mente, emo��es, avalia��o e isolamento social, bem como evoca��o da mem�ria, planejamento do futuro, compreens�o de uma narrativa e mem�ria epis�dica.

Clinicamente, a constante ativa��o da rede de modo padr�o � observada em pacientes com Alzheimer, Transtorno do Espectro Autista, Transtorno depressivo maior, esquizofrenia, entre outros.

Estes transtornos t�m em comum um mal funcionamento das fun��es atencionais e executivas, que afetam negativamente a mem�ria, bem como podem apresentar, como comorbidades, ansiedade, pensamento acelerado, altera��es metab�licas e no humor. E dificulta, portanto, o silenciar, o prestar aten��o de forma a focar, produzir, criar...

Prop�e-se no presente artigo, uma altern�ncia do funcionamento cerebral para a rede de modo padr�o diminu�da, o que demanda, inicialmente, certo esfor�o para romper com comportamentos padronizados e repetitivos. Vigiar o pr�prio comportamento e as emo��es, evitando devaneios, sem prop�sito, da mente, seja evocando demasiadamente lembran�as ou planejando sem estrat�gias eficazes, um futuro que nem se sabe se vir�. H� um velho ditado que diz: �ou voc� controla seus pensamentos ou eles te controlam�. O estresse cont�nuo aumenta a produ��o do horm�nio cortisol, que em excesso, nos mant�m sempre vigilantes, cansados e insones (Rodrigues,2022).

Ent�o, para silenciar, parece que focar � o rem�dio. O foco direcionado pode impedir que uma cascata de neurotransmissores seja gerada, desencadeando, no c�rebro, uma onda de emo��es em p�nico.

CONCLUS�O

N�o se pode mais falar em sil�ncio. A express�o mais abrangente seria �os sentidos do sil�ncio�. Os sil�ncios de submiss�o e/ou opress�o n�o s�o ben�ficos, colocando indiv�duos na posi��o de quem n�o pode desejar. Ou n�o podem se expressar, serem quem s�o, revelar. Este tipo de sil�ncio deve ser ouvido pelo terapeuta, analista ou observador de forma atenta. Pois, atrav�s da redu��o da rede de modo padr�o, parece que se encontra uma via de acesso para um sil�ncio realmente capaz de propiciar sa�de mental, f�sica e espiritual.

N�o se deixe enganar pelos devaneios e divaga��es da mente, pois ela nem sempre � leal, ela mente. E quando n�o mente, carrega um inconsciente, danado. Que despista, mas ao mesmo tempo, d� a pista.

Parece um jogo? Porque n�o? � voc� contra sua inclina��o para os excessos, para suas fr�geis puls�es.

Parece mais claro agora o poder da medita��o, da respira��o profunda, de um mantra ou uma t�cnica usada para mantermos a aten��o focada.

Degenere-se ou desvende-se, s� depende de voc�. Aquiete, preste aten��o na inspira��o e na expira��o. Pare. Descanse. Durma. Acredite no seu potencial e que voc� merece o melhor. Pois, caso contr�rio, continuar� a paralisar, divagar sem rumo, a se autossabotar. Buscando, em v�o, por respostas que nunca vir�o pela via de acesso mais comum: a linguagem.

Talvez, n�o haja segredos, apenas mist�rios para serem revelados. Desapegue, sossegue. Sinta, cheire, beba, coma, respira e n�o se apresse. Com modera��o. Tire proveito do velho ditado popular: devagar e sempre. Mais importante que a velocidade � saber a dire��o.

Use a t�cnica do ho'oponopono, uma t�cnica havaiana antiga para se esvaziar. Silenciar. N�o custa tentar. � s� dizer com o cora��o as seguintes narrativas: Sinto muito; me perdoe; te amo; sou grato. E voc� escolhe o que vai dizer em cada narrativa, se libertando de m�goas, do passado e da ansiedade do futuro.

Meditar tamb�m � silenciar. � focar a aten��o naquilo que n�o � habitual, n�o sendo centrado em si e nem nos outros. Apenas focar no canto de um p�ssaro, numa suave melodia que transmita paz, na pr�pria respira��o ou nas batidas do cora��o.

Mas, para saber, verdadeiramente, os benef�cios do silenciar, n�o adianta apenas ler esse artigo. � necess�rio render-se, desvendar-se, conhecer-se. Atrav�s da pr�tica de um silenciar profundo e restaura (dor).

Ficar em torno de si mesmo como Narciso, personagem mitol�gico, pensar demasiadamente sobre quaisquer coisas ou ainda pr� (ocupar-se) mais do que deveria com o olhar do outro, com a vida alheia, com a cor da grama do vizinho, pode ser devastador. Ocupar-se do pr�prio sil�ncio, cria uma via de acesso h�um reduto mais profundo, que � aquele onde se forma a inten��o. Descobrimos o nascedouro das nossas inten��es, ouvindo o eco interno do que queremos ser e daquilo que verdadeiramente somos. � nesse espa�o que reverbera os sons internos e no sil�nciotraduzimos o que era ideia em a��o e evolu��o no ciclo vital.

 

 

 

REFERNCIAS

BARTHES, R. O neutro. S�o Paulo: Martins Fontes, 2003.

Cardella, B.H.P. A constru��o do psicoterapeuta � uma abordagem gest�ltica. S�o Paulo: Summus. (2002).

HALL, C. S., e Lindzey, G. Teorias da personalidade (Vol 2). M. C. M. Kupfer. Trad e reviso ). S�o Paulo: EPU.(1984).

NASIO, J.-D. O SIL�NCIO NA PSICAN�LISE. Colaboradores: Xavier Audouard, Fran�oise Dolto, Robert Fliess, Antoine Franzini, Jacques Hassoun, Sophie Morgenstern, Jacqueline Moulin, J.-D. Nasio, Christian Oddoux, Sylvie le Poulichet, Theodor Reik, Monique Schneider, Marie-Claude Thomas, Fran�ois-Daniel Villa, Liliane Zolty. Ed. ZAHAR, Rio de Janeiro, 2020.

OXFORDLANGRAGES: Dicion�rio de portugu�s da Google. Recurso Eletr�nico.Disponvel em: < https://www.google.com.br/search?q= Defini��o + de+sil�ncio>. Acesso em: 30 abr.2022.

POLLAC, Michael. Mem�ria, esquecimento, sil�ncio. Rev. Estudos Hist�ricos. Tradu��o Vol. 2. N.3 (1989). Recurso Eletr�nico. Dispon�vel em: <https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2278>. Acesso em: 30 abr.2022

Polster, E. &Polster, M. Gestalt-terapia integrada. S�o Paulo: Summus (2001)

Rede de modo padr�o. Artigo. Dispon�vel em: <https://stringfixer.com/pt/Default_mode_network>. Autor desconhecido. Sem data de publica��o. Refer�ncias at� o ano de 2014. Acesso em: 01 mai.2022.

RODRIGUES, F.A.A et all. (2022). A aplica��o da altera��o de estado emocional na performance esportiva. Revista Cient�fica Cognitionis. (DOI): 10.38087/2595.8801.127