O dia dele. O sil�ncio. Qual seria o poder que emana dos diversos sentidos do sil�ncio para quem o experimentou? Desvende-se
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
PhD
em Neuroci�ncias , Mestre em Psicologia
e Bi�logo
Cibele Torres de Oliveira
Psic�loga
Angelica de Sousa
Psic�loga
Adriana Soares Lopes
�Psic�loga
Roselene
Esp�rito Santo Wagner
�Psic�loga
Centro
de Pesquisas e An�lises Her�clito CPAH
RESUMO
O sil�ncio e seu
potencial para uma homeostase, que proporciona bem-estar e sa�de t�m
sido objeto de estudo de v�rias �reas que englobam as ci�ncias da sa�de e
sociais. Neuroci�ncia, Antropologia,
Psicologia, Psican�lise. Estes
campos de estudo nortearam o presente artigo, realizado atrav�s de uma revis�o bibliogr�fica abrangente. O sil�ncio perpassa por diversos
sentidos, entre os quais: omiss�o,
opress�o,
sabedoria, neutralidade, esvaziamento ou ainda, um encontro consigo mesmo.
Quando h� um encontro, pode-se extrair de si informa��es valiosas. Uma
constante busca por equil�brio, que carrega consigo a capacidade do sujeito de
ser protagonista da sua sa�de, em seus diversos vieses: f�sica, mental e
espiritualmente.
Palavras-Chave: sil�ncio; sa�de;
tratamento
His day. The silence. What would be
the power that emanates from the different senses of silence for those who have
experienced it? Unravel
ABSTRACT
Silence
and its potential for homeostasis, which provides well-being and health, have
been the object of study of several areas that encompass the health and social
sciences. Neuroscience, Anthropology, Psychology, Psychoanalysis. These fields
of study guided the present article, carried out through a comprehensive
bibliographical review. Silence goes through several meanings, among which:
omission, oppression, wisdom, neutrality, emptiness or even an encounter with
oneself. When there is an encounter, valuable information can be extracted from
oneself. A constant search for balance, which carries with it the ability of
the subject to be the protagonist of his health in its various aspects: physically,
mentally and spiritually.
Keywords: silence; health; treatment
Art�culo
recibido:� 20 marzo 2022
Aceptado
para publicaci�n: 15 abril 2022
Correspondencia: [email protected]
Conflictos
de Inter�s: Ninguna que declarar
INTRODU��O
As pessoas querem
falar. Muitas querem tagarelar. A maioria quer ser ouvida, compreendida em suas
vit�rias, dores, ang�stias, feridas. Ficam tentando controlar tudo, numa v�
tentativa de achar, assim, de repente, um sentido para suas vidas. Sem saberem
que provavelmente, a paz que sempre quiseram talvez esteja no sil�ncio que n�o
conhecem, nunca experimentaram, nunca fizeram.
O que � poss�vel
ouvir e apreender atrav�s do sil�ncio? O que a neuroci�ncia, a antropologia, a psicologia e a psican�lise revelam-nos sobre os benef�cios curativos do vazio
das palavras, do vazio dos pensamentos? Do al�vio de esvaziar-se de um som
escandaloso de uma mente hiperativa, agitada? Do poder de um sono reparador, de
interromper por alguns instantes uma rotina cansativa, ao silenciar uma boca
cheia de palavras?
Porque
tantos t�m medo de ouvir, no
sil�ncio, um tom ensurdecedor e simplesmente n�o conseguem lidar com ele? Ver o que o sil�ncio pode proporcionar? Que medo � esse
do sil�ncio? Ser� que Ele, ao
Imperar, pode revelar uma caracter�stica inconsciente? Uma caracter�stica que
voc� n�o quer saber?
E diante do sil�ncio,
interrompem-no, como quem tivesse receio de ficar perplexo ou sem palavras.
Parafraseando Freud, esconder-se � um privil�gio, mas n�o ser encontrado � uma
cat�strofe.
Como podemos nos
comunicar e nos beneficiar atrav�s do sil�ncio? Porque os autistas e os
artistas, na contram�o, muitas vezes preferem o sil�ncio ao barulho, que lhes
incomodam demasiadamente?
Eles certamente t�m
outra forma de perceber o mundo. As respostas para todas essas indaga��es s�o
objeto de pesquisa do presente artigo. Embasadas t�cnica e cientificamente,
atrav�s de revis�o bibliogr�fica,
feita de forma atenta e concentrada, mas nem sempre silenciosamente.
Apresentar-se-� informa��es
surpreendentes, que ir�o ajudar o leitor a dominar a sua mente, antes que suas
emo��es o fa�am perecer, como Narciso, ao olhar uma imagem vazia de
significado.
Essa jornada rumo ao
sil�ncio come�a com uma simples indaga��o: O que seria o sil�ncio?
Recorreu-se ao
dicion�rio e as seguintes respostas foram enunciadas: estado de quem se cala ou
se abst�m de fala. Priva��o,
volunt�ria
ou n�o, de falar, publicar, escrever, pronunciar quaisquer palavras ou sons, incluindo
priva��o de manifestar os pr�prios pensamentos.
Portanto, pela pr�pria defini��o,
pode-se inferir que o sil�ncio
n�o �
simplesmente o oposto de uma evid�ncia sonora, mas um estado profundo que �
inerente ao esvaziar-se, incluindo o pr�prio pensamento.
O N�O-DITO EMBASADO
PELA PSICAN�ISE, GESTALT
E ANTROPOLOGIA
Barthes (2003) deixa
impl�cito que o sujeito deseja o neutro, logo, postularia esse neutro. O autor
pressup�e que o sujeito, a princ�pio, teria uma tend�ncia a negar o neutro.
Este, sob sua �tica, diria sobre a suspens�o de qualquer paradigma, (qualquer
imposi��o arrogante de sentido, ainda que atrelada a uma edifica��o subjetiva).
O neutro seria, em primeira inst�ncia, o desejo, por�m n�o
se exclui a presen�a de um sujeito. Conclui-se que um sujeito, sempre desejante
do neutro, poderia ao n�o o alcan�ar.
Pollac (1989)
disserta sobre mem�ria, esquecimento e sil�ncio, elucidando sobre a express�o
�mem�rias
subterr�neas�, ao analisar a marginaliza��o das minorias, a exclus�o
de culturas minorit�rias e dominadas. O que certamente n�o foi sem
conseq��ncias para a forma��o de mem�rias individuais e coletivas destes povos
colonizados e oprimidos. Faz-nos ainda refletir sobre como o que � relatado na
hist�ria (mem�ria nacional) contrap�e-se ao real, que seria, pois, a �mem�ria subterr�nea�.
Enterrar o
sofrimento, em n�veis coletivos ou individuais (traumas), n�o o faz desaparecer
da hist�ria. O autor reflete ainda, sobre sobreviventes do campo de
concentra��o e sobre a hist�ria da minoria judia:
A significa��o do sil�ncio sobre o
passado, n�o remete for�osamente � oposi��o entre Estado dominador e sociedade civil. Encontramos
com mais freq��ncia esse problema nas rela��es entre grupos minorit�rios e
sociedade englobante. O exemplo
seguinte, completamente diferente, � o dos sobreviventes dos campos de
concentra��o que, ap�s serem libertados, retornaram � Alemanha ou � �ustria.
Seu sil�ncio sobre o passado est� ligado em primeiro lugar � necessidade de
encontrar um modus vivendi com aqueles que, de perto ou de longe, ao menos sob
a forma de consentimento t�cito, assistiram � sua deporta��o. N�o
provocar o sentimento de culpa da maioria torna-se ent�o um reflexo de prote��o
da minoria judia. Contudo, essa atitude � ainda refor�ada pelo sentimento de
culpa que as pr�prias v�timas podem ter, oculto no fundo de� si mesmas. (POLLAC, 1989)
Interessante observar
que a an�lise antropol�gica feita por Pollac (1989), permite uma reflex�o
aprofundada sobre o sil�ncio, que pode significar uma prote��o consciente ou
inconsciente, diante de um comportamento opressor dominante; perpassando tamb�m
sobre um sentimento de culpa que v�timas de opress�o e preconceitos podem carregar, um sentimento oculto.
O oculto, o n�o dito,
como � de conhecimento entre os psicanalistas, diz sobre quest�es
inconscientes, que geralmente se referem a desejos ou traumas reprimidos.
Seria a culpa inconsciente, que resulta em um sil�ncio angustiante, o resultado de uma manipula��o
individual ou em massa diante de uma rela��o de poder impl�cita?
Seria, sob outro
ponto de vista, a culpa da v�tima resultante de um sil�ncio (grifo nosso) de quem, no fundo, queria falar ou
acreditava que era preciso se posicionar, ainda que isso a colocasse em uma
situa��o de vulnerabilidade ou risco? Ser� que a v�tima, inconscientemente,
significa o seu sil�ncio como �covardia�?
Independentemente dos
questionamentos ou respostas poss�veis, uma via de acesso deve se tornar
prioridade: a ressignifica��o das mem�rias, dos traumas e dos sofrimentos, de
modo que, um sil�ncio autodestrutivo ou autossabotador seja interrompido para
bem-estar.
O autor (1989)
discorre sobre �uma zona de sombra�, que existe na lembran�a como �sil�ncios,
n�o ditos� (p.08). Em continuidade, o autor n�o poderia deixar de mencionar a
ang�stia como resultante da falta de lugar para a escuta e ressalta o poder do
discurso interior. Um discurso que perpassa pelo �compromisso com o n�o dito�
(p.6), no que tange ao que o sujeito confessa ou n�o a si mesmo e ao exterior.
O autor cita minorias
como homossexuais e profissionais do sexo, exemplificando-os como v�timas de uma forma de classifica��o
social ou � condi��o de "sub-homens". Todo esse
sofrimento necessitaria de uma ancoragem de uma mem�ria mais geral, a da
humanidade, uma mem�ria que n�o encontraria um porta-voz ou
enquadramento adequado.
O
estudo acima data de 1989 e considera-se que em pouco mais de tr�s d�cadas obteve-se avan�os no que tange �
luta pela voz dos oprimidos, que, sendo estes, porta-vozes de sua pr�pria
hist�ria, ocupam, hoje, espa�os sociais antes impens�veis, em um movimento de
autovaloriza��o e
ressignifica��o.
Sem enquadramento. Vozes que �s vezes ecoam t�o alto quanto o sofrimento. Vozes
barulhentas, impositivas, causando perplexidade e propagando discurso de �dio.
Usando de extremismos, que deixam claro que preferiam manter oculto tudo o que
n�o pertence ao seu seleto mundo, t�o pequeno, superficial,
cruel, inflex�vel. Extremistas ensurdecidos com vozes barulhentas que
amea�am o poder que lhes sempre pertenceu, estruturado hist�rica e culturalmente.
Sem
hipocrisia, faz-se necess�rio assumir que ainda enfrentamos preconceito no que
tange �s minorias e aos oprimidos, fruto de uma sociedade nada emp�tica, e em
termos freudianos, uma sociedade perversa.
Al�m do que fora exposto acima, n�o se pode esquecer que h�
algo da ordem do indiz�vel, que a linguagem n�o consegue exprimir. A
Psican�lise nos aponta a arte como possibilidade.
Prop�e-se, no presente artigo, algo ainda mais profundo e
subjetivo. O tratamento para a ang�stia n�o encontraria espa�o na arte
de se esvaziar-se em sil�ncio? (express�o e grifo nosso),
sem precisar dizer sequer uma palavra?
O barulho �s vezes �
necess�rio para que se consiga ser visto ou compreendido, j� que pela via da
diplomacia, a justi�a social n�o conseguiu ser atingida. Ent�o, o grito poderia
ser entendido como uma alternativa menos danosa que a for�a f�sica
para quem n�o quer aceitar o diferente. Outrossim, a sociedade teria que
respeitar a recente for�a do oprimido ou ent�o engolir "goela abaixo". Este barulho, provavelmente necess�rio, antecederia ao
sil�ncio, reparador?
Esvaziar-se do que j�
se foi, para construir-se silenciosamente, no momento presente?
Ainda em rela��o ao
sofrimento X sil�ncio, far-se-� um paralelo sobre as fun��es ou os sentidos do
sil�ncio numa sess�o de an�lise, bem como ele � sentido, pelo analisante.
Nasio (2020) e
colaboradores pontuam que o sil�ncio est� sempre presente numa sess�o de
an�lise, sendo seus efeitos t�o decisivos quanto os de uma palavra pronunciada.
O autor enumera sil�ncios, destacando-os: sil�ncio do paciente ou do analista;
sil�ncio cr�nico ou ef�mero;
sil�ncio de resist�ncia ou de
abertura do inconsciente.
O autor pondera que
dentre todas as manifesta��es humanas, o sil�ncio continua sendo aquela que, de
maneira muito pura, melhor exprime a estrutura densa e compacta, sem ru�do nem
palavra, de nosso inconsciente pr�prio.
O fato de o
inconsciente ser estruturado atrav�s de uma linguagem, n�o significa, em
absoluto, a necessidade de voc�bulos, ainda conforme o autor e colaboradores.
Prop�e-se, portanto, que a estrutura��o do inconsciente pode
ser feita atrav�s de qualquer linguagem, sendo o sil�ncio uma delas. O sil�ncio
de uma tomada de consci�ncia, de um saber indiz�vel, de uma ressignifica��o, ou
ainda, uma desist�ncia. Tentar-se-� escrever de uma forma pedag�gica, para
melhor compreens�o dos leitores.
Diante de uma
situa��o real, inesperada, surpreendente; positiva ou negativamente, o sujeito
poder� exprimir sua rea��o atrav�s de um sil�ncio de perplexidade. Um sil�ncio
onde n�o cabe pensamento. Um sil�ncio de pausa diante do inimagin�vel.
Quando, em uma sess�o
de an�lise, o sujeito compreende uma situa��o sob novo olhar, ou seja,
ressignifica essa situa��o, relacionada a um evento subjetivo, pode compreender
melhor a si pr�prio. Provavelmente, mais maduro, pronto para deixar o
inconsciente � mostra, pode-se apresentar um sil�ncio terap�utico. E o sujeito,
finalmente liberto do sintoma, n�o
precisa de express�o, nem da fala,
nem do corpo, nem da mente, que tamb�m falam e por vezes mentem.
O sil�ncio do
analista prop�e o protagonismo do sujeito em seu processo terap�utico,
geralmente representando um corte a uma fala importante sobre seu sintoma. Um
sil�ncio que respeita o tempo do sujeito, que prop�e a an�lise de seu discurso,
sem, todavia, for��-lo ou induzi-lo a quaisquer a��es, respostas. Afinal, para
a psican�lise, o tempo � l�gico e n�o cronol�gico. H� uma �tica, sem falsos moralismos, no que tange ao
desejo do sujeito.�
O sil�ncio pode ou
n�o proporcionar um movimento ao sujeito. Permitir com que ele saia desse lugar
de sofrimento. Um movimento que prop�e ao sujeito uma re (a��o), convidando-lhe
a fazer algo diante Disso (agora conhecido por ele), que se refere aos seus medos
e desejos, mesmo que socialmente sejam encarados como sombrios ou obscuros. E
nessa tomada de decis�o, sem necessidade de aprova��o, a culpa cede seu lugar �
responsabiliza��o, o que �
liberta (dor). � disso que se trata
o sil�ncio numa sess�o anal�tica.
O sil�ncio da
resist�ncia, seja em uma sess�o de an�lise ou na vida, geralmente relaciona-se
sobre um sintoma recalcado, sofrido, o receio de um olhar do outro, julgador,
malicioso, mal compreendido. Um olhar que impede a vis�o, o autoconhecimento, o
reconhecimento ou a autoaceita��o.
O sil�ncio de uma
desist�ncia pode ser visto em muitos lares, quando algu�m desiste realmente de
uma rela��o. Quando n�o
h� mais desejo de lutar, quando o
amor acabou, quando n�o
h� mais o que falar. Nesses
contextos, o sil�ncio tamb�m representa o fim. E possivelmente o fim de um
sintoma, de um sofrimento. O sil�ncio como terapia, ao ofertar uma pausa; para
recome�ar, em um novo momento, um novo ciclo.
A Psicologia tamb�m
aborda o vi�s terap�utico do sil�ncio, citado, no presente estudo, atrav�s da
abordagem conhecida como Gestalt terapia, cuja cria��o remete a Perls; Lore ( 2001).
Conforme os autores
citados, a psicoterapia, � luz da abordagem gest�ltica, buscar�
processos que transportam o Ser � aproxima��o com conte�dos
ps�quicos, por meio de sentidos como cores, cheiros, sons, sabores; levando-o a
conhecer-se, em sua dimens�o total, como pessoa.
A abordagem
gest�ltica traz como possibilidade a experi�ncia do sil�ncio como awareness
(tomada de consci�ncia). Essa experi�ncia pode trazer � luz desejos ou medos
que n�o se conseguiu expressar vocalmente. O evocativo �o que�,
uma das formas de intera��o nessa abordagem terap�utica, conduziria � real descri��o dos fen�menos e de seus significados.
J� o
enunciado �por que�
poder-se-ia desencadear uma s�rie de respostas �autocausadoras�, n�o
resultando em conhecimentos que possam auxiliar no entendimento da estrutura do
evento (Polster e Polster, 2001; Cardella, 2002).
O terapeuta
convidaria o cliente a experenciar-se, trazendo not�cias de seus processos
corporais, tornando-se, ent�o, presente, de forma espont�nea.
Para a Gestalt
terapia o corpo em sil�ncio � um corpo que fala de in�meras formas, cabendo ao
psicoterapeuta, embasado tecnicamente, compreender o di�logo trazido pelo
corpo, transmitindo, ao ouvinte, a ess�ncia desse di�logo. (Hall e Lindzey,
1984, Ribeiro, 1985)
Dessa forma, pode-se
compreender que cabe ao cliente, no processo terap�utico, buscar compreender e
interpretar o seu sil�ncio, refletindo, em quais momentos, o sil�ncio das
palavras e a voz que emana dos �rg�os
dos sentidos � de fato terap�utico.
O SIL�NCIO
EM SUAS ESTRUTURAS E FUN��ES NEUROBIOL�GICAS
As
informa��es a serem descritas constam no site stringfixer (sendo apurada sua
confiabilidade, obtendo resultados positivos; 70%), por�m o autor do site n�o
divulgou seu nome, nem data da publica��o do artigo.
A
escolha do site para abordar o tema rede de modo padr�o, recentemente divulgado
na neuroci�ncia (2001), se deu pela amplitude e variedade de informa��es sobre
o tema e pela escassez de estudos sobre a tem�tica, sobretudo na l�ngua
portuguesa. A relev�ncia do assunto se d� pela sua rela��o com a atividade
cerebral e o sil�ncio.
�Conforme informa��es adquiridas na
neuroci�ncia, a rede de modo padr�o (DMN) ou rede frontoparietal,
anatomicamente medial, � uma rede cerebral em grande escala, composta, entre
outras estruturas, pelo c�rtex pr� frontal medial, c�rtex cingulado posterior e
giro cingular.
�
mais conhecido por estar ativo quando uma pessoa n�o est� focada no mundo
exterior ou o c�rebro estando em repouso durante a vig�lia, como em sonhos
acordados ou divaga��es da mente. A DMN tamb�m estaria ativa quando o indiv�duo
est� pensando em terceiros, em si mesmo, no passado ou no
futuro.
Conhecimentos advindos da d�cada de 70
prop�em que o fluxo sangu�neo na parte frontal do c�rebro tende a ser maior com
a pessoa em repouso.
Na d�cada de 1990, com o advento da
tomografia por emiss�o de p�sitrons (PET), o site afirma que pesquisadores
come�aram a avaliar que quando uma pessoa est� envolvida em tarefas de
percep��o, linguagem e aten��o, as mesmas �reas cerebrais
tornam-se menos ativas em compara��o com o repouso passivo. Considerando-as
como �reas em desativa��o. (grifo nosso).
O artigo discorre sobre fun��es relacionadas
ao modo de rede padr�o:
Mem�rias de si e dos outros, teoria da mente,
emo��es, avalia��o e isolamento social, bem como evoca��o da mem�ria,
planejamento do futuro, compreens�o de uma narrativa e mem�ria epis�dica.
Clinicamente,
a constante ativa��o da rede de modo padr�o � observada em pacientes com
Alzheimer, Transtorno do Espectro Autista, Transtorno depressivo maior, esquizofrenia, entre outros.
Estes transtornos t�m em comum um mal
funcionamento das fun��es atencionais e executivas, que afetam negativamente a
mem�ria, bem como podem apresentar, como comorbidades, ansiedade, pensamento
acelerado, altera��es metab�licas e no humor. E dificulta, portanto, o
silenciar, o prestar aten��o de forma a focar, produzir, criar...
Prop�e-se no presente artigo, uma altern�ncia
do funcionamento cerebral para a rede de modo padr�o diminu�da, o que demanda,
inicialmente, certo esfor�o para romper com comportamentos padronizados e
repetitivos. Vigiar o pr�prio comportamento e as emo��es, evitando devaneios,
sem prop�sito, da mente, seja evocando demasiadamente lembran�as ou planejando
sem estrat�gias eficazes, um futuro que nem se sabe se vir�. H� um velho ditado
que diz: �ou voc� controla seus pensamentos ou eles te controlam�. O estresse
cont�nuo aumenta a produ��o do horm�nio cortisol, que em excesso, nos mant�m
sempre vigilantes, cansados e insones (Rodrigues,2022).
Ent�o, para silenciar, parece que focar � o
rem�dio. O foco direcionado pode impedir que uma cascata de neurotransmissores
seja gerada, desencadeando, no c�rebro, uma onda de emo��es em p�nico.
CONCLUS�O
N�o se pode mais falar em sil�ncio. A
express�o mais abrangente seria �os sentidos do sil�ncio�. Os sil�ncios de
submiss�o e/ou opress�o n�o s�o ben�ficos, colocando indiv�duos na posi��o de
quem n�o pode desejar. Ou n�o podem se expressar, serem quem s�o, revelar. Este
tipo de sil�ncio deve ser ouvido pelo terapeuta, analista ou observador de
forma atenta. Pois, atrav�s da redu��o da rede de modo padr�o, parece que se
encontra uma via de acesso para um sil�ncio realmente capaz de propiciar sa�de
mental, f�sica e espiritual.
N�o se deixe enganar pelos devaneios e
divaga��es da mente, pois ela nem sempre � leal, ela mente. E quando n�o mente,
carrega um inconsciente, danado. Que despista, mas ao mesmo tempo, d� a pista.
Parece um jogo? Porque n�o? � voc� contra sua
inclina��o para os excessos, para suas fr�geis puls�es.
Parece
mais claro agora o poder da medita��o, da respira��o profunda, de um mantra ou
uma t�cnica usada para mantermos a aten��o focada.
Degenere-se ou desvende-se, s� depende de
voc�. Aquiete, preste aten��o na inspira��o e na expira��o. Pare. Descanse.
Durma. Acredite no seu potencial e que voc� merece o melhor. Pois, caso
contr�rio, continuar� a paralisar, divagar sem rumo, a se autossabotar.
Buscando, em v�o, por respostas que nunca vir�o pela via de acesso mais comum:
a linguagem.
Talvez, n�o haja segredos, apenas mist�rios
para serem revelados. Desapegue, sossegue. Sinta, cheire, beba, coma, respira e
n�o se apresse. Com modera��o. Tire proveito do velho ditado popular: devagar e
sempre. Mais importante que a velocidade � saber a dire��o.
Use a t�cnica do ho'oponopono, uma t�cnica
havaiana antiga para se esvaziar. Silenciar. N�o custa tentar. � s� dizer com o
cora��o as seguintes narrativas: Sinto muito; me perdoe; te amo; sou grato. E
voc� escolhe o que vai dizer em cada narrativa, se libertando de m�goas, do
passado e da ansiedade do futuro.
Meditar tamb�m � silenciar. � focar a aten��o
naquilo que n�o � habitual, n�o sendo centrado em si e nem nos outros. Apenas
focar no canto de um p�ssaro, numa suave melodia que transmita paz, na pr�pria
respira��o ou nas batidas do cora��o.
Mas, para saber, verdadeiramente, os
benef�cios do silenciar, n�o adianta apenas ler esse artigo. � necess�rio
render-se, desvendar-se, conhecer-se. Atrav�s da pr�tica de um silenciar
profundo e restaura (dor).
Ficar em torno de si mesmo como Narciso,
personagem mitol�gico, pensar demasiadamente sobre quaisquer coisas ou ainda
pr� (ocupar-se) mais do que deveria com o olhar do outro, com a vida alheia,
com a cor da grama do vizinho, pode ser devastador. Ocupar-se do pr�prio
sil�ncio, cria uma via de acesso h�� um
reduto mais profundo, que � aquele onde se forma a inten��o. Descobrimos o
nascedouro das nossas inten��es, ouvindo o eco interno do que queremos ser e
daquilo que verdadeiramente somos. � nesse espa�o que reverbera os sons
internos e no sil�ncio� traduzimos o que
era ideia em a��o e evolu��o no ciclo vital.
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Cardella, B.H.P. A constru��o do psicoterapeuta �
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Audouard, Fran�oise
Dolto, Robert Fliess, Antoine Franzini, Jacques Hassoun, Sophie Morgenstern,
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RODRIGUES, F.A.A et all. (2022). A aplica��o da altera��o
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